Mariana Carneiro
SÃO PAULO - O otimismo das famílias brasileiras recuou no mês passado para o menor nível desde a posse da presidente Dilma Rousseff, em janeiro. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o pessimismo em relação ao futuro da economia está aumentando mais entre famílias mais pobres.
Para o presidente do Ipea, Márcio Pochmann, o movimento pode ser resultado da alta da inflação:
"Para quem tem muito dinheiro, se o preço da carne subiu, isso não impacta muito. Mas para a pessoa com pouca renda, isso impacta", disse, ao divulgar o Índice de Expectativas das Famílias.
De janeiro a abril, o percentual de famílias otimistas entre os que têm renda de até um salário mínimo caiu 7,16%. Já entre os que ganham mais de dez mínimos, o recuo foi de 1,05%.
Segundo Pochmann, as famílias do topo da pirâmide identificam que a situação brasileira está positiva, "ao contrário das famílias da base, que estão percebendo uma mudança [para pior], do ponto de vista da ocupação e das decisões de gastos".
De forma geral, as famílias estão mais receosas. Para Pochmann, os dados podem estar relacionados às medidas para esfriar a economia.
Mas, segundo ele, também há de se considerar as despesas típicas do início do ano no orçamento das famílias. Como o indicador começou a ser calculado em agosto, não há comparações com 2011.
Ainda assim, as famílias estão otimistas em relação às próprias contas: 82% estimam situação melhor nos próximos 12 meses.
"Em algum momento, teremos uma convergência e [as famílias] se darão conta de que a economia crescerá menos, e a geração empregos não estará na mesma proporção", acredita Pochmann.
Para o analista político Rafael Cortez, da Tendências, a percepção da população sobre as altas de preço fez o governo mudar de estratégia.
"Agora ele percebeu que terá que utilizar instrumentos tradicionais, como os juros", diz, lembrando que antes a opção era por medidas alternativas.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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