- Folha de S. Paulo
Dados mostram que letalidade pode ser bem menor do que se apontava
Enfim uma boa notícia. Saíram os primeiros números do estudo epidemiológico feito por amostragem aleatória na cidade de Heinsberg, na Alemanha, e eles sugerem que o vírus infectou muito mais gente do que indicavam os registros oficiais, o que também significa que a moléstia é muito menos letal do que apontava a contabilidade.
Os dados divulgados nesta quinta-feira (9), relativos a uma amostra representativa da população de Gangelt, um distrito rural de Heinsberg, mostram que 15% dos residentes entraram em contato com o vírus e desenvolveram anticorpos, o que em tese os deixa imunes à moléstia pelo menos por alguns meses.
Com esse novo denominador, a letalidade da Covid-19 no distrito, um dos mais duramente atingidos do país, foi de 0,37% —menos de um quinto da letalidade nacional calculada a partir dos casos testados. E vale notar que a letalidade alemã já era uma das menores do mundo.
Há aqui duas implicações importantes. Os casos assintomáticos ou extremamente leves são em número bem maior do que se supunha. Se, na primeira onda epidêmica, 15% da população foi infectada, a estratégia de apostar no isolamento social por mais algum tempo, até que surja a imunidade de rebanho, passa a fazer mais sentido. Não seriam mais vários anos de espera sob lockdown.
É importante frisar que, apesar de Heinsberg ter sido um “hot spot” de Covid-19 na Alemanha, a região não chegou nem perto de experimentar um colapso na rede de atendimento hospitalar. Em países que viveram esse drama, a mortalidade pode ser bem maior.
A pergunta que não quer calar agora é se os dados provisórios de Heinsberg valem para o resto do mundo. Apenas mais estudos poderão responder com precisão à pergunta, mas o grande aumento de casos de síndrome gripal que tem aparecido nas estatísticas dos sistemas de vigilância de vários países são fortemente sugestivos de que o panorama pode ser mais ou menos o mesmo.
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