Folha de S. Paulo
Crítica que atrela monogamia ao capitalismo
tem tom autoritário que ignora história natural e romantismo
"Qualquer maneira de amor vale a
pena", diz Milton Nascimento. Mas, ao longo da história, algumas
formas foram privilegiadas e, outras, não só desvalorizadas como penalizadas.
Após muita luta, parte das sociedades baniu leis nefastas que interferiam nessa
liberdade individual.
Ainda há padrões. A monogamia é um deles, e vem sendo alvo de críticas por dois motivos: repressão dos desejos e opressão política.
Tal comportamento seria uma construção
antinatural que gera sofrimento psíquico. Mas seres humanos, a todo momento,
reprimem instintos para viver em sociedade. Há custos, mostrou Freud em "O mal-estar na civilização",
mas é uma troca vital para os grandes feitos da cultura humana —ciência,
democracia etc.
E é justamente por causa desses grandes feitos que, hoje, podemos escolher se ficamos solteiros ou casamos, se entramos em um relacionamento aberto ou no poliamor.
Ademais, o falatório ideológico ignora o
amor romântico que, segundo ensaio de Octavio
Paz, remonta a culturas diversas da Antiguidade, como a árabe e a
greco-romana.
Militantes acham que a política é o centro gravitacional da vida das pessoas,
mas João não pensa no neoliberalismo enquanto se encanta pelos olhos castanhos
de Maria, tampouco Ana sente a força do capital nos ternos braços de José.
A monogamia é uma forma de amor e, como qualquer outra, também vale a pena.
Feliz dia dos namorados, seja qual for a sua.
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