O Estado de S. Paulo
Dólar chega a passar de R$ 5,40, se
aproximando da maior cotação do atual governo após Lula ignorar agenda de
redução de despesas
O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva não se cansa de errar na economia. Ele,
diretamente, ou seus assessores mais próximos, que elaboraram um discurso
completamente inapropriado para o momento atual dos mercados de câmbio e juros.
O resultado da fala desta quarta-feira, 12, em evento no Rio de Janeiro – que, em outro momento, poderia ter pouco impacto – foi mais uma disparada do dólar, que chegou a bater em R$ 5,42, se aproximando do pior momento de seu governo, R$ 5,48, logo nos primeiros dias de 2023.
E o que disse Lula? Que o governo está “arrumando a casa,
colocando as contas públicas em ordem para assegurar o equilíbrio fiscal”.
A frase, que poderia ser bem recebida, ganha,
na verdade, outra conotação, com a que vem logo em seguida: “O aumento da
arrecadação e a queda da taxa de juros permitirão a redução do déficit sem
comprometer a capacidade de investimento público.”
Ou seja: no momento em que a desconfiança com
a política econômica atinge o seu grau máximo deste mandato, e Haddad dá
declarações de que enviará ao
presidente um cardápio para cortes de despesas, como
antecipou o Estadão,
Lula ignora completamente a necessidade de reduzir gastos para salvar o arcabouço fiscal.
O mercado, que entrou em modo especulativo e
reage a boatos e a qualquer fiapo de notícias, repercutiu
imediatamente, identificando na fala uma leniência com a questão fiscal.
Não deixa de estar errado, já que o momento era de Lula dar sinais na direção
contrária.
Outro erro do presidente foi falar em cortes
de juros. O Banco
Central hoje tem independência para perseguir a meta
de inflação. Quando entra no tema, Lula coloca sob
suspeita os diretores que foram indicados por ele, como se
fossem seguir sua orientação política.
O resultado é uma pressão sobre a curva de
juros, já que o presidente fará mais três indicações no final no e terá sete
dos nove integrantes do Copom.
Lula e seus principais assessores ainda não
entenderam a gravidade do momento econômico. Com a alta do dólar, talvez
percebam que serão obrigados a apoiar a agenda de Haddad. Do contrário, poderão
colocar o governo no mesmo caminho do da ex-presidente Dilma Rousseff.
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