sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Opinião do dia – Roberto Freire

Depois de anos de pedaladas, irresponsabilidade fiscal, corrupção desenfreada, incentivo desbragado ao consumo e um total aparelhamento do Estado em nome de um projeto de perpetuação no poder, é evidente que o Brasil terá de enfrentar um caminho tortuoso até voltar aos trilhos do desenvolvimento. As primeiras medidas já foram tomadas e não faltam indicadores que apontam para um futuro mais sustentável e menos turbulento. Os desafios são imensos, mas estamos na direção correta. Com uma administração responsável, o apoio expressivo do Parlamento e a confiança do povo brasileiro, nada será capaz de nos desviar da rota do futuro. Ainda falta muito, é verdade, mas chegaremos lá.

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Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS. ‘Um longo caminho para recuperar o Brasil’, Diário do Poder, 28/10/2016

Teori suspende Operação Métis no Senado

• Ministro do Supremo Tribunal Federal determinou que seja enviado à Corte máxima todo o material da investigação contra policiais legislativos que teriam realizado varreduras ilegais em gabinetes e residências de senadores e ex-senadores para embaraçar a Lava Jato

Julia Affonso, Julia Lindner, Mateus Coutinho e Fausto Macedo – O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a Operação Métis e pediu que o inquérito seja enviado da 10ª Vara Federal da Seção Judiciária de Brasília à Corte máxima.

A Métis investiga um grupo do Senado que armou esquema de contrainteligência para blindar senadores da Lava Jato. A Operação provocou a ira do presidente do Congresso Renan Calheiros (PMDB-AL) contra o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10.ª Vara Federal de Brasília, que autorizou a deflagração da Métis.

Teori suspende Operação Métis no Senado

• Ministro do Supremo Tribunal Federal determinou que seja enviado à Corte máxima todo o material da investigação contra policiais legislativos que teriam realizado varreduras ilegais em gabinetes e residências de senadores e ex-senadores para embaraçar a Lava Jato

Julia Affonso, Julia Lindner, Mateus Coutinho e Fausto Macedo – O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a Operação Métis e pediu que o inquérito seja enviado da 10ª Vara Federal da Seção Judiciária de Brasília à Corte máxima.

A Métis investiga um grupo do Senado que armou esquema de contrainteligência para blindar senadores da Lava Jato. A Operação provocou a ira do presidente do Congresso Renan Calheiros (PMDB-AL) contra o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10.ª Vara Federal de Brasília, que autorizou a deflagração da Métis.

Para Temer, suspensão de operação foi uma decisão 'correta'

• Presidente da República afirma que Judiciário oferece instâncias para serem acionadas em caso de discordâncias em referência à liminar concedida pelo ministro Teori de suspender efeitos da Operação Métis

Tânia Monteiro e Carla Araújo - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O presidente Michel Temer evitou polemizar sobre a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavaski, de suspender nesta quinta-feira, 27, a Operação Métis, que prendeu policiais legislativos acusados de atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato. Temer afirmou que “não entra no mérito da decisão” tomada por Teori e que “é obediente” ao que o STF decidiu. Ressalvou ainda que “processualmente” a decisão de recorrer, tomada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), é correta porque, no Judiciário, você tem instâncias justamente para recorrer quando não concorda com uma decisão. Para ele, “é isso que dá estabilidade às nossas instituições”.

'Decisão fala por si só', diz Renan sobre suspensão de operação da PF

• O ministro do STF, Teori Zavascki, anulou temporariamente nesta quinta a ação que prendeu quatro policiais legislativos; presidente do Senado afirmou também que vai ligar para Cármen Lúcia para acabar com tensão gerada após mandados

Isabela Bonfim e Ricardo Brito - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Depois de quase uma semana trocando farpas com o Judiciário e o Ministro da Justiça Alexandre de Moraes, o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) foi econômico nas palavras ao comentar a liminar concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, que suspendeu a operação que prendeu quatro policiais legislativos no Senado e realizou busca e apreensão de documentos e equipamentos nas dependências da Casa na sexta-feira, 21.

"Recebo a notícia com humildade. A decisão fala por si só", afirmou Renan. O presidente do Senado, que está em Alagoas para compromisso locais, preferiu não fazer mais comentários sobre o assunto e informou que volta a Brasília nesta sexta-feira, 28, para encontro com Michel Temer, a presidente do STF, Carmen Lúcia, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o ministro da Justiça.

Renan comemora suspensão de operação da PF

Suspensão de operação da PF ameniza clima entre Poderes

• Teori considerou que os alvos eram senadores, que têm foro privilegiado

Catarina Alencastro, Eduardo Barreto, André de Souza, Maria Lima e Júnia Gama - O Globo

-BRASÍLIA- A decisão do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), de suspender a Operação Métis, em que a Polícia Federal prendeu quatro servidores do Senado, distensionou o clima para a reunião hoje, no Palácio do Planalto, em que os chefes dos três Poderes debaterão os problemas da Segurança Pública. Ontem, o presidente Michel Temer minimizou a crise que a operação causou entre o presidente do Senado, Renan Calheiros; o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes; e a presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia.

Apesar de Renan ter atacado Moraes, a quem a PF é subordinada, e chamado de “juizeco” o magistrado que decretou as prisões, para Temer esse episódio está sendo resolvido. Ao ser perguntado se considerava acertada a decisão de Teori, Temer afirmou:

Ministro do Supremo suspende operação da PF no Senado

Gabriel Mascarenhas, Camila Mattoso – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O ministro Teori Zavascki, do STF (Supremo Tribunal Federal), decidiu nesta quinta (27) suspender a Operação Métis, deflagrada pela Polícia Federal no Senado na semana passada.

Na decisão, Teori remete o processo da 10ª Vara Federal do DF para o STF.

A operação havia prendido quatro policiais legislativos, entre eles o diretor da Polícia do Senado, Pedro Carvalho, sob a suspeita de obstruir as investigações da Lava Jato contra senadores e ex-senadores. Todos já foram liberados.

Temer fala em 'harmonia' na reunião dos três Poderes

Por Carolina Oms, Vandson Lima, Andrea Jubé e Bruno Peres – Valor Econômico

BRASÍLIA - O presidente Michel Temer negou que haja uma crise institucional no país e adiantou que o ambiente na reunião de hoje - que reunirá os chefes dos três Poderes para traçar um panorama da segurança pública -, será de "harmonia". O encontro ocorre um dia depois da decisão do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, de suspender a Operação Métis, que deflagrou uma crise entre o Senado, o Ministério da Justiça e o Poder Judiciário. Temer classificou o ato como "processualmente" correto e disse que está "satisfeito" com o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes. Mais cedo, em solenidade de sanção das novas regras do Simples Nacional, Temer pregou a "harmonia" entre os Poderes.

Na decisão liminar, Teori remete o processo da 10ª Vara Federal do Distrito Federal para o Supremo. Na semana passada, a Polícia Federal prendeu quatro policiais legislativos, entre eles o diretor da Polícia do Senado, Pedro Carvalho, sob a suspeita de obstruir as investigações da Operação Lava-Jato contra senadores e ex-senadores. Em reação, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), chamou o juiz federal de "juizeco" e o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, de "chefete da Polícia Federal".

STF manda descontar dia parado de servidor grevista

STF valida desconto em folha de servidor por dias de greve

• Corte decidiu por 6 votos a 4 que funcionários públicos deverão ser penalizados por paralisação, mas abriu brecha para compensação em caso de acordo

Rafael Moraes Moura, Julia Lindner - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Por 6 a 4, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira, 27, que servidores públicos em greve deverão ter descontados em suas folhas de pagamento os dias decorrentes da paralisação. O STF, no entanto, abriu brecha para a compensação do corte em caso de acordo, além de determinar que o desconto será incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do próprio poder público.

O caso em discussão pelo plenário do STF girou em torno de um recurso apresentado pela Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro (Faetec) contra decisão do Tribunal de Justiça fluminense, que impediu a efetuação do desconto em folha de pagamento de trabalhadores que aderiram a uma greve entre março e maio de 2006.

Servidores dizem que ‘não vão se intimidar’ com decisão do STF

• Sindicato afirma que corte nos salários de grevistas não vai impedir protesto contra medidas que tirem direitos dos trabalhadores

Murilo Rodrigues Alves - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O movimento sindical afirma que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de permitir ao poder público cortar os salários de servidores em greve não vai impedir que continuem em protesto contra medidas do governo Michel Temer que consideram prejudiciais aos trabalhadores, como a proposta de reforma da Previdência.

“Nossa categoria não é de recuar com esse tipo de intimidação”, disse Sérgio Ronaldo da Silva, da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT). A entidade reúne 36 sindicatos que representam 61,5% dos 1,3 milhão de servidores públicos federais.

No dia 11, está marcada paralisações de diversas categorias, como parte de uma estratégia das organizações dos trabalhadores para mobilizar uma greve geral no País. Além da reforma da Previdência, as centrais têm como principais críticas a PEC 241, que limita o crescimento das despesas públicas à inflação pelos próximos 20 anos, a renegociação das dívidas dos Estados e municípios, a medida provisória que altera o ensino médio, a reforma trabalhista, que envolve a terceirização em todas as atividades e a flexibilização da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).

STF manda cortar ponto de servidor desde 1º dia de greve

• Decisão é que Estado só pode pagar por serviço prestado

Supremo admite exceções se houver acordo de categoria com empregador

No momento em que centrais sindicais organizam paralisações, o STF decidiu, por 6 votos a 4, que o poder público tem o dever de descontar os dias parados do salário do servidor em greve desde o primeiro dia do movimento. Todos os ministros reconheceram a legalidade da greve no serviço público, mas venceu a tese de que o Estado não deve pagar por um serviço que não foi prestado. A regra deve ser aplicada por juízes de todo o país.

Braços cruzados, bolso vazio

• Supremo decide que servidor em greve deve ter o ponto cortado já no primeiro dia de paralisação

Carolina Brígido - O Globo

-BRASÍLIA- Por seis votos a quatro, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o poder público tem o dever de descontar os dias parados do salário do servidor em greve desde o primeiro dia do movimento. Embora todos os ministros concordem que a greve no serviço público é permitida, a maioria ponderou que o Estado não deve pagar por um serviço que não foi prestado. A ação tem repercussão geral, ou seja, a decisão do Supremo deve ser aplicada por juízes de todo o país no julgamento de processos semelhantes.

Centrais sindicais criticam decisão

- O Globo

As duas maiores centrais sindicais do país, a Força Sindical e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), criticaram ontem a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de obrigar o poder público a descontar os dias em greve de servidores.

O secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, o Juruna, lamentou que mudanças nas leis trabalhistas estejam sendo feitas pelo Judiciário. Na opinião dele, a decisão do Supremo deixa os funcionários públicos sem opção para pressionar o governo a começar a negociação de reajustes salariais, por exemplo, já que, ao contrário de quem trabalha no setor privado, a categoria não tem data-base.

Encontro de cientistas políticos demoniza a 'nova direita'

Thais Bilenky – Folha de S. Paulo

CAXAMBU (MG) - A "nova direita" é "velha", revestida de uma "disposição renovada" de combater a quebra da hierarquia social, segundo o cientista político Cicero Araujo (USP).

Para o seu colega Christian Lynch (Universidade Estadual do Rio), o conservadorismo na boca das "elites dirigentes" sugere uma "saciedade de modernização", o que seria "dramático".

Jorge Chaloub (Ibmec-Rio) acusou a "nova direita" de aderir ao "velho argumento conservador de [ter uma] percepção privilegiada do real", de que a "esquerda é a culpada" pelos males do país.

Pleitos ratificam avanço tucano e recuo da esquerda

Por Ricardo Mendonça - Valor Econômico

SÃO PAULO - As últimas pesquisas nas capitais sugerem que os resultados do segundo turno deverão confirmar o PSDB como o grande vencedor das eleições, o PT como o maior derrotado e uma clara tendência de pulverização de partidos nas gestões municipais.

Se a atual disputa serve de prenúncio das próximas eleições, os destaques são o fortalecimento do governador paulista, Geraldo Alckmin, o enfraquecimento da esquerda e um aumento do protagonismo de evangélicos, principalmente pelo provável triunfo de Macelo Crivella. No PSDB, Alckmin pode ganhar pontos em relação a Aécio Neves por dois motivos: a vitória de João Doria em São Paulo e a dificuldade do tucano João Leite em Belo Horizonte, área de influência de Aécio.

Crivella tem 46%, Freixo 29% e voto inválido triplica

Por Cristian Klein – Valor Econômico

RIO - Depois de uma queda de nove pontos percentuais, entre a primeira e a segunda pesquisas do Ibope, a diferença entre os candidatos a prefeito do Rio Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (Psol), para a votação do segundo turno, no domingo, se manteve rigorosamente estável, 46% a 29%, de acordo com a terceira pesquisa do instituto, divulgada ontem e encomendada pela TV Globo. A estabilidade ocorre a despeito da intensa campanha negativa deflagrada pelos dois candidatos.

Interior fluminense é terreno estéril para reeleição

Por Robson Sales – Valor Econômico

RIO - O segundo turno no Estado do Rio de Janeiro deve consolidar um cenário de rejeição aos atuais prefeitos. Em apenas uma cidade, Niterói, o titular do cargo é favorito para ganhar um novo mandato. O segundo turno ocorre em sete das nove cidades com mais de 200 mil eleitores no Estado, além da capital.

José Luiz Nanci (PPS) e Dejorge Patrício (PRB) disputam voto a voto a eleição no segundo maior colégio eleitoral do Estado do Rio de Janeiro depois de derrotarem o atual prefeito, Neilton Mulim (PR). Uma diferença de apenas 896 votos separou os dois candidatos na primeira etapa. Cerca de 686 mil eleitores poderiam votar, mas quase 150 mil (21,69%) se abstiveram. Nanci teve 20,4% do total e Patricio 20,3%.

É um confronto de duas trajetórias distintas. Nanci pertence a uma família tradicional em São Gonçalo, ficou entre 1992 e 2010 na Câmara dos Vereadores da cidade até ser eleito para a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Patrício é um pequeno comerciante, filho de um motorista de ônibus e de uma auxiliar de serviços gerais, mas que tem ao lado o apoio das principais igrejas neopentecostais, entre elas a Universal do Reino de Deus -- uma das propostas dele é criar a Secretaria de Assuntos Religiosos.

Vitória de Rezende será derrota para Hartung

Por Cristian Klein – Valor Econõmico

RIO - Mantida a tendência que vem desde o fim do primeiro turno, os eleitores de Vitória devem reeleger o prefeito Luciano Rezende (PPS), no domingo. Seu adversário, o deputado estadual Amaro Neto (Solidariedade) largou muito bem na corrida municipal e chegou a ter a perspectiva de ganhar no primeiro turno. Na reta final, foi ultrapassado pelo prefeito, que conquistou 43,82% dos votos válidos, contra 35,32% do desafiante. Pela última pesquisa Ibope, a vantagem de Rezende era de 13 pontos percentuais - 51% a 38%.

Em Maceió, tucano deve derrotar o PMDB

Por Marina Falcão – Valor Econômico

RECIFE - O resultado das eleições em Maceió podem acender um sinal amarelo para os planos de reeleição do governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB). Possível oponente do pemedebista na disputa estadual de 2018, o prefeito Rui Palmeira (PSDB) lidera com folga o pleito municipal no segundo turno contra o ex-prefeito Cícero Almeida (PMDB), seu antecessor, que recebeu ostensivo apoio do governador durante a campanha.

Em uma poderosa aliança que inclui o PP de Alagoas - do senador Benedito Lira e seu filho Arthur Lira, deputado federal -, o candidato tucano saiu na frente no primeiro turno quando recebeu quase 47% dos votos válidos.

Aos 40 anos, integrante da aristocracia canavieira de Alagoas, Palmeira tem 56% das intenções de votos, o dobro de Almeida, que aparece com 28%, segundo pesquisa Ibope de meados de outubro. No primeiro turno das eleições na capital alagoana, o radialista, repórter policial e cantor teve quase 24,8% dos votos válidos.

PT deve perder único 2º turno que disputa em capitais

Por Marina Falcão - Valor Econômico

RECIFE - A provável vitória do prefeito Geraldo Julio (PSB) sobre o ex-prefeito João Paulo (PT) no Recife deve deixar o PT como grande derrotado das eleições municipais de 2016. Com o abatimento moral da figura do ex-presidente Lula, indiciado na Lava-Jato, o candidato petista driblou como pôde o debate nacional no segundo turno, mas não conseguiu se livrar da fadiga eleitoral da marca PT.
Único petista a disputar o segundo turno das eleições em uma capital e dono de um ativo político próprio construído ao longo de dois mandatos na Prefeitura do Recife (2011 a 2008), João Paulo travou uma disputa focada na discussão dos problemas estruturais e sociais da cidade.

Diferentemente do que ocorreu no primeiro turno, o ex-presidente Lula não pisou no seu estado natal para dar apoio ao petista na segunda fase da disputa. "Colocar Lula em um palanque hoje dá mais prejuízo do que benefício", diz Thales Castro, cientista político da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e da Faculdade Damas. Ele destaca a esmagadora derrota que a candidata do PT Olinda, Teresa Leitão, que calcou sua campanha na imagem de Lula.

Leite reduz diferença para Kalil em BH

Por Marcos de Moura e Souza – Valor Econômico

BELO HORIZONTE - O bombardeio desencadeado pelo tucano João Leite contra o empresário Alexandre Kalil (PHS) na disputa do segundo turno pela prefeitura de Belo Horizonte (MG) mostrou efeito na pesquisa divulgada ontem pelo Ibope. O levantamento mostrou Kalil oscilando de 41% para 39% e Leite de 35% para 36%. A diferença caiu de cinco para três pontos percentuais.

Depois de quase 30 anos sem eleger prefeito em Belo Horizonte, o PSDB tinha um caminho que parecia livre para a vitória este ano. O deputado estadual tucano João Leite esteve desde o início da campanha em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto. Mas perdeu a liderança para o empresário Alexandre Kalil (PHS) logo após o segundo turno, de acordo com os levantamentos. A estratégia agressiva gerou divergências na própria campanha tucana.

Kalil nunca havia disputado uma eleição. Se vencer, promete cortar, numa canetada, milhares de cargos e rever contratos municipais com grandes empresas. A Odebrecht, disse ele ao Valor, é uma das que estão em seu alvo. O mote de sua foi o de se apresentar como alguém que não tem os vícios dos políticos tradicionais.

Discurso antipolítico dá liderança a Marchezan

Por Fernando Taquari – Valor Econômico

PORTO ALEGRE - Em cerca de dois meses o deputado federal Nelson Marchezan Jr. (PSDB) deixou de forma gradual a condição de azarão e se tornou o favorito na disputa pela Prefeitura de Porto Alegre. Ao iniciar a campanha em quarto nas pesquisas, poucos apostavam que o tucano terminaria à frente no primeiro turno. Muito menos que teria uma vantagem confortável sobre o vice-prefeito Sebastião Melo (PMDB) e sua coligação de 14 partidos nos levantamentos do segundo turno.
A eventual vitória de Marchezan encerraria um jejum do PSDB, que nunca governou a capital gaúcha, e consolidaria o crescimento do partido no Rio Grande do Sul, com a eleição recorde de 27 prefeitos no Estado. O número pode crescer se o deputado Jorge Pozzobom ganhar em Santa Maria. Nesse caso, saltaria de 10% para aproximadamente 25% o eleitorado gaúcho administrado pela sigla.

Ocupação de escolas pode afetar votação em Curitiba

Por Bettina Barros - Valor Econômico

CURITIBA - Em meio ao forte movimento de ocupação das escolas estaduais no Paraná, que poderá elevar ainda mais a abstenção neste domingo, nenhum analista político ou taxista de Curitiba parece estar disposto a arriscar quem sairá vitorioso na eleição na capital paranaense.

Pouco mais de 500 mil curitibanos aptos a voltar - de um total de 1,2 milhão - tiveram o seu local de votação alterado no segundo turno. Por precaução, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Estado decidiu transferir os eleitores das 146 escolas estaduais, ocupadas ou não, para garantir o pleito.

"Estou preocupado porque isso pode desencorajar a pessoa a ir votar", diz o candidato Ney Leprevost, do PSD, agora líder nas pesquisas, com 44% dos votos totais, segundo o Ibope. Seu rival, o ex-prefeito Rafael Greca, do PMN, e 39%, concorda. "A instrumentação política da escola não é boa".

Gean Loureiro perde pontos, mas mantém-se à frente em Florianópolis

Por Arthur Rosa – Valor Econômico

SÃO PAULO - Com liminar para suspender decisão que cassou seus direitos políticos, a ex-prefeita Angela Amin (PP) tenta neste domingo voltar à Prefeitura de Florianópolis e conquistar pelo menos uma capital para seu partido. A tarefa, porém, não será fácil nesta reta final. Enfrentará o pemedebista Gean Loureiro, que levou o primeiro turno com 40,39% dos votos válidos (100.214) e lidera as pesquisas.

Pelo último levantamento do Ibope, divulgado na sexta-feira da semana passada, apesar de uma queda de quatro pontos, o deputado estadual Gean Loureiro continua à frente. Recebeu 49% das intenções de voto e Angela Amin, 30%. No levantamento anterior, divulgado no dia 10, o pemedebista estava com 53% e a rival com 26%.

Pemedebista deve vencer tucano em Cuiabá

Por Luciano Máximo - Valor Econômico

SÃO PAULO - A campanha eleitoral no segundo turno em Cuiabá foi marcada por polêmicas e ataques mútuos entre os candidatos Emanuel Pinheiro (PMDB), líder nas pesquisas de intenção de voto com 51%, e Wilson Santos (PSDB), ex-prefeito da cidade em duas ocasiões, que registrou 32% na mais recente apuração do Ibope.

Entre os episódios que nivelaram por baixo a corrida na capital mato-grossense, o irmão do candidato tucano, Elias Santos, presidente de uma mineradora estatal nomeado pelo governador do Estado, o também tucano Pedro Taques, coagiu servidores com cargos comissionados. Em aúdio gravado há duas semanas, Elias Santos ameaça de exoneração quem não comparecesse a uma reunião política com o governador. A campanha adversário protocolou denúncia no Ministério Público Eleitoral. O caso ainda está sendo investigado.

Ex-aliados estão tecnicamente empatados em Aracaju

Por Vinicius Pinheiro – Valor Econômico

SÃO PAULO - A disputa pela prefeitura da capital de Sergipe caminha para ser decidida voto a voto. Depois de passarem para o segundo turno com uma diferença de apenas 1.744 votos, Edvaldo Nogueira (PCdoB) e Valadares Filho (PSB), que eram aliados na eleição passada, elevaram o tom dos ataques na campanha na tentativa de convencer os eleitores indecisos.

O candidato do PSB, que encerrou o primeiro turno em segundo lugar, agora possui 52% dos votos válidos em Aracaju, de acordo com pesquisa do Ibope. Ele aparece tecnicamente empatado com Nogueira, que aparece com 48%, considerando a margem de erro de 4 pontos percentuais do levantamento, realizado entre os dias 17 e 20 de outubro.

'Padrinhos' medem forças em Fortaleza

Por Marli Olmos – Valor Econômico

FORTALEZA - Os dois finalistas da eleição para prefeito de Fortaleza pareciam satisfeitos ontem por ter conseguido na campanha para o segundo turno apoio mais explícito dos padrinhos políticos. O atual prefeito, Roberto Cláudio (PDT), favorito nas pesquisas, contou, entusiasmado, que o ex-ministro Ciro Gomes havia garantido presença no último comício antes da votação. O adversário, Capitão Wagner (PR) não gosta do termo "padrinho". Prefere referir-se ao senador Tasso Jereissati (PSDB) como "tradicional aliado". Ele diz que como tem só 37 anos para governar bem precisará "juntar a força da sua juventude com a dos mais experientes".

No fim do penúltimo debate antes da eleição, ontem à tarde, Wagner frisou que ter tradicionais caciques a seu lado - Tasso e o senador Eunício de Oliveira (PMDB) - não significa que vai permitir "ingerências". Já seu adversário, destacou, "foi tirado do bolso do paletó dos irmãos Ferreira Gomes [Cid e Ciro]. Cláudio não rebateu no mesmo nível. Nem precisa. São mais do que suficientes os ataques de Ciro Gomes, que em sua conta de Facebook chamou o adversário do afilhado político de "fascista".

Disputa em São Luís tem empate técnico entre Edivaldo e Braide

Por Cristiane Agostine - Valor Econômico

SÃO LUÍS - A disputa pela Prefeitura de São Luís está indefinida às vésperas do segundo turno. Segundo pesquisa Ibope divulgada ontem, o prefeito e candidato à reeleição, Edivaldo Holanda Junior (PDT), tem 48% das intenções de voto e está numericamente à frente do deputado estadual Eduardo Braide (PMN), com 44%. No entanto, como a margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais, para mais ou para menos, os dois postulantes estão em empate técnico.
Em relação à pesquisa anterior, divulgada no dia 14, Braide perdeu a liderança e caiu de 51% para 44%. Já Edivaldo passou de 43% para 48%.

Com uma ampla coligação, composta por 12 partidos, e as máquinas municipal e estadual ao seu lado, Edivaldo terminou o primeiro turno com 45,66% ante 21,34% de Braide, que tem apenas o PMN na chapa.

Hoje, os dois candidatos devem se enfrentar pela primeira vez em um debate no segundo turno, da TV Mirante, retransmissora da Rede Globo. No primeiro turno, Braide se destacou depois de participar de dois debates na TV. O candidato teve dez segundos no horário eleitoral e chegou às vésperas da votação em quarto lugar, com 5%, segundo o Ibope.

Indefinição marca segundo turno entre Zenaldo e Edmilson em Belém

Por Daniela Chiaretti – Valor Econômico

SÃO PAULO - A concorrida eleição pela prefeitura de Belém, que repete a disputa de 2012 opondo o atual prefeito, o tucano Zenaldo Coutinho a Edmilson Rodrigues, candidato do Psol, ficou mais agressiva no segundo turno e indefinida a poucas horas da decisão nas urnas.

A campanha do segundo turno elevou a temperatura e as acusações. A chapa do atual prefeito e seu vice, Orlando Pantoja, sofreu um revés na semana passada por determinação do juiz da 97ª Zona Eleitoral, Antônio Claudio Cruz. Ele entendeu que os candidatos se beneficiaram de vídeos de propaganda institucional publicados no Facebook oficial da prefeitura, mas dias depois suspendeu o pedido de cassação.

Em Manaus, denúncias de corrupção marcam campanha no 2º turno

Por Fábio Pontes – Valor Econômico

MANAUS - A tentativa de colar a imagem dos candidatos a escândalos de corrupção e a guerra de números das pesquisas eleitorais para conquistar os eleitores foram as principais marcas da disputa pela Prefeitura de Manaus neste segundo turno. A estratégia de desgastar a imagem dos candidatos com denúncias de corrupção também deu o tom da disputa.

Depois de um primeiro turno com os votos divididos entre nove candidaturas, o prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB) e o ex-deputado Marcelo Ramos (PR) passaram a protagonizar a corrida municipal em busca dos eleitores dos candidatos derrotados - e daqueles que afirmam não saber em quem votar, pretendem anular ou votar em branco. Este grupo, segundo pesquisa Ibope/Rede Amazônica (afiliada Globo) do dia 17, chega a 11%.

Tanto Virgílio quanto Ramos deixaram a cabeça do eleitor ainda mais confusa com a guerra de número das pesquisas eleitorais. O levantamento Ibope do dia 17 apontava o prefeito com 50% dos votos, contra 39% de Ramos. Recorrendo a institutos locais, a campanha do PR apresentava o ex-deputado em primeiro lugar.

Segundo turno deve ter poucas viradas

Por Fernando Torres - Valor Econômico

SÃO PAULO - O segundo turno tem tudo para ser um jogo positivo para os favoritos. Das 18 capitais onde 19 milhões de eleitores vão às urnas neste domingo, em apenas três o segundo colocado no primeiro turno aparece à frente nas pesquisas de opinião. E mesmo assim com margem apertada, o que significa que a possível virada pode não se confirmar. Este é o caso de Belo Horizonte, Curitiba e Belém.

Um longo caminho para recuperar o Brasil - Roberto Freire

- Diário do Poder

Como um paciente enfermo que ainda está na fase inicial do tratamento para alcançar a cura, o Brasil começa a dar os primeiros passos em direção ao estancamento dos efeitos da grave crise econômica que o atinge e, ainda que timidamente, enxerga no horizonte a possibilidade de retomada da geração de empregos e do crescimento. A debacle proporcionada pelos governos de Lula e Dilma Rousseff foi de tal ordem arrasadora que, por menor que tenha sido a recuperação até este momento, alguns dados positivos já fazem muita diferença e causam um forte impacto, sobretudo em relação às expectativas quanto ao futuro do país.

Algumas das notícias mais auspiciosas vêm justamente da Petrobras, a nossa maior empresa e aquela que foi mais vilipendiada pela corrupção sem limites da quadrilha que a saqueou nos últimos 13 anos. Segundo reportagem do jornal “O Estado de S.Paulo”, a estatal ostenta uma valorização de 168% em suas ações acumuladas em 2016, o que a levou da 11ª para a 8ª colocação em um ranking de valor de mercado que reúne as principais companhias do setor em todo o mundo.

Díade: encrenca conceitual - Gilvan Cavalcanti de Melo*

Há muitos anos, sempre procurei e continuo a recusar a entender a política e outras atividades sociais com o viés instrumental das ciências físicas. Fiquei bastante alegre quando li o artigo do cientista político Bolívar Lamounier, publicado em O Estado de S. Paulo (15/10/1016), “Hora de rever conceitos”. Contrariado com os esquemas utilizados nas análises dos fenômenos políticos do Brasil atual, descreve-os assim: “Os efeitos produzidos pela avalanche de corrupção desvendada pela Lava Jato [...] certamente levarão os pesquisadores políticos acadêmicos e os jornalistas de um modo geral a repensar os esquemas que utilizam em suas análises. Embora não os veja como um grupo homogêneo, creio que a maioria observa a cena pública brasileira por um prisma ideológico, esforçando-se para enquadrar a variedade das questões e dos agentes políticos na dicotomia direita x esquerda”.

O que o autor propõe? “Embora sucintas, as citações acima devem ser suficientes para evidenciar o arcaísmo dessa estrutura conceitual e as distinções arbitrárias a que ela conduz. Contudo, o ponto que desejo frisar é a urgente revisão de tal esquema à luz dos acontecimentos recentes”. Como revisá-lo? Primeiro: há algo em comum nos grupos heterogêneos — uma visão de mundo classificatória e dualista, própria das ciências naturais.

Fim do foro privilegiado - Merval Pereira

- O Globo

A decisão do ministro Teori Zavascki de suspender a Operação Métis, que prendeu quatro policiais legislativos do Senado sob suspeita de obstruir investigações da Lava-Jato, trouxe à tona mais uma vez o debate sobre o foro privilegiado para parlamentares, tema que está sendo debatido na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.

O ministro Teori Zavascki, ao conceder a liminar, destacou a “inafastável participação de parlamentares nos atos investigados”, dando razão, em parte, ao presidente do Senado. A decisão do relator da Operação Lava-Jato no STF não anulou a operação, como queria o senador Renan Calheiros, mas fez com que todos os computadores e material recolhido na sede da Polícia Legislativa do Senado fossem enviados ao Supremo até uma decisão final do caso, que será analisado pelo plenário.

Nem sangue nem escalpos - Eliane Cantanhêde

- O Estado de S. Paulo

• No confronto entre poderes, Teori mostra que todos têm razão e ninguém tem razão

Balanço da crise entre poderes: como bem disse o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, todos os três demonstraram orgulhosamente sua independência, agora falta demonstrar também a harmonia entre eles, como determina a Constituição. Renan Calheiros deu o grito de guerra para defender o Legislativo. Cármen Lúcia reagiu na base do “mexeu com o Judiciário, mexeu comigo”. Michel Temer não desautorizou nem o Ministério da Justiça nem a Polícia Federal.

Passada uma semana, parece claro que nenhum poder está totalmente certo nem totalmente errado, e o que paira sobre todo o mal-estar é a Lava Jato: o Judiciário investiga e julga, o Legislativo e o Executivo são investigados e logo serão julgados e a sociedade quer sangue e o escalpo de Renan, presidente do Senado, segundo na linha sucessória da Presidência da República e alvo de 11 inquéritos.

O destino está traçado - Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

• É interessante o papel do futebol na disputa eleitoral de Belo Horizonte. Kalil é mais forte entre os atleticanos; Leite, os cruzeirenses

Das disputas eleitorais do segundo turno, a que terá maior impacto nacional é a de Belo Horizonte, onde há um acirrado embate entre o candidato do PSDB, João Leite, e o azarão Alexandre Kalil (PHS). Qualquer coisa pode acontecer, uma vez que o debate de hoje entre os dois candidatos pode definir o resultado das urnas. A eleição aponta tendências importantes na política mineira, porque a cidade é uma grande caixa de ressonância para todo o estado. O problema é a dimensão nacional. Eventual derrota de João Leite, muito mais do que uma vitória do governador Fernando Pimentel, seria um fator de desequilíbrio na disputa interna do PSDB para a sucessão do presidente Michel Temer.

O tom pesado da campanha eleitoral é uma faca de dois legumes e pode virar um jogo de perde-perde. Depois de um segundo turno no qual começou na ofensiva, batendo duro até ultrapassar Leite, Kalil começa a sofrer as consequências da revelação de que responde a várias ações trabalhistas e tem uma dívida milionária com a prefeitura. Empate técnico. Mas acontece que a classe média parece ter ultrapassado a fase da rejeição pura e simples à política e começa a se mobilizar para decidir a eleição na boca da urna, daí a importância do debate entre os dois candidatos.

Corporativismo à solta - Hélio Schwartsman

- Folha de S. Paulo

Se me pedissem para indicar o vício coletivo que me parece mais danoso para o Brasil hoje, não hesitaria muito antes de apontar o corporativismo. O noticiário dos últimos dias é exemplar.

Comecemos com a ministra Cármen Lúcia, presidente do STF, que, em resposta a uma incontinência verbal de Renan Calheiros contra um juiz de primeira instância, declarou: "Todas as vezes em que um juiz é agredido, eu e cada um de nós, juízes, é agredido". Aqui, ela coloca o "esprit de corps" à frente da lógica.

Ora, sempre existe a possibilidade de alguém protestar com razão contra uma atitude ilegal ou imoral tomada por um magistrado, hipótese em que a reclamação, ainda que em termos fortes, será justa e nem poderá ser considerada como agressão. A magistratura, ao contrário do papado, ainda não confere a seus inquilinos a virtude da infalibilidade.

Gilmar Mendes e a Bolsa - Fernando Limongi

- Valor Econômico

• Argumento associa pobreza à propensão à corrupção

Gilmar Mendes, na sexta-feira, voltou a atacar o programa Bolsa Família, afirmando que o TSE não estaria "aparelhado para lidar com esta nova forma de compra de votos". A crítica não é nova. O ministro-presidente usou os mesmos termos em palestra no ano passado sem obter repercussão. Desta vez recebeu os holofotes esperados. Sua diatribe foi manchete.

Para o ministro-presidente, o Bolsa Família representaria um grande risco à democracia no Brasil, abrindo a "possibilidade de uma fidelização política" que, no limite, permitiria a "eternização no poder" de um grupo político. Para evitar estes males, recorreu ao mantra: Reforma Política Já! Não propôs medidas concretas. A reforma nos salvará, qualquer seja.

Datilografia – Fernando Pessoa (Álvaro de Campos)

Traço, sozinho, no meu cubículo de engenheiro, o plano,
Firmo o projeto, aqui isolado,
Remoto até de quem eu sou.

Ao lado, acompanhamento banalmente sinistro,
O tique-taque estalado das máquinas de escrever.
Que náusea da vida!
Que abjeção esta regularidade!
Que sono este ser assim!

Outrora, quando fui outro, eram castelos e cavaleiros
(Ilustrações, talvez, de qualquer livro de infância),
Outrora, quando fui verdadeiro ao meu sonho,
Eram grandes paisagens do Norte, explícitas de neve,
Eram grandes palmares do Sul, opulentos de verdes.

Outrora.

Ao lado, acompanhamento banalmente sinistro,
O tique-taque estalado das máquinas de escrever.

Temos todos duas vidas:
A verdadeira, que é a que sonhamos na infância,
E que continuamos sonhando, adultos, num substrato de névoa;
A falsa, que é a que vivemos em convivência com outros,
Que é a prática, a útil,
Aquela em que acabam por nos meter num caixão.

Na outra não há caixões, nem mortes,
Há só ilustrações de infância:
Grandes livros coloridos, para ver mas não ler;
Grandes páginas de cores para recordar mais tarde.
Na outra somos nós,
Na outra vivemos;
Nesta morremos, que é o que viver quer dizer;
Neste momento, pela náusea, vivo na outra ...

Mas ao lado, acompanhamento banalmente sinistro,
Ergue a voz o tique-taque estalado das máquinas de escrever.

Você vai ver - Roberta Sá