• Eleição de Eduardo Cunha na Câmara abre crise no PT
Ricardo Della Coletta e Vera Rosa - O Estado de S. Paulo
A derrota na eleição para a presidência da Câmara abriu uma crise no PT. Irritados, deputados da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária no PT e da qual faz parte o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, decidiram ontem pressionar o Palácio do Planalto pela reformulação na articulação política com o Congresso.
Após um dia de reuniões para "digerir" o triunfo de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sobre Arlindo Chinaglia (PT-SP) em turno único e lavar a roupa suja da derrota, petistas da CNB pediram as cabeças do líder do governo na Câmara, Henrique Fontana, e do ministro das Relações Institucionais, Pepe Vargas, ambos do PT gaúcho.
Mesmo ciente das complicações que terá com os dois anos da administração de Cunha à frente da Câmara, Dilma não trocará Pepe. Ele e o titular da Secretaria-Geral da Presidência, o também gaúcho Miguel Rossetto, são da corrente Democracia Socialista (DS), mais à esquerda no partido, e tidos no PT como escolhas da cota pessoal de Dilma. A dupla substituiu o grupo de Lula na chamada "cozinha" do Planalto.
Tudo indica, porém, que Fontana será substituído na liderança do governo pelo deputado José Guimarães (PT-CE), da CNB e defensor da "bandeira branca" com Cunha.
A primeira reunião da bancada da CNB foi realizada na sala da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, para tentar medir os prejuízos causados pela derrota. Ali os petistas não pouparam Fontana e avaliaram que a situação de isolamento do partido é "crítica". Do lado de fora foi possível ouvir um deputado, exaltado, dizer que o freio de arrumação no governo era uma questão de "sobrevivência do PT". A choradeira continuará na sexta-feira, na reunião do Diretório Nacional do PT que antecederá a festa de 35 anos do partido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário