sábado, 8 de novembro de 2025

Cláudio Castro se aproveita da crise de segurança, por Alvaro Costa e Silva

Folha de S. Paulo

Incapaz, governo desconsidera retomada de territórios

Com espetacularização, é mais fácil e barato conseguir votos

Ele não é apenas "El Matador". Sob a gestão Cláudio Castro, o Rio de Janeiro afundou na pindaíba. Mas a responsabilidade, segundo o próprio governador, não é dele —deve ser de Deus ou do Diabo. A exemplo dos territórios ocupados por milicianos e traficantes, o culpado é sempre o governo federal, a quem Castro continua a estender o pires, pedindo mais e mais dinheiro.

Na Alerj, discute-se um projeto que autoriza o governador a alienar 62 imóveis, entre os quais o estádio do Maracanã, para quitar parte da dívida com a União —R$ 12,3 bilhões a pagar em 2026.

A concessão da Cedae à iniciativa privada, em 2021, tinha o mesmo objetivo. Quando pegou o dinheiro arrecadado no leilão —R$ 18,2 bilhões—, Castro esqueceu a urgência. A diminuir o rombo orçamentário preferiu investir o grosso da grana em obras estruturais. Estas, no entanto, são um mistério, ninguém sabe, ninguém viu.

O que o governador fez, segundo denúncia do Ministério Público, foi aparelhar a Ceperj, firmando convênios com o órgão público para desenvolver projetos sociais que nunca saíram do papel. A picaretagem ancorou a reeleição de Castro em 2022. A folha secreta com funcionários fantasmas —que na verdade atuavam como cabos eleitorais— custou R$ 248 milhões.

Julgando o abuso de poder político e econômico no pleito, a ministra Isabel Gallotti, do TSE, votou na terça (4) pela cassação de Castro. O ministro Antonio Carlos Ferreira pediu vista, e a análise só deve ser retomada no início de 2026. Enquanto isso, o governador não tem tempo a perder. Já agendou dez operações em favelas, semelhantes a que deixou mais de 120 mortos nos complexos do Alemão e da Penha.

"Não acredito em ocupação", disse Cláudio "El Matador" Castro, revelando seu desprezo por um plano consistente de retomada dos territórios e uma política de segurança mais duradoura, que garanta o bem-estar e não imponha riscos à população. Como os recursos parecem desaparecer, matar é mais barato e pega bem na fita do candidato ao Senado.

 

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