O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, incentivou os brasileiros a adiar compras e aproveitar o juro alto para fazer aplicações financeiras. Ele refutou usar o real forte no combate à inflação, importando bens a preços baixos.
É hora de comprar menos e poupar, diz presidente do BC
Tombini prega redução do consumo com o objetivo de combater inflação
No fim de 2008, durante a crise mundial, Lula fez o contrário, ao apelar aos consumidores para que fossem às compras
Lorenna Rodrigues
BRASÍLIA - O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, incentivou ontem os consumidores brasileiros a adiar suas compras e aproveitar o momento de alta nos juros para poupar.
O consumo em alta contribui para aumentar preços e vem sendo combatido pelo governo por meio de medidas que deixam o crédito mais caro.
"Se quiser adiar o consumo, moderar o consumo para consumir mais para a frente, esse é o momento de fazê-lo", afirmou Tombini, durante audiência que reuniu três comissões da Câmara e duas do Senado.
Em dezembro de 2008, três dias antes do Natal e no auge da crise econômica mundial, o então presidente Lula pregou exatamente o oposto, com o objetivo de evitar que o país entrasse em recessão.
"Meu amigo e minha amiga, não tenha medo de consumir com responsabilidade (...) se tem um dinheirinho no bolso ou recebeu o 13º, e está querendo comprar uma geladeira, um fogão ou trocar de carro, não frustre seu sonho, com medo do futuro", disse Lula.
Ontem, além de sugerir a redução do consumo, Tombini incentivou as aplicações: "No ciclo de aperto em que nós estamos, você cria um incentivo para o poupador que vai ser mais bem remunerado nas suas aplicações."
Disse ainda que o BC está atento ao fluxo de dólares que têm entrado no Brasil. Segundo ele, esses recursos alimentam a inflação porque aumentam a oferta de dinheiro a ser emprestado.
Ele refutou a ideia de que o governo poderá usar o real forte como arma contra a inflação, já que seria mais barato importar e oferecer bens na economia brasileira a preços mais baixos.
Tombini descartou medidas drásticas, como a criação de prazos mínimos (quarentena) para que investimentos fiquem no país.
Ontem, o ministro Guido Mantega (Fazenda) disse que o governo continuará tomando medidas para evitar a valorização excessiva do real.
Mantega avalia que as medidas tomadas até agora (como a cobrança de imposto sobre empréstimos feitos no exterior) contribuíram para diminuir a entrada de dinheiro no Brasil e segurar a cotação da moeda.
Apesar de o BC ter indicado na ata do Copom novos rumos para a condução da política monetária, Tombini disse que não houve mudança na estratégia.
No documento, o Copom sinalizou que daria menos importância às medidas de restrição do crédito e focaria no aumento de juros.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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