Folha de S. Paulo
São variados os arranjos em torno do jogo
orçamentário nas democracias consolidadas
Em Moçambique, veio à tona, em 2016, a existência de despesas não
contabilizadas e desconhecidas do Poder Legislativo e do Tribunal de Contas no
valor de US$ 2 bilhões. O ex-presidente e seu filho foram acusados. O
ex-ministro das Finanças está preso na África do Sul. No Brasil, as despesas
—muitas superfaturadas— são registradas ("A Organização", 2020, de
Malu Gaspar).
O jogo do Orçamento envolve os Poderes Executivo e Legislativo.
Em democracias consolidadas o jogo é outro: o Orçamento é, em geral, impositivo
e a execução, transparente. Nos EUA, Nixon chegou a contingenciar o Orçamento;
o Congresso reagiu com o "Impoundment Act", que fechou as brechas de
interpretação a respeito. Projetos localistas ("pork barrel") são
objeto de intensa barganha que, no entanto, ocorre no Congresso. O Executivo
não é parte da barganha.
Na maior parte das democracias parlamentaristas consolidadas a não aprovação do Orçamento do Poder Executivo equivale a uma moção de desconfiança. Não há emendas localistas ao Orçamento durante sua tramitação. Sob governos de coalizão, a barganha é programática.
*Professor da Universidade Federal de Pernambuco e ex-professor visitante do MIT e da Universidade Yale (EUA).
Um comentário:
Artigo confuso.
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