Correio Braziliense
A Federação Progressistas
(PP)-União Brasil foi criada para apoiar a candidatura do governador Tarcísio
de Freitas (SP), que anunciou a intenção de concorrer à reeleição ao Palácio
dos Bandeirantes
Começou o jogo de xadrez eleitoral entre o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os caciques do Centrão, especialmente os
presidentes do Progressistas (PP), Ciro Nogueira (PI), e do União Brasil,
Antonio Rueda (PE). Os ministros do Esporte, André Fufuca (PP-MA), e do
Turismo, Celso Sabino (União-PA), decidiram contrariar a decisão de seus
respectivos partidos e permanecer na Esplanada dos Ministérios.
Essa decisão tem dois vetores: as pesquisas que mostram o fortalecimento da expectativa de poder em torno da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os mapas eleitorais do Maranhão e do Pará, dois estados estratégicos da Região Norte do país, que não são dominados pela oposição. A permanência dos políticos no governo sinaliza esses vetores e, também, a movimentação que pode vir a ocorrer em outros estados, em função dos projetos eleitorais dos aliados do governo Lula no Centrão.
Em nota, o PP afirmou que Fufuca desobedeceu
à determinação da Executiva Nacional e, por isso, ficará afastado de todas as
decisões partidárias, inclusive da vice-presidência nacional da legenda. A
decisão inclui a suspensão de sua participação em decisões internas, a perda da
vice-presidência nacional da sigla e do comando do diretório estadual do
Maranhão. O presidente do PP, senador Ciro Nogueira, confirmou o afastamento e
reforçou o posicionamento de independência da legenda em relação ao governo
federal. “O Progressistas não integra o atual governo e não possui qualquer
identificação ideológica ou programática com ele”, afirmou.
A resposta do Centrão veio na Câmara, que
retirou de pauta, no início da noite a medida provisória arrecadatória que
permitiria ao governo ajustar suas contas. A derrubada do texto foi uma derrota
política importante para a gestão Lula (PT), que viu o apoio à proposta
desaparecer nos últimos dias. Foram 251 votos a 193. Embora o relator,
deputado Carlos Zarattini (PT-SP), tenha atendido às demandas de diversos
setores — recuou de taxar LCI e LCA e de aumentar taxas a bets, por exemplo —,
o agro e partidos do Centrão se posicionaram contra a proposta.
Fufuca está com Lula e não abre: “Minha
fidelidade é, primeiramente, ao povo que confiou o seu voto e me concedeu a
honra do mandato. Está, inequivocamente, acima de quaisquer questões e disputas
partidárias internas, e seguirá voltada à boa gestão e governabilidade do
país”. O ministro é deputado federal licenciado pelo Maranhão. O afastamento
ocorre após o partido anunciar a formação de uma federação com o União Brasil.
Pela nova configuração, integrantes das siglas que ocupam cargos no governo
precisariam deixar as funções, conforme orientação divulgada ainda em setembro.
A regra atinge também o ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil).
Desobediência
Sabino chegou a anunciar que deixaria o
comando da pasta, mas recuou. Hoje, ele confirmou que permanecerá no cargo.
“Fico. Tenho a confiança do presidente Lula e pretendo continuar desenvolvendo
os trabalhos que venho fazendo no Ministério do Turismo. Tenho apoio de boa
parte da bancada, e seguimos dialogando para buscar entendimento dentro do
partido”, disse o ministro. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União
Brasil), defendeu a abertura de processos disciplinares contra Sabino.
Pré-candidato à Presidência da República, tem se empenhado em reforçar o perfil
oposicionista da legenda e criticou duramente a presença do correligionário no
governo federal.
Sabino foi convencido por Lula a permanecer
no governo. Na última semana, o ministro acompanhou o presidente na viagem ao
Pará, em compromissos voltados à 30ª Conferência da Organização das Nações
Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas (COP 30). Na ocasião, reforçou sua
ligação com o estado e o apoio ao governo: “Nada, nenhum partido político,
cargo ou ambição pessoal vai me afastar desse povo que eu amo e do estado do
Pará. Conte comigo para lhe apoiar e para segurar na sua mão, pois reconheço o
seu trabalho e tudo que fez pelo Brasil”, garantiu Sabino.
Desde quando foi formada a federação do
Partido Progressista (PP) com o União Brasil, a cúpula dos dois partidos quer
entregar os cargos ocupados por seus filiados. O governador Caiado (União
Brasil) é o mais duro com Sabino: “Como ele quer ficar no governo, num partido
que faz oposição, e manter as regalias do partido? Ele não pode fazer do seu
projeto pessoal algo acima das regras partidárias. A Executiva do partido já
deliberou sobre o assunto. Não dá para ser soldado de Lula e do União Brasil”.
Caiado quer transformar o caso Sabino num
exemplo para os demais integrantes da legenda que estão no governo. Classificou
a permanência do ministro no Executivo como uma “imoralidade ímpar” e defendeu
que o partido adote medidas rigorosas contra integrantes que mantêm vínculos
com o governo. A posição reforça a estratégia de Caiado de ampliar sua base na
direita e consolidar o União Brasil como uma alternativa ao Palácio do Planalto
nas próximas eleições.
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