Governo demonstra não estar satisfeito com a atual e laboriosa rede de aduladores
Jair Bolsonaro deixou o Palácio da Alvorada nesta segunda-feira (30) demonstrando, mais uma vez, dissabor com a imprensa. "Gosto muito de vocês, mas quando fizerem uma matéria real sobre o que aconteceu na ONU, eu volto a dar entrevista", se limitou a dizer.
Não são meras palavras azedas ao vento. No fim de semana, o filhão que ele pretende empregar em Washington também teorizou sobre o problema do Brasil. Sim, no singular mesmo. Só há um problema no país, pelo visto --e é a imprensa, naturalmente, quem mais seria?
"O problema do Brasil é que a gente elegeu um conservador sem ter uma universidade conservadora, um partido conservador organizado e, obviamente, uma imprensa conservadora de grande porte", disse Eduardo Bolsonaro ao Correio Braziliense. Para o deputado, a péssima imagem do Brasil lá fora se deve não ao governo, mas à mania da imprensa estrangeira de dar ouvidos aos seus correspondentes ou aos grandes veículos de comunicação brasileiros.
Não pretendo falar do óbvio atentado histórico que é tratar simplesmente como "conservador" essa gosma que une preconceito, fanatismo, obscurantismo, autoritarismo, anti-intelectualismo, incultura, desinformação, delírio e tantas outras adoráveis facetas da humanidade.
Atenho-me à imprensa. Está em montagem a CNN Brasil, que alguns preveem como bolsonarista.
Seu principal investidor, o empresário Rubens Menin, nega. O tempo dirá. Todo autoproclamado jornalismo que se associe a esquerdismo, direitismo ou qualquer espécie de governo deve ser chamado pelo nome: militância, propaganda.
Os Bolsonaros procuram uma imprensa para chamar de sua, demonstrando não estarem satisfeitos com o alcance do atual cordão dos chapas-brancas --cúpulas de SBT, Record e outros integrantes da sempre laboriosa rede de aduladores. O consolo é que, mesmo na sinistra hipótese de obterem sucesso, conseguirão para chamar de sua algo que será qualquer coisa, jamais imprensa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário