Folha de S. Paulo
PEC das Drogas tem a mesma urgência da PEC da
Anistia
Antes do São João e do
"Gilmarpalooza", que esvaziaram o Congresso, Arthur Lira desengavetou
a PEC da Anistia. É o maior perdão da história a irregularidades cometidas por
partidos políticos, entre elas o descumprimento das cotas eleitorais para
mulheres e negros. Aprovada a proposta, as dívidas pendentes não vão impedir as
siglas de obter recursos destinados a financiar as campanhas de 2024.
Pois vem aí um vendaval de dinheiro. PL (R$ 886,8 milhões), PT (R$ 619,8 milhões) e União Brasil (R$ 536,5 milhões) receberão as maiores fatias do bolo, 41% do total de R$ 4,9 bilhões, recorde que supera em mais de duas vezes o reservado para 2020 e equivale ao distribuído nas eleições de 2022 para presidente, governadores, senadores e deputados. Nunca fazer um prefeito ou não conseguir eleger um vereador nos mais de 5.000 municípios custou tão caro aos cofres públicos.
O perdão não inibirá novas irregularidades.
Ao contrário, deverá incentivá-las. Uma operação da PF para investigar desvios
no fundo eleitoral cumpriu sete mandados de prisão preventiva e 45 de busca e
apreensão em São Paulo, Paraná, Goiás e Distrito Federal. O principal alvo foi
o ex-presidente do Pros Eurípedes Gomes Júnior, que usou a grana para se
esbaldar com familiares e amigos em viagens a Dubai e Miami.
No Rio, um relatório do Ministério Público
Eleitoral afirma que houve gastos ilícitos na campanha do governador Cláudio
Castro (que, de tão enrolado, parece uma bobina). Uma mulher, que aos 65 anos
jamais teve registro de trabalho, virou sócia de uma empresa de
"empreendimentos" e recebeu R$ 2,5 milhões.
Quando se trata do crime de corrupção, o
Congresso é amigo. Lira está mais interessado na PEC das Drogas,
retaliação ao STF por descriminar o porte de maconha para
consumo próprio. A CCJ da Câmara quer um plebiscito sobre reduzir a maioridade
penal; a do Senado propõe liberar a jogatina.
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