• Hoje, serão divulgados os resultados de novas pesquisas, que deverão confirmar o avanço de Aécio. A expectativa é de que o horário eleitoral recomece com os candidatos evitando o confronto direto
Correio Braziliense
O candidato do PSDB, Aécio Neves, disparou na frente da presidente Dilma Rousseff (PT), na virada do primeiro para o segundo turno, confirmando a tendência de ascensão que havia registrado no dia da votação do primeiro turno, isto é, no domingo passado. Tanto os trackings das campanhas eleitorais como as pesquisas de opinião já registram essa tendência, na qual Aécio teria de 52% a 56%, e Dilma, de 44% a 48%. As pesquisas mostram também a elevação da rejeição a Dilma Rousseff, acima de 40%, enquanto o tucano estaria com pouco mais de 30%.
O resultado dessa nova correlação de forças foi a ampliação dos apoios ao tucano. Governadores eleitos do PMDB, como Paulo Hartung (ES), e do PDT, Pedro Taques (MT), embarcaram na campanha de Aécio. No Senado e na Câmara, a rebelião na base governista também não é pequena. O senador capixaba Ricardo Ferraço (PMDB), em debate no plenário do Senado, aparteou o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), que ressaltava o apoio da legenda a Dilma Rousseff, para dizer que parte da bancada de senadores do partido está com o tucano. A bancada da Câmara também está muito dividida.
Os candidatos a presidente Pastor Everaldo (PSC) e Eduardo Jorge (PV) anunciaram a adesão à candidatura tucana ontem. O PSB também decidiu ir de Aécio, embora tenha liberado dois diretórios regionais para apoiarem Dilma Rousseff, casos da Paraíba, onde o socialista Ronaldo Coutinho enfrenta o tucano Cássio Cunha Lima, e do Amapá, onde o PT apoia a reeleição de Camilo Capiberibe (PSB).
A Rede, de Marina Silva, não vai se posicionar oficialmente porque está muito dividida, mas o apoio da candidata do PSB é esperado para hoje. Dilma tinha a expectativa de receber apoios do PSB, mas fracassou. A candidata do PSol à Presidência da República, Luciana Genro, também anunciou que a legenda não apoiará a presidente da República. “Vamos seguir lutando para mudar o Brasil: Dilma não nos representa. Nenhum voto em Aécio”, divulgou o PSol, no Twitter.
Trem fantasma
Enquanto as pesquisas parecem até uma montanha-russa para os candidatos, nos bastidores da campanha eleitoral também existe uma espécie de trem fantasma. O mercado financeiro repercutiu, na manhã de ontem, os comentários do marqueteiro de Dilma Rousseff, João Santana, durante a reunião com aliados, segundo os quais a campanha petista teria um arsenal guardado para usar contra Aécio. O boato de que haveria uma denúncia contra o tucano fez a bolsa cair.
Em contrapartida, o assunto mais badalado à tarde era o suposto envolvimento de aliados do governador eleito de Minas Gerais, Fernando Pimentel, com lavagem de dinheiro. A Polícia Federal apreendeu R$ 116 mil em um avião no começo da noite de terça-feira. O piloto e o copiloto se recusaram a falar sobre o proprietário do bimotor prefixo PRPEG que transportava três ex-integrantes da campanha eleitoral do petista e o dinheiro. A aeronave está registrada como propriedade de uma pequena empresa de táxi aéreo. Não se sabe também a origem da grana apreendida.
Hoje, serão divulgados os resultados de novas pesquisas, que devem confirmar o avanço de Aécio. A expectativa é de que o horário eleitoral recomece com os candidatos evitando o confronto direto. Mas o PT vai explorar a comparação de indicadores dos governos petistas com o governo tucano de FHC.
No encontro de ontem, com grande número de congressistas no Memorial JK, em Brasília, Aécio ensaiou o discurso que pretende adotar para evitar a pecha de elitista que pretendem lhe impor. Afirmou que, caso seja eleito, será o presidente dos “brasileiros mais pobres”.
O tucano criticou o que considera uma “visão perversa” dos governistas: “Eu não serei presidente de apenas um estado da Federação, serei o presidente de todos os brasileiros e, principalmente, daqueles que mais precisam da ação do Estado. Serei o presidente dos brasileiros mais pobres, por mais que a lideranças do governo, o marketing da campanha oficial, continuem com essa visão perversa de política de Brasil, querendo sempre dividir entre ‘nós’ e ‘eles’”, disse Aécio.
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