Artigo de revista inglesa relembra casos de corrupção no Brasil e diz que punição já não é "impensável"
"Historicamente, uma reputação desonesta não impede políticos de terem uma longa carreira (no Brasil)". Assim começa o artigo "A corrupção no Brasil", publicado nesta semana na revista inglesa "The Economist", à luz do maior julgamento da história do Supremo Tribunal Federal: o mensalão. O periódico afirma que o processo no Supremo é um sinal de avanço das instituições brasileiras na luta contra sua "cultura de impunidade dos poderosos", cuja punição ainda que "improvável, não é mais impensável" e só de o caso ter chegado ao tribunal já é um progresso.
Para lembrar que a impunidade sempre esteve atrelada ao dia a dia da política brasileira, a revista cita casos de políticos que foram acusados de corrupção e, alguns, até julgados, como o ex-presidente Fernando Collor de Mello - cassado em 1992 e hoje senador por Alagoas - e o ex-prefeito e ex-governador de São Paulo, Paulo Maluf, que está na lista da Interpol. Relembra ainda o caso do pai de Collor, Arnon de Mello, autor do disparo que matou um colega de Senado em 1963 e nunca foi julgado.
A publicação destaca avanços no combate à corrupção e menciona a necessidade de uma reforma no sistema político e judiciário para que o Brasil possa lidar com a questão da impunidade em um futuro próximo.
Segundo a "Economist", a entrada em vigor da Lei de Acesso à Informação proporciona maior transparência sobre os gastos públicos e "está dificultando o roubo de recursos do Tesouro".
Na avaliação da revista, a presidente Dilma Rousseff tem risco reduzido de ser atingida pela repercussão negativa do mensalão, porque demitiu ministros suspeitos de corrupção.
A publicação diz que o escândalo envolvendo o PT pode representar um novo passo para uma política "mais limpa". E conclui que o principal efeito do julgamento será acabar com a cultura do Brasil de impunidade para os poderosos.
"Que o caso mensalão veio mesmo a julgamento é o progresso: prisão para políticos corruptos ainda pode ser improvável, mas já não é impensável".
FONTE: O GLOBO
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