Ex-presidente e ex-chefe de departamento do FMI fazem críticas a medidas anticíclicas
Patrícia Campos Mello
SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou ontem as políticas anticíclicas adotadas pelo governo.
"Por causa da crise tivemos políticas anticíclicas; passou a crise, mas a política anticíclica não. Pelo contrário, puseram mais o pé no acelerador do gasto, e o efeito sobre o crescimento não veio", disse o ex-presidente durante seminário na Fundação iFHC.
Recentemente, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, ressaltou a função anticíclica da política fiscal, ao dizer ao jornal "Valor" que "o superavit primário será sempre uma variável da economia, e não mais da dívida pública em si".
A economia feita pelo governo federal para pagar os juros da dívida caiu 41% no primeiro trimestre.
"Quando economistas como Paul Krugman dizem gastem independentemente de qualquer coisa, porque nós precisamos reativar a economia', há um comichão, um impulso de fazer coisas; aqui no Brasil existe uma visão mais pobre dessse mesmo impulso", afirmou FHC.
O ex-presidente falou ao lado de Vito Tanzi, especialista em tributação que foi chefe do departamento de assuntos fiscais do FMI.
Tanzi apontou para o perigo das medidas anticíclicas.
"O governo é muito rápido para aumentar os gastos durante as crises, mas muito lento para cortar gastos nas épocas de boom."
Segundo ele, o aumento da dívida pública e do deficit, resultado dessas políticas anticíclicas, têm o efeito de inibir investimentos porque muitos empresários, diante da piora nas contas públicas, decidem esperar para investir.
"Por isso que às vezes grandes expansões de gastos do governo não produzem resultados no crescimento."
Fonte: Folha de S. Paulo
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