Jair
Cloroquina Bolsonaro e Donald Lysol Trump não dão pelota a especialistas
Não
me parece muito prudente a posição dos mais de 6.000
cientistas e médicos que assinaram uma carta aberta pedindo aos
governos dos EUA e do Reino Unido que estimulem a circulação de jovens para
atingir a imunidade de rebanho, mas acho importante que esse tipo de
manifestação ocorra e gere discussões.
A
polarização política fez com que dividíssemos os governantes no campo dos que
seguem a ciência e no dos que a rejeitam. Não há a menor dúvida de que
dirigentes como Jair Cloroquina Bolsonaro, Donald Lysol Trump e Alexander Sauna
& Vodca Lukashenko agem
sem dar pelota para o que os especialistas têm a dizer sobre a pandemia, mas
daí não decorre que a ciência tenha respostas únicas e inequívocas para todas
as nossas perguntas. Pelo contrário, se há algo que caracteriza a ciência
(ainda que não os cientistas) é a dúvida metódica e o ceticismo em relação a
suas próprias conclusões. Em ciência, até as certezas são necessariamente
provisórias.
Nesse
contexto, é fundamental que existam pessoas que desafiem os chamados consensos
(que nunca são tão consensuais assim), especialmente se o fizerem com bons
argumentos. Mesmo que sua posição não seja a melhor nem a que triunfará, a
simples necessidade de responder às críticas já leva a maioria a reformular
seus próprios argumentos, aperfeiçoando-os. Com alguma frequência, esses
questionamentos acabam gerando programas de pesquisa em áreas que vinham sendo
negligenciadas.
No caso específico da Covid-19, penso que os constantes avanços no manejo do paciente crítico e a perspectiva da chegada de várias vacinas, ainda que imperfeitas, nos próximos meses recomendam que não se dê nenhum passo precipitado. Já está em curso um movimento natural de relaxamento do distanciamento social. Nem os países mais atingidos pela segunda onda cogitam fazer novos lockdowns tão duros quanto os da primeira. Não parece sábio reforçar ainda mais essa tendência.
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