Há 27 anos na capital federal, seguindo os fatos de cada dia como jornalista, sempre senti um profundo incômodo com a lentidão na tomada de decisões tanto da parte do Executivo como, principalmente, do Legislativo.
Ainda não me acostumei, por sinal, com aquela velha máxima de que o tempo da política é diferente. Enquanto isso, o mundo real corre solto, para o bem e para o mal, muitas vezes reagindo exatamente à lerdeza dos atores políticos do país.
Agora mesmo, enquanto a presidente Dilma não consegue sair da crise política, o PMDB controla a agenda legislativa segundo seus interesses e o PT, fraco como nunca, brinca de medir forças com as ruas, o país caminha para mais uma de suas piores crises econômicas.
Já há previsões de retração de 2% da economia brasileira neste ano, a inflação baterá na casa dos 8% e o desemprego só faz aumentar nos últimos meses, podendo dobrar ao final de 2015 e chegar também a 8%.
Enquanto isso, os senhores do poder não se entendem em Brasília e vão adiando a votação das medidas para equilibrar as contas públicas. Falta-lhes o sentido da urgência que o trabalhador desempregado e o empresário quase quebrado sentem na pele no final do mês.
É óbvio que o Congresso não tem de engolir as medidas do Palácio do Planalto. O Legislativo tem o direito e o dever de exercer seu papel de fiscal do ajuste do governo, mas não deve ficar contra o ajuste fiscal.
Já o Executivo não deve ceder a todo tipo de pressão, mas precisa saber compartilhar poder em vez de tentar impô-lo. E sugerir alternativas, cortando mais na própria carne, já que boa parte da responsabilidade pela crise é toda sua.
O problema é que ninguém quer entrar com sua parte na conta do ajuste. Dividi-la de forma justa é papel da boa política. Tendo em mente que o tempo é de respostas rápidas e não o de usar a lentidão a serviço da barganha política. A conferir.
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