• Ministro da Fazenda disse que a presidente demonstra um 'desejo genuíno' de acertar, mas não o faz 'da maneira mais fácil' e 'efetiva'
Ricardo Della Coletta – O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Parlamentares criticaram a declaração do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, de que a presidente Dilma Rousseff nem sempre age da forma mais eficaz. O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) disse ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que a fala de Levy foi infeliz. "Não é recomendado a um subordinado esse grau de liberdade. Espera-se dele um discurso mais uníssono ao da presidente", afirmou.
A fala de Levy ocorreu na semana passada, a um grupo de ex-alunos e professores da Universidade de Chicago. A gravação foi divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo e, nela, o ministro diz em inglês: "Acho que há um desejo genuíno da presidente de acertar as coisas, às vezes, não da maneira mais fácil... Não da maneira mais efetiva, mas há um desejo genuíno".
Do PT da Bahia, o deputado Afonso Florence também questionou o que disse Levy. "(É) outra afirmação do ministro que requer ''ajuste''. Ele (Levy) vai ajudar mais tornando ''efetiva'' a política econômica, ajudando a presidente a levar o País à retomada do crescimento, do que falando novamente coisas desse tipo", avaliou.
O senador José Serra (PSDB), ex-governador de São Paulo, afirmou que a declaração "corrói ainda mais a credibilidade do governo". "O ministro está certo: como eu disse várias vezes, para a presidente Dilma a menor distância entre dois pontos não é uma linha reta. Seu governo transforma soluções em problemas e facilidades em dificuldades", disse. "Mas, do ponto de vista político, a fala do ministro é temerária: ironiza a presidente em público. Isso corrói ainda mais a credibilidade do governo a que pertence", concluiu.
Já o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) minimizou o caso. Segundo ele, o destaque dado para a notícia visa provocar uma "contradição" entre Levy e a presidente Dilma. "Muitas vezes você quer acertar e tem dificuldades por vários motivos, como o excesso de burocracia e o próprio Congresso", disse.
As declarações de Levy devem ser questionados na audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado na próxima terça-feira, 31, onde ele detalharia o plano da equipe econômica para a contenção de despesas e para a retomada do crescimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário