Folha de S. Paulo
Galípolo promete novas medidas para combater
fraudes; dúvida é se BC está preparado para enfrentar o crime organizado
A megaoperação Carbono
Oculto, contra a lavagem de dinheiro do PCC e que
chegou à Faria Lima, fez o Banco Central reagir
e antecipar medidas regulatórias para conter a infiltração do crime organizado
no sistema financeiro.
Não dá para dizer que o BC foi surpreendido.
Poucos têm conhecimento, mas a denúncia
contra a Reag, empresa alvo da operação, foi feita pelo BC ao
Ministério Público. A instituição também já tinha aberto uma consulta pública
para colher sugestões do mercado para implementar mudanças nas regras e apertar
as instituições de pagamentos.
Não resta dúvida de que a operação pressionou o presidente Gabriel Galípolo a correr com o anúncio e que os casos de abusos se espalharam em velocidade maior do que se imaginava.
Mas foram os ataques hackers ao sistema, como
demonstração de força dos criminosos após a operação, que assustaram o Banco
Central na última semana.
Na nova lista de proibição do que uma
instituição de pagamento não pode fazer, dá para tirar uma ideia dos absurdos
que alguns andavam fazendo. Um deles é o compartilhamento de chaves de acesso
ao sistema. É como entregar a chave do cofre para os criminosos.
Os ataques se tornarão cada vez mais
frequentes, e o BC sabe que terá que agir com instrumentos bem mais poderosos
do que dispõe hoje para debelar as ações dos hackers.
Galípolo promete outro pacote de medidas de
combate às fraudes para breve. Só não pode demorar. De imediato, o BC
estabeleceu mecanismos de prevenção a fraudes e monitoramento integral —24
horas por dia, sete dias por semana— para identificação em tempo real, com base
em padrões históricos e comportamentais, de transações atípicas ou fraudulentas.
A dúvida é se a instituição está preparada
para enfrentar o embate contra o crime organizado. Galípolo trabalha para
aprovar a PEC da autonomia financeira do BC como uma entidade de direito
privado e instrumentos mais flexíveis de contratação. Mas o governo não quer
dessa forma. O impasse está no ar.
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