• Ex-craque critica o PSB, confirma que deve fechar com Aécio e promete rigor ao fiscalizar Olimpíadas
Miguel Caballero – O Globo
O PSB decidiu ontem, em reunião da Executiva Nacional em Brasília, apoiar Aécio Neves (PSDB) na eleição presidencial. Romário, que com sua expressiva votação ao Senado se tornará um dos principais nomes nacionais do partido, deve seguir o mesmo caminho, mas sua decisão, a ser sacramentada em encontro com o tucano nesta semana, será totalmente desvinculada da da legenda. Falando apenas por si mesmo, ele confirmou a conversa com Aécio e minimizou as chances de apoiar Dilma Rousseff (PT). Ainda sem definir se apoiará Pezão, Crivella ou se ficará neutro no 2º turno no Rio, Romário fala do ineditismo de um "político-celebridade" chegar ao Senado e temas como redução da maioridade penal e casamento gay.
Qual será sua posição no 2º turno para presidente?
A Dilma, é 99,99% (a chance de não apoiar), quase impossível. O Aécio me ligou, vamos conversar pessoalmente. Minha conversa com qualquer candidato vai passar sempre por pontos que considero fundamentais, assumir esses compromissos: o país precisa de centros de diagnóstico e tratamento para pessoas com deficiências e com doenças raras. Outra coisa que pesa na minha decisão é a atenção a crianças e jovens viciados em crack. E o esporte também, principalmente para os jovens. Se ele (Aécio) entender tudo isso, é bem possível (apoiá-lo).
E entre Pezão e Crivella?
Minha relação com os dois é boa. Sempre fui contra a forma como o (ex-governador Sérgio)Cabral estava governando, mas o Pezão é um cara bem objetivo, tem feito bom governo. Trabalho perto do Crivella, quase fui para o partido dele (PRB) no ano passado. Fui procurado pelos dois e não descarto até ficar neutro. Mas minha forma de fazer política é diferente: não vou conversar com os dois. Vou falar com um primeiro, levar os mesmos pontos que falei sobre o (apoio a) Aécio. Se aceitar o que defendo, não vou ao outro.
Políticos do Rio dizem que esse primeiro será o Pezão...
Olha, não sei, não. Não tem nada marcado ainda.
O senhor fez toda a campanha distante do PSB...
Minha relação com o partido é de ruim para péssima. Fui deputado, agora eleito senador com quase 4,7 milhões, e não faço parte da executiva nacional, estadual nem da municipal. Eu ajudei muito, gravei para vários candidatos e fico com o sentimento de que meu partido não é grato ao que faço, politicamente falando. Eles nunca me ajudam em nada, vou à luta sozinho. Mas não tenho pretensão de sair. Há coisas boas (no PSB), a relação com a liderança na Câmara é maravilhosa.
O senhor foi eleito deputado com o rótulo de ex-jogador, de "político-celebridade". E vai ser o primeiro deste grupo a chegar ao Senado.
Diziam: "Ah, mais uma personalidade que se aproveitou da fama na profissão anterior para entrar na política." Minha resposta foi meu trabalho. Cumpri um mandato transparente, honesto, combativo. Algo que está longe da maioria dos políticos hoje. Agora, cheguei ao Senado, a Casa dos Senhores, como dizem. Estarei ao lado de ex-ministros, ex-governadores, empresários muito ricos. Não vou mudar. Quero integrar a Comissão de Esporte e fiscalizar as Olimpíadas como já venho fazendo e como fiz com a Copa. Já em fevereiro eu vou me dedicar a isso.
O senhor se mostra muito independente do partido e até de ideologias. Há senadores em quem o senhor vai se inspirar para atuar na Casa?
Não que eu me inspire, mas posso citar senadores como Álvaro Dias (PSDB), Randolfe Rodrigues (PSOL), Rodrigo Rollemberg (PSB) e Cristovam Buarque (PDT). Respeito muito suas trajetórias e atuação.
O que pensa da redução da maioridade penal?
Uma pessoa com 16 anos, que tem condição de votar, assume responsabilidades, sabe exatamente o que está fazendo na hora de cometer um crime, principalmente o hediondo, que é onde defendo a redução. ( Depois, Romário telefonou pedindo para completar a resposta ). Defendo conceitualmente a redução da maioridade, mas quero deixar claro que tem de vir junto de políticas sérias para os jovens, principalmente de educação. Não pode servir para aumentar o massacre aos jovens pobres e negros das comunidades.
E sobre o casamento gay?
Penso como disse o Papa, cada um procura sua felicidade de uma maneira e deve ser respeitado. É tema polêmico, que vai chegar ao Senado. O que posso dizer é que você tenha a certeza de que, quando chegar, vou estar preparado para votar com consciência, sem me omitir.
Denunciar erros e fiscalizar as obras das Olimpíadas devem dar ao senhor uma exposição ainda maior no Rio. Será candidato a prefeito?
Sinceramente, hoje não me vejo candidato a prefeito, e nem ao governo (estadual) em 2018.
Nenhum comentário:
Postar um comentário