Em crise, PSDB tenta estancar desgaste que levou integrantes ao PSD de Kassab
Silvia Amorim
SÃO PAULO. Depois da crise que levou à debandada de políticos do partido em São Paulo no mês passado, o PSDB vai tentar usar a eleição da direção estadual, amanhã, para estancar o desgaste provocado por disputas internas. Aliados do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e tucanos ligados ao ex-governador José Serra fizeram um acordo nos últimos dias para tentar encerrar uma disputa pelo comando do partido no estado.
Os dois grupos decidiram apoiar uma chapa única para o Diretório Estadual, que será escolhida amanhã. Mas a possibilidade de disputa no voto não estava descartada até ontem. Isso porque o ex-deputado e secretário estadual de Energia, José Aníbal, continuava resistente ao acordo, ameaçando lançar ao cargo de secretário-geral um nome diferente do acertado entre os dois grupos.
As negociações para uma eleição por aclamação vão prosseguir, dizem integrantes da cúpula estadual do PSDB, até o último minuto. Eles avaliam que um segundo episódio de racha, em menos de um mês, seria desastroso para a imagem do partido, que se prepara para a Convenção Nacional, que vai escolher o novo presidente nacional do partido.
A mais recente crise do PSDB em São Paulo se confunde com as movimentações do prefeito paulistano, Gilberto Kassab, e a criação do seu novo partido, o PSD. Todos os tucanos que anunciaram desligamento do PSDB nas últimas semanas - seis vereadores, que entregaram a carta de desfiliação, e o ex-deputado e fundador do PSDB Walter Feldman - são ligados a Kassab e integravam o grupo de Serra no partido, também muito próximo ao prefeito, que foi seu vice na Prefeitura de São Paulo. A proximidade de Serra com Kassab já fez surgir rumores de que ele teria interesse na criação do PSD, o que seu grupo nega.
Acusado de se omitir na debandada de tucanos, José Serra teria procurado anteontem o governador Geraldo Alckmin, no Palácio dos Bandeirantes, para dizer que nada tem a ver com a saída dos tucanos.
Outra demonstração do relacionamento estreito entre seguidores de Serra e Kassab deu-se na semana passada. Principal aliado de Serra no partido, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) saiu em defesa do prefeito ao criticar um nota divulgada pelo presidente do PSDB, Sérgio Guerra, cheia de acusações contra o PSD, acusado pelo dirigente tucano de ter nascido com falta de ética.
Interessa a Kassab desidratar o PSDB em São Paulo porque ele tem planos de se candidatar a governador em 2014, e o partido é a principal força política no estado, há 16 anos no poder.
Com a eleição de Alckmin para o governo paulista no ano passado, o grupo deste recuperou força e conseguiu assumir em abril o comando do Diretório Municipal.
FONTE: O GLOBO
Nenhum comentário:
Postar um comentário