segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Yellen prevê pleno emprego em 2022 se pacote generoso for aprovado

Secretária do Tesouro descartou preocupações com inflação e disse que esse é um risco pequeno se comparado às cicatrizes que a economia pode vir a ter sem os estímulos necessários

Por Bloomberg / Valor Econômico

A secretária do Tesouro americana, Janet Yellen, disse que os EUA poderão voltar ao pleno emprego em 2022 caso seja aprovado um pacote de estímulo suficientemente sólido contra os efeitos do coronavírus. Caso contrário, o país corre risco de recuperação mais lenta dos empregos e da economia.

“Temo que o mercado de trabalho esteja entrando em paralisia”, disse Yellen ao programa “Face the Nation”, da CBS, ontem.

Yellen afirmou que os que recebem baixos salários, as minorias e as mulheres são os que mais sofrem e que poderiam enfrentar um dano “permanente” em consequência de desaquecimento prolongado. “Estamos em um buraco profundo no que diz respeito ao mercado de trabalho e longe de conseguir sair dele”, disse. Sem apoio adequado, o mercado de trabalho pode levar até 2025 para se recuperar, disse Yellen ao “State of the Union” da rede CNN.

Após os comentários de Yellen, o dólar se valorizou ligeiramente em relação à maioria das moedas dos demais membros do G-10, na abertura dos mercados asiáticos na manhã desta segunda-feira. O plano de estímulo de US$ 1,9 trilhão do presidente americano, Joe Biden, não é especificamente voltado para a criação de empregos, reconheceu Yellen, mas “os gastos que ele irá gerar criarão demanda por trabalhadores”.

Na semana passada, o ex-secretário do Tesouro, Larry Summers, escreveu em editorial do jornal “The Washington Post” que o pacote de socorro de Biden é grande demais e envolve “grandes riscos”, inclusive de inflação. Yellen rebateu as preocupações de Summers, ao dizer que esses riscos são pequenos se comparados às “cicatrizes” com que a economia se defronta por não ter gasto o suficiente para sair com vigor da crise.

Se a inflação se tornar um problema, “posso lhes garantir que temos as ferramentas para fazer frente a esse risco”, disse Yellen, ao citar seu próprio trabalho acadêmico e sua experiência no Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), onde ocupou vários cargos ao longo de 16 anos, inclusive o de presidente.

“Como secretária do Tesouro, tenho de me preocupar com todos os riscos à economia”, disse Yellen.

O plano de Biden não contou com muito apoio dos republicanos, com os quais ele prometeu trabalhar. “O que se ouve são essas amplas generalidades sobre as pessoas sofrendo e que é preciso gastar mais US$ 2 trilhões. Essa não é a solução certa”, disse o senador republicano Pat Toomey à CNN, ao sugerir algo mais focalizado.

Um dos pontos de impasse são os cheques de estímulos de US$ 1.400 prometidos por Biden. O presidente está negociando com o Congresso a melhor forma de canalizar esses pagamentos para as famílias mais necessitadas e que tendem a injetá-lo diretamente na economia, de acordo com Yellen.

A secretária do Tesouro disse que o estímulo tem de “ir para pessoas de famílias que efetivamente precisam do dinheiro, ou seja, as famílias de mais baixa renda.

Na semana passada, o Senado aprovou a chamada reconciliação do orçamento, que permitirá que os democratas ponham em marcha um pacote de alívio econômico sem votos republicanos, embora com algumas limitações.

A Casa Branca e os democratas do Congresso também continuam negociando com republicanos moderados sobre a possibilidade um acordo bipartidário - meta para Biden, que iniciou o mandato com uma mensagem de união.

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