- Folha de S. Paulo
O consolo é que cada semana é uma a menos no mandato do prefeito Marcelo Crivella
A orla carioca está sendo visitada por famílias de baleias jubarte, que, exibicionistas como só elas, não podem ver um barco cheio de humanos sem dar um show de piruetas e esguichos para chamar a atenção. Há dias, um filhote mais estouvado fez isto, a cinco metros de uma canoa com sete pessoas na Barra da Tijuca. A cena, registrada por um celular, foi sucesso nas redes. Um grupo de cerca de 500 golfinhos também apareceu, na altura de Copacabana, e, de repente, outra jubarte juntou-se a eles, num balé de horas. Os oceanógrafos da UERJ filmaram tudo com um drone.
Há duas semanas, uma amiga minha fotografou as tartarugas que, vindas de não sei onde, chegaram ao Arpoador e também se dedicaram a dar espetáculo. O mesmo Arpoador que, já há algum tempo, voltou a receber os tatuís, típicos do pedaço, depois de décadas em que eles pareciam nos ter abandonado. E, nos últimos dois verões, dois peixes se desprenderam do bico das gaivotas e caíram em meu terraço, no Leblon —peixes que caem do céu, já pensou? O carioca é grato a essa vida que insiste em acreditar em nós, quando nós mesmos nem sempre fazemos por onde.
A cidade do Rio está assistindo, de 2017 para cá, à dissolução de seu comércio, serviços, transportes, calçamentos, prédios históricos, ruas inteiras e, tão grave quanto, seu turismo. Todos os dias, os jornais e TVs denunciam o fim, por desestímulo, desleixo ou sabotagem oficial, de alguma atração da cidade ou o fechamento de um ponto ou loja com 150 anos de tradição.
A rua Marechal Floriano, trissecular, está se tornando um cemitério de lojas. O BRT agoniza. O VLT ameaça acabar. Os teleféricos continuam parados. O Sambódromo pode ficar sem os serviços essenciais. O Réveillon, sem os fogos. Estas são apenas as más notícias desta semana.
A única boa notícia é a de que é uma semana a menos no mandato do prefeito Marcelo Crivella.
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