Por Robson Sales – Valor Econômico
RIO - O segundo turno no Estado do Rio de Janeiro deve consolidar um cenário de rejeição aos atuais prefeitos. Em apenas uma cidade, Niterói, o titular do cargo é favorito para ganhar um novo mandato. O segundo turno ocorre em sete das nove cidades com mais de 200 mil eleitores no Estado, além da capital.
José Luiz Nanci (PPS) e Dejorge Patrício (PRB) disputam voto a voto a eleição no segundo maior colégio eleitoral do Estado do Rio de Janeiro depois de derrotarem o atual prefeito, Neilton Mulim (PR). Uma diferença de apenas 896 votos separou os dois candidatos na primeira etapa. Cerca de 686 mil eleitores poderiam votar, mas quase 150 mil (21,69%) se abstiveram. Nanci teve 20,4% do total e Patricio 20,3%.
É um confronto de duas trajetórias distintas. Nanci pertence a uma família tradicional em São Gonçalo, ficou entre 1992 e 2010 na Câmara dos Vereadores da cidade até ser eleito para a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Patrício é um pequeno comerciante, filho de um motorista de ônibus e de uma auxiliar de serviços gerais, mas que tem ao lado o apoio das principais igrejas neopentecostais, entre elas a Universal do Reino de Deus -- uma das propostas dele é criar a Secretaria de Assuntos Religiosos.
Dejorge Patrício conseguiu apoios importantes na cidade, já fez carreata ao lado do senador Romário (PSB), mas luta para se desvincular da imagem do prefeito Mulim, de quem foi aliado há quatro anos, quando estava no PR e foi eleito vereador. Se Patrício vencer e o senador Marcello Crivella (PRB) confirmar o favoritismo na capital, o PRB terá conquistado as duas maiores cidades do Rio e ampliado a força política das igrejas neopentecostais no Estado.
Na Baixada Fluminense, o tom é de mudança. Em Nova Iguaçu, o prefeito Nelson Bornier (PMDB) terminou em segundo lugar no primeiro turno e segue atrás de Rogério Lisboa (PR) nas pesquisas. Segundo pesquisa de intenção de voto do Ibope, divulgada na quarta-feira, Lisboa tem 60% dos votos válidos contra 40% do candidato a reeleição.
Nas outras duas cidades da Baixada que também terão segundo turno os atuais prefeitos nem concorreram ao pleito, justamente por causa da baixa popularidade. Em Duque de Caxias, terceiro maior colégio eleitoral do Rio, com 628 mil pessoas, Alexandre Cardoso (PSD) desistiu da reeleição em meio a uma crise financeira na cidade.
O favorito para assumir a prefeitura de Duque de Caxias parece ser Washington Reis (PMDB), que já esteve à frente da administração municipal entre 2004 e 2008 e venceu o primeiro turno com 35,76% dos votos. Terá como rival Jorge Moreira Teodoro, o Dica, que bateu José Camilo Zito (PSDB) e Aureo Ribeiro (SD) por diferença de 3 mil votos.
Em Belford Roxo, Dennis Dauttmam (PCdoB) desistiu da corrida e observa a disputa entre Doutor Deodalto (DEM) e Waguinho (PMDB), que terminou com 49,46% dos votos válidos no primeiro turno. Quase 20% dos eleitores de Belford Roxo não votaram.
Em Petrópolis, na Região Serrana, dois nomes consolidados da política local estão concorrendo. O atual prefeito, Rubens Bomtempo (PSB), ficou em desvantagem no primeiro turno e, com 42,21% dos votos, corre atrás do deputado estadual Bernardo Rossi (PMDB), que ficou com 45,55% dos votos válidos. Se conseguir a virada, será o quarto mandato de Rubens Bomtempo na cidade.
Em Volta Redonda, no Sul Fluminense, Paulo Cesar Baltazar (PRB) tenta voltar ao cargo que ocupou entre 1993 e 1996. No primeiro turno, o ex-prefeito ficou com 31,96% dos votos. Disputa o cargo com Samuca Silva (PV), que somou 24,84% dos votos na etapa inicial. América Tereza (PMDB) era a candidata do partido do atual prefeit, Antonio Neto, mas com 22,35% dos votos não passou ao segundo turno.
Niterói, com 370 mil eleitores, diferentemente da cidade vizinha São Gonçalo, deve ter uma eleição menos dividida. No primeiro turno, o prefeito Rodrigo Neves (PV) concentrou o apoio de 19 partidos e teve 47,98% dos votos válidos. Felipe Peixoto (PSB) terminou em segundo lugar, com 30,69% dos votos, e agora tenta reverter a desvantagem sob ataques de que participou do governo mal avaliado de Luiz Fernando Pezão, de quem foi secretário de Saúde.
A polarização entre Neves e Peixoto ocorreu também em 2012, quando Rodrigo estava no PT e Felipe, no PDT. Os dois mudaram de partido desde a última eleição: o ex-petista abandonou a legenda logo no começo da Operação Lava-Jato e Felipe Peixoto saiu do seu partido depois de ter desistido de concorrer à reeleição como deputado estadual para apoiar Pezão ao governo do Rio e acabar sem a cadeira de vice-governador.
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