sexta-feira, 6 de maio de 2011

Aliados de Alckmin e grupo de Serra fecham acordo para unificar tucanos em SP

Em crise, PSDB tenta estancar desgaste que levou integrantes ao PSD de Kassab

Silvia Amorim

SÃO PAULO. Depois da crise que levou à debandada de políticos do partido em São Paulo no mês passado, o PSDB vai tentar usar a eleição da direção estadual, amanhã, para estancar o desgaste provocado por disputas internas. Aliados do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e tucanos ligados ao ex-governador José Serra fizeram um acordo nos últimos dias para tentar encerrar uma disputa pelo comando do partido no estado.

Os dois grupos decidiram apoiar uma chapa única para o Diretório Estadual, que será escolhida amanhã. Mas a possibilidade de disputa no voto não estava descartada até ontem. Isso porque o ex-deputado e secretário estadual de Energia, José Aníbal, continuava resistente ao acordo, ameaçando lançar ao cargo de secretário-geral um nome diferente do acertado entre os dois grupos.

As negociações para uma eleição por aclamação vão prosseguir, dizem integrantes da cúpula estadual do PSDB, até o último minuto. Eles avaliam que um segundo episódio de racha, em menos de um mês, seria desastroso para a imagem do partido, que se prepara para a Convenção Nacional, que vai escolher o novo presidente nacional do partido.

A mais recente crise do PSDB em São Paulo se confunde com as movimentações do prefeito paulistano, Gilberto Kassab, e a criação do seu novo partido, o PSD. Todos os tucanos que anunciaram desligamento do PSDB nas últimas semanas - seis vereadores, que entregaram a carta de desfiliação, e o ex-deputado e fundador do PSDB Walter Feldman - são ligados a Kassab e integravam o grupo de Serra no partido, também muito próximo ao prefeito, que foi seu vice na Prefeitura de São Paulo. A proximidade de Serra com Kassab já fez surgir rumores de que ele teria interesse na criação do PSD, o que seu grupo nega.

Acusado de se omitir na debandada de tucanos, José Serra teria procurado anteontem o governador Geraldo Alckmin, no Palácio dos Bandeirantes, para dizer que nada tem a ver com a saída dos tucanos.

Outra demonstração do relacionamento estreito entre seguidores de Serra e Kassab deu-se na semana passada. Principal aliado de Serra no partido, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) saiu em defesa do prefeito ao criticar um nota divulgada pelo presidente do PSDB, Sérgio Guerra, cheia de acusações contra o PSD, acusado pelo dirigente tucano de ter nascido com falta de ética.

Interessa a Kassab desidratar o PSDB em São Paulo porque ele tem planos de se candidatar a governador em 2014, e o partido é a principal força política no estado, há 16 anos no poder.

Com a eleição de Alckmin para o governo paulista no ano passado, o grupo deste recuperou força e conseguiu assumir em abril o comando do Diretório Municipal.

FONTE: O GLOBO

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