Todos nós
brasileiros nutrimos enorme simpatia pelos Correios. A empresa nasceu, em 1969,
para explorar, em regime de monopólio, os serviços postais. Quando vemos os
trabalhadores dos Correios, com seus tradicionais uniformes azuis e amarelos,
imediatamente é despertado um sentimento de empatia. Os carteiros são populares
nos bairros. No meu caso, particularmente, não só colecionei selos dos 6 aos 16
anos, como ocupei uma cadeira no Conselho de Administração da empresa, de 1999
a 2002.
Neste período,
fazíamos pesquisas anuais que mediam prestígio institucional e confiança da
população em 42 instituições brasileiras. Todos os anos, os Correios ficavam em
destacado primeiro lugar, seguidos de perto pelo Corpo de Bombeiros e pelas
Igrejas.
Com o tempo a
imagem dos Correios foi abalada por escândalos de corrupção e pela crise do
fundo de previdência dos trabalhadores postais, POSTALIS, vítima da nefasta
combinação de má gestão com corrupção, resultando num rombo bilionário.
A Constituição
Federal de 1988 em seu Art. 21 fixa as competências da União, entre as quais,
na alínea X, prevê “manter o serviço postal e o correio aéreo nacional”. Mas
não fixa que isso se dará através de monopólio estatal.
Ocorre que, a
partir do final do século XX, uma profunda revolução tecnológica se abateu
sobre o setor de comunicações. Antes, ainda poderia fazer sentido, em nome do
direito ao sigilo de cartas e telegramas, o monopólio estatal. O brasileiro
sabia que a carta entregue aos Correios chegava ao endereço pretendido. Mas na
era do whatsapp, do e-mail, da certificação digital, das redes sociais, o cenário
mudou radicalmente. Qual foi a última vez que, você leitor, passou um telegrama
ou mandou uma carta pelos Correios?
Faz sentido
manter uma estatal deficitária, onerando as já combalidas contas públicas, para
fazer o papel de operador logístico como outro qualquer? Com as amarras e a
rigidez típicas de empresa estatal, haverá capacidade de competir com empresas
como DHL, FedEx, UPS, Jadlog, Mercado Pago, Amazon, LATAM, GOL, AZUL, entre
outras? O modelo de negócios dos antigos Correios não se esgotou por obsolescência
tecnológica? E olha que tentamos criar novos negócios como o Banco Postal, em
2000, para enfrentar a desbancarização do povo brasileiro. As fintechs uma vez mais
decretaram a superação tecnológica do modelo.
Portanto, a discussão sobre a privatização dos Correios não é questão ideológica, e sim pragmática, visando a modernização do Estado e a boa alocação dos escassos recursos públicos.

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