quarta-feira, 27 de junho de 2012

Agora, presidente do Paraguai diz que assumiu para evitar guerra

O presidente do Paraguai, Federico Franco, disse que, ao assumir o cargo, quis "evitar uma guerra civil". Para ele, poderia ter havido "derramamento de sangue" no país, que não estava preparado para "quatro ou cinco meses sem eleições".

O senador Fernando Collor defendeu a ação do Congresso que tirou Fernando Lugo do posto.

Franco diz ter evitado "guerra" no Paraguai

Presidente que assumiu após destituição de Lugo afirma que vácuo de poder poderia causar "derramamento de sangue"

Brasiguaios dão "apoio incondicional" à nova gestão; ex-presidente diz que só um "milagre" reverteria a situação

Isabel Fleck

ASSUNÇÃO - Adotando o mesmo discurso de medo usado para acelerar o processo contra Fernando Lugo na semana passada, o presidente do Paraguai, Federico Franco, disse ontem que sua missão ao assumir o posto é "evitar uma guerra civil" que poderia ser causada pelo vácuo de poder.

Segundo Franco, se ele não tivesse tomado tal decisão, poderia ter ocorrido um "derramamento de sangue" no país, que não estava preparado para ficar "três, quatro ou cinco meses sem eleições".

"Eu era a única pessoa entre 6,5 milhões de paraguaios que podia assumir a Presidência. Acham que eu poderia ter sido um irresponsável e deixar que acontecesse uma guerra civil?", perguntou.

O risco de um conflito dessa proporção, porém, é descartado por qualquer pessoa que tenha circulado pelas ruas de Assunção momentos antes do impeachment.

A rotina foi rapidamente retomada na capital após a saída de Lugo, e os protestos contra o novo governo nos dias seguintes foram pacíficos, atendendo a um chamado do próprio ex-presidente.

Franco, que já empossou todo o seu novo gabinete, disse que sua gestão resolverá em "uma semana" o que o governo do qual era vice não fez em quatro anos. Mas também não mostrou pressa em deixar o poder -disse que não pensa em antecipar a eleição marcada para abril de 2013.

Antes de falar à imprensa, o presidente recebeu um grupo de 12 brasiguaios que foram manifestar seu "apoio incondicional", além de pedir garantias às suas terras. Estima-se que cerca de 350 mil brasileiros vivam no país.

O agricultor Aurio Frighetto, 45, dono de uma empresa agroexportadora no Paraguai, disse que o novo presidente "garantiu 100%" o respeito à propriedade privada.

Franco tem usado o apoio dos brasiguaios como forma de pressionar o governo brasileiro por reconhecimento. "Eu diria à presidente Dilma que seria muito importante ela consultar seus compatriotas [que vivem no Paraguai]."

Ontem, Lugo, um ex-bispo, disse à agência Reuters que só "um milagre" faria o Parlamento recuar de sua destituição. Ante a incerteza, ele disse ter "quase decidido" que não irá à cúpula do Mercosul em Mendoza, na sexta.

O Paraguai foi excluído do encontro, e o governo Franco já anunciou que poderá processar Lugo se ele tentar responder como presidente.

Colaborou Estelita Hass Carazzai

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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