O país deu sinais de que saiu da recessão e cresceu 1,12% no primeiro trimestre, segundo índice do BC que estima a atividade econômica. O resultado oficial, do IBGE, será conhecido em junho.
Índice do BC mostra expansão de 1,12% na economia no 1º trimestre
Resultado veio acima do previsto e sinaliza que país saiu da recessão
Gabriela Valente | O Globo
-BRASÍLIA- Após a pior recessão da História, a economia brasileira começa a dar sinais de que o pior já foi superado. Nas contas do Banco Central (BC), o país cresceu 1,12% no primeiro trimestre deste ano, graças ao bom desempenho da agricultura. Apesar da surpresa positiva, os dados do IBC-Br — o índice construído pelo BC que tenta estimar o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) — economistas destacam que a retomada de um crescimento vigoroso dependerá, porém, da aprovação da reforma da Previdência e da definição do cenário político do ano que vem.
Os analistas alertam também que os dados do fim do primeiro trimestre mostraram um freio na economia. No mês de março, o IBC-Br ficou negativo em 0,4%, o que indica que a recuperação da economia não é um processo linear. No entanto, o resultado foi bem melhor que a queda de 1% estimada pelos analistas.
Ainda assim, o índice mostra que o país encerrou seu pior ciclo econômico. Desde o segundo trimestre de 2015, o Brasil estava em recessão. O número oficial do PIB, porém, só será divulgado pelo IBGE em 1º de junho.
“Os dados nos dão confiança de que, após uma recessão de 11 trimestres, a economia atingiu um ponto de inflexão durante o primeiro trimestre”, disse em relatório o economista-chefe do Goldman Sachs para a América Latina, Alberto Ramos.
Para o economista da Canepa Investimentos Carlos Macedo, a surpresa do IBCBr não é tão relevante para uma melhora considerável das expectativas.
— É uma alteração bem modesta num ambiente de incerteza — argumentou o analista, que ressaltou a necessidade da aprovação da reforma e também a definição do ambiente político do ano que vem. — A confiança ainda está em um nível muito baixo.
Os números do IBCBr refletem, além da melhora na agricultura, uma expansão de 0,6% na produção industrial no primeiro trimestre deste ano, segundo o IBGE. Foi o primeiro resultado positivo em três anos. Já o comércio brasileiro fechou o primeiro trimestre com alta de 3,3% no volume de vendas. Apenas o setor de serviços não mostrou recuperação. Ficou estável em relação ao último trimestre do ano passado.
— O IBC-Br é uma falsa boa notícia. Todos os outros indicadores dão conta de uma desaceleração. O ritmo é muito baixo — comentou André Perfeito, economista-chefe da corretora Gradual.
Macedo, da Canepa, lembrou que o Banco Central não ajustou a série do IBC-Br de acordo com das mudanças metodológicas feitas pelo IBGE no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) e que isso, portanto, interfere na conta:
— A mudança metodológica não foi atualizada. O IBC-BR perdeu a capacidade de previsão (para o resultado do PIB).
Na média, o mercado financeiro aposta em uma alta de 0,5% do PIB neste ano, segundo mostrou o Boletim Focus, do BC, que reúne as principais estimativas entre as instituições financeiras. E os analistas já veem também a inflação brasileira abaixo dos 4% em 2017. Pelo Focus, a previsão para este ano é que o IPCA, índice usado nas metas de inflação do governo, feche o ano em 3,93%, abaixo dos 4,01% previsto na semana anterior. Para 2018, o cenário para o IPCA também melhorou: passou de 4,39% para 4,36%.
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