- Folha de S. Paulo
Olhe para cima nesta página. Sua pressão se regularizou, sua tolerância à dor subiu e você ficou mais resistente a infecções.
O humor, já sabem os médicos, melhora a saúde, além de ser uma das formas mais refinadas de inteligência. E talvez a última arma de resistência do ministro Joaquim Levy.
O Congresso eleva os gastos públicos com o Judiciário e ele afirma: "Precisamos acelerar o ajuste".
O Congresso impede o corte no pagamento de benefícios e ele repete: "Precisamos acelerar o ajuste".
O Congresso barra aumentos de arrecadação: "Precisamos acelerar o ajuste". Com tantas bombas fiscais, o Congresso está sendo irresponsável?, pergunta o repórter Valdo Cruz (folha.com/no1657605). Nada de contra-ataque. "O Congresso reflete o que ele entende ser alguns desejos. Na área econômica, algumas coisas andam mais fácil, outras demoram um pouquinho mais."
Até quando seus próprios colegas de governo trabalham abertamente contra o garrote, desconversa: "Por falha minha não conheço a proposta, não vou falar de algo que não sei". "E é preciso acelerar o ajuste."
Ainda assim havia surpresa na entrevista da última quinta à noite: a de que, como descreveu o repórter, Levy continuava bem-humorado –apesar dos crescentes bombardeios externos e sabotagens internas.
Faz sentido. O segredo da presença de espírito é justamente manejar ideias que contrariam a lógica.
No país que naufragou com a âncora cambial e se debate com a âncora fiscal, o humor parece ser para Levy uma âncora moral –ferramenta útil para um ministro que, como bem notou Vinicius Mota neste espaço, gosta de símbolos náuticos.
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Para se distrair da turbulência mesquinha, navegantes não devem perder as tempestades marinhas de William Turner (1775-1851), na Pinacoteca (folha.com/no1656628).
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