Por Juliano Basile | Valor Econômico
NOVA YORK - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse que está preparado para uma eventual candidatura à Presidência da República, em 2018. "Acho que amadureci mais do que em 2006, quando disputei a eleição", completou ele, após participar de um evento na Bolsa de Valores de Nova York.
Alckmin reiterou que a sucessão presidencial é um assunto para o ano que vem. "Esse é um tema para ano par e estamos em ano ímpar. Mas a preparação é importante. Tudo o que é improvisado não é bom." Segundo o governador, é preciso ter "vontade, agenda, projeto, aliança, e conhecimento" para se candidatar. "Agora, tudo tem o seu tempo."
Alckmin avaliou que a disputa de 2006 foi "muito desigual", pois ele enfrentou Lula quando esse último estava na Presidência. "Lula era presidente da Republica num país que tem reeleição. Os americanos dizem que o mandato é de oito anos podendo interromper", comparou.
Agora, ele acha que Lula seria um candidato com muitas chances no primeiro turno, mas frágil no segundo. "Vejo que o ex-presidente Lula tem voto. Se for candidato, ele deve ir para o segundo turno. Mas acho uma candidatura frágil no segundo turno."
O governador qualificou a candidatura de Lula como populista. "Antes da Constituição de 1988, bastava ter 30% [dos votos]. O populismo valia a pena. Com 30%, você se elegia. Havia muitos candidatos, um quadro muito fragmentado. Hoje, não. Hoje, há segundo turno. No primeiro turno, o cidadão escolhe; no segundo turno, ele rejeita."
Também em Nova York, onde está se reunindo com investidores e empresários para apresentar o programa de desestatização e de parcerias da prefeitura, João Doria afirmou que dará "apoio incondicional a uma eventual candidatura do governador". Segundo ele, Alckmin tem "toda a legitimidade" para disputar o cargo. "Se ele for candidato terá o meu apoio. Isso é muito claro. Ele terá meu apoio incondicional", disse. Doria está na frente de Alckmin em pesquisas de intenção de voto para a Presidência.
Ambos defenderam a realização de prévias no PSDB para definir o presidenciável. "Eu defendo as prévias. Acho que elas são saudáveis e positivas", afirmou Doria. "Será candidato do PSDB aquele que tiver a melhor posição perante a opinião pública e para vencer o PT e o Lula", completou. Alckmin recordou que defende as prévias desde que Mário Covas exigiu que fossem realizadas, mesmo sendo candidato único às eleições de 1989.
Em outra demonstração de sintonia, Doria e Alckmin minimizaram o fato de o prefeito não ter aparecido no programa do PSDB na televisão. "Acho que o partido procurou fazer um programa meio diferente, ouvindo a sociedade e nenhum prefeito participou", disse o governador. Na realidade, participaram do programa os prefeitos de cidades pequenas e médias, como Lins (SP) e Caruaru (PE). Alckmin garantiu que não foi consultado sobre o programa e só viu a versão final na televisão. "Foi uma decisão de fazer um programa mais popular, de ouvir a sociedade na linha de ter humildade. Acho que esse foi o objetivo", desconversou.
Já Doria admitiu que as lideranças tucanas poderiam ter sido mais delicadas e tê-lo avisado antes que ele não estaria no programa. "Eu não fiquei chateado. Eu não tenho obrigação nenhuma de estar em programa eleitoral. Mas, talvez, um telefonema teria sido algo delicado. Seria um gesto cuidadoso." João Doria disse não guardar mágoas do partido pelo episódio. "O que passou, passou."
Além de apresentarem os seus respectivos programas de desestatização a investidores em Nova York, o prefeito e o governador vão participar da entrega do prêmio "Homem do Ano" a Doria, hoje à noite, pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, num jantar de gala para os maiores empresários e banqueiros do Brasil, no Museu de História Natural. "Acho que é uma homenagem ao João Doria que é um empresário que foi eleito prefeito da maior cidade brasileira. Ele, amanhã, é a noiva e nós estaremos lá para ouvir", disse Alckmin.
Em evento da Câmara de Comércio prévio à entrega do prêmio, Doria defendeu ontem que a política não deve determinar os princípios da administração pública. Segundo ele, são as necessidades da população que devem "determinar o foco de uma gestão". "Nada tenho contra os políticos. Mas reafirmo que não sou político. Eu estou político", afirmou.
O prêmio revela a preferência do empresariado a personalidades da política e da economia. "Essa renovação da política nos enche de otimismo em ouvir o Doria com a sua força interior, essa estrela crescente da política brasileira", disse Carlos Langoni, ex-presidente do Banco Central. Será o terceiro ano seguido que alguém ligado ao PSDB vence o "Homem do Ano". No ano passado, ele foi concedido a Arminio Fraga, ex-presidente do BC, e, em 2015, ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
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