Correio Braziliense
Sobre o sentimento de apoio ou oposição às
administrações atuais, os dados indicam que 55% desejam mudança, ao passo que
41% preferem a manutenção. Essa tendência é ainda mais forte nas capitais
O IPEC Inteligência realizou uma pesquisa em
março sobre o comportamento do eleitor em relação às eleições de outubro para
as prefeituras. Foram 2 mil entrevistas em 130 municípios, abrangendo todas as
regiões, e alguns dados chamam muito a atenção. Na primeira parte, as perguntas
procuraram mensurar o interesse das pessoas em votar no pleito, e, aí, já temos
uma informação relevante: no total, 35% disseram ter "muita vontade",
32% dizendo ter "nenhuma vontade" e 31% disseram ter "pouca
vontade".
Na segmentação por gênero, vê-se que o maior percentual entre as mulheres (37%) está no grupo de "nenhuma vontade" e o maior percentual de homens (39%) afirma ter "muita vontade". Já a faixa etária entre 45 e 59 anos apresenta o maior percentual de "muita vontade", com 40%, enquanto que o maior percentual de "nenhuma vontade" é dos que têm entre 25 e 34 anos, com 35%.
Quando se analisa por região, o Nordeste
aparece na liderança de quem tem "muita vontade", com 44%, seguida do
Sul, com 39%, ficando o Sudeste em último, com 29%. Quanto ao porte do
município, o maior percentual está naqueles com até 50 mil habitantes, em que
39% têm "muita vontade", e o menor nos acima de 500 mil habitantes,
onde 37% têm "nenhuma vontade". Vale registrar que, nesse último
grupo, encontram-se 19 das 26 capitais.
Sobre o sentimento de apoio ou oposição às
administrações atuais, os dados indicam que 55% desejam mudança, ao passo que
41% preferem a manutenção. Essa tendência é ainda mais forte nas capitais (61%
a 35%, respectivamente), indicando que candidaturas de oposição têm mais
chances no pleito.
Em relação aos fatores mais relevantes para
decisão do voto, os principais indicados foram: debates entre os candidatos
(37%), visita do candidato ao local de moradia (20%), notícias nos jornais,
sites e rádios do município (17%), apoio do governador (14%), apoio do prefeito
(13%), notícias e postagens em redes sociais (12%), propaganda política (10%) e
comícios (10%). Já as duas últimas posições são ocupadas por ser candidato
apoiado por Lula (5%) ou Bolsonaro (4%).
Mesmo considerando que esses dados
estatísticos referem-se à disputa para os executivos municipais, eles são úteis
para ajudar a definir como um pré-candidato ou uma pré-candidata ao Legislativo
municipal deve se comportar. Antes de tudo, é preciso entender que, a pouco
mais de cinco meses do pleito, apenas analistas e pré-candidatos estão
mobilizados pelo tema. O eleitorado em geral só começa a demonstrar algum
interesse a partir de 16 de agosto, quando começa oficialmente o período de
campanha eleitoral. Porém, nessa fase da chamada pré-campanha, há muito a ser
feito e aqui vão algumas observações.
O primeiro passo é trabalhar com a
segmentação dos municípios por número de eleitores. Na pesquisa do IPEC aqui
citada, verifica-se que a maior motivação em votar está presente nas 4.913
cidades com até 50 mil habitantes, onde quem tem "muita vontade" e
quem tem "pouca vontade" somam 71% das respostas. Nessas localidades,
a visita do candidato ao local de moradia do eleitor, o famoso "corpo a
corpo", é o segundo maior fator de decisão para o voto, com 22% das
indicações. Assim, vale mais a pena conversar com o eleitor, em cada bairro,
procurando se apresentar como um legítimo representante das demandas objetivas
daquele segmento da população.
Já nas 656 cidades com mais de 50 mil
habitantes, o critério mais relevante para a escolha do eleitor é o somatório
de "notícias nos jornais, sites e rádios do município" com
"notícias e postagens em redes sociais", totalizando 31%. Nesses
casos, caberá a quem se candidatar fortalecer sua participação nas mídias
sociais com publicações que explicitem sua opinião acerca dos fatos abordados
no noticiário, deixando clara sua linha de pensamento. Porém, mesmo nesses
municípios, a visita do candidato ao local de moradia do eleitor tem peso
importante, com 19% de indicações. Ou seja, não dá para apostar apenas na
internet.
Por outro lado, nas cidades com mais de 500
mil habitantes, ainda há espaço para candidaturas que expressem ideias gerais,
as chamadas candidaturas de opinião, que podem ter transversalidade
territorial, apesar do fortalecimento daquelas que se elegem com votação
concentrada em áreas específicas, particularmente nas controladas pelo crime.
Aqui, a combinação de uso das redes sociais com reuniões domiciliares pode ser
o melhor caminho.
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