A COP 30 num Momento Crítico da Humanidade
Por Revista Será?
A Cúpula de Chefes de Estado da COP 30 – Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas – ocorre num momento crucial da civilização, tendo que enfrentar um desafio decisivo para o futuro da humanidade: efetivar uma redução significativa da emissão de gases de efeito estufa capaz de impedir a elevação da temperatura mundial a mais de 1,5º acima da era pré-industrial. Esta é a segunda vez que o Brasil sedia a reunião de líderes mundiais para discussão do meio ambiente, a primeira conferência foi a Rio 92 – Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada em 1992, que abriu caminho para o Protocolo de Kyoto (1997) e, principalmente, o Acordo de Paris (2015), quando foram definidas metas de redução das emissões de gases de efeito estufa: declínio de 37% até 2025. Ao contrário desta expectativa criada pelo Acordo de Paris, nos últimos nove anos, de 2015 a 2024, as emissões cresceram cerca de 2,5%, registrando, em todo caso, uma leve desaceleração.
Se forem mantidas as metas atuais, mesmo com
a desaceleração recente, a temperatura do planeta vai ultrapassar, rapidamente,
o limite de 1,5º acima da era pré-industrial que, segundo os estudos
científicos, intensifica as mudanças climáticas. Em 2024, a temperatura média
do planeta já chegou a 1,55º, acima do limite estipulado, e mais de meio ponto
percentual acima do valor registrado em 2010. De acordo com as Nações Unidas,
será necessária uma redução de 9% ao ano, até 2030, para evitar o desastre
climático, com todas as consequências ambientais, sociais e econômicas.
A COP 30 se reúne neste momento crítico,
tendo que decidir mudanças dramáticas na organização das economias e nos
padrões tecnológicos para evitar a aceleração das mudanças climáticas. Ocorre,
contudo, em condições políticas muito desfavoráveis. Sob a presidência do
negacionista Donald Trump, os Estados Unidos, segundo maior emissor de GEE,
rejeitam as análises e projeções científicas, ignoram os problemas globais e
apostam na expansão da exploração e utilização de energia fóssil. A China,
maior emissor de GEE, tem feito um esforço de transição energética,
praticamente estacionando o volume de emissões, mas ainda investe em fontes
fósseis de energia, incluindo carvão. E a Europa que, até recentemente, avançou
mais na política de enfrentamento das mudanças climáticas, tem tido
dificuldades para aumentar as metas de redução das emissões. A cúpula não
contará com a presença de alguns dos chefes de Estado e governo que mais emitem
gases de efeito estufa: além dos Estados Unidos, China, Rússia e Índia (três
deles fazem parte do BRICS), os quatro países responsáveis por 47,5% do total
das emissões de gases de efeito estufa no planeta.
Como sede desta conferência num momento tão delicado, o Brasil pode assumir um papel de liderança mundial no tema ambiental e na negociação em torno dos objetivos de contenção da elevação da temperatura do planeta. Além de ter a maior floresta tropical da terra, o Brasil apresenta a matriz energética mais limpa do mundo, tem tido uma política efetiva de redução de desmatamento, e pode mostrar que reduziu em 16,7% as emissões de GEE em 2024 (em relação ao ano anterior). O governo brasileiro será criticado pela autorização do IBAMA para prospecção de petróleo na Margem Equatorial, bem perto de Belém, mas o Brasil ainda é o país mais bem-sucedido na área ambiental e, por isto, tem autoridade para cobrar o compromisso do resto do mundo.
Que sucesso?
Por CartaCapital
Uma semana depois, sobra só espuma da
operação desastrosa no Morro do Alemão ordenada por Cláudio Castro
A Japinha do CV escafedeu-se, seu destino é
“incerto e não sabido”, diria o delegado carioca com ares de rábula. Passada
uma semana da mais letal operação
policial da história do País, nem esse ínfimo “trunfo” resta ao governador
Cláudio Castro. Japinha, descrita como tenente da linha de frente da facção
criminosa, não estava entre os 121 mortos na batalha campal no Alemão,
incluídos quatro agentes de segurança. Nem ela nem os principais alvos da
facção incluídos na lista do Ministério Público para justificar a incursão no
morro. O Comando Vermelho perdeu soldados, mas seus generais e cabos continuam
intocados. Os moradores do complexo permanecem reféns, as finanças do crime vão
bem, obrigado, salvo engano, e a coleta de dados, a mais recente e malandra
justificativa do governo estadual para o massacre, só seria possível se as
forças de segurança tivessem em seus quadros alunos do médium Chico Xavier.
Recrutas não faltarão enquanto o Estado insistir em oferecer balas e bombas no
lugar de serviços e dignidade. Nada de novo no front.
Há muitos significados na escolha do nome da
operação, Contenção. Especialistas em segurança pública enxergam uma manobra para
deter o avanço do CV em áreas dominadas pelas milícias, nunca alvejadas por
truculência semelhante. A extrema-direita e parte do jornalismo autodeclarado
“profissional” celebram a retomada do controle da agenda política, após
sucessivas derrotas da oposição no embate com o governo Lula. O próprio Castro
conseguiu, se não conter, ao menos prolongar o julgamento no Tribunal Superior
Eleitoral que pode cassá-lo. O voto da relatora, Maria Isabel Galotti, a favor
da perda de mandato por abuso de poder econômico, foi didático e arrasador, mas
um pedido de vistas adiou a decisão da Corte para o início do próximo ano.
Ganhos pontuais e de curto prazo. Nada
indica, ao contrário do desejo convertido em vaticínio de certo colunismo, que
o tema da “segurança pública” dominará o debate presidencial do próximo ano. A
escolha do senador governista Fábio Contarato, do PT, para a presidência
da CPI do Crime Organizado desmonta um dos palcos que a
oposição bolsonarista pretendia explorar até as vésperas das eleições de 2026.
A exemplo de tantas operações anteriores nos morros cariocas, os aplausos
eufóricos da população, ouvidos no calor dos acontecimentos, serão
paulatinamente substituídos pelo silêncio do desespero da realidade cotidiana.
Não demora muito para os cidadãos perceberem que continuam encurralados na
mata, peões na disputa territorial entre os milicianos e as facções. Castro,
montado no vento, promete no mínimo dez ações do mesmo calibre. Quantas mais os
eleitores suportam, antes de se aborrecerem com mais do mesmo?
Coube ao presidente Lula resumir os fatos: “A dura realidade é que, em termos de números de mortos, alguns podem considerar a operação um sucesso. Mas, do ponto de vista da ação estatal, acredito que foi desastrosa”. Nada a acrescentar.
Fundo para preservar as florestas tropicais
merece apoio global
Por O Globo
Ideia brasileira já reuniu 50 adesões formais
e aportes de quase US$ 6 bilhões antes do início da COP30
O esforço do governo brasileiro em prol do
Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) já rendeu frutos. Concebido pelo
Brasil e elaborado em colaboração com dez outros países, o fundo precisa de
adesão da comunidade internacional e do setor privado para decolar. Depois da
declaração brasileira na Cúpula dos Líderes que antecede a COP30, o TFFF atraiu
apoio formal de 50 países e aportes de Noruega, Indonésia e França. O total já
anunciado é estimado em US$ 5,6 bilhões. Ainda é uma fração do capital
necessário para tornar a iniciativa viável (US$ 25 bilhões de governos, mais
até US$ 100 bilhões em títulos de dívida vendidos a investidores privados). Mas
é mais da metade da meta de US$ 10 bilhões traçada antes da reunião — um começo
promissor.
O TFFF inova ao premiar os países que
preservam florestas tropicais intocadas criando uma fonte de recursos para
financiar tais programas. A maioria das iniciativas voltadas à conservação
florestal tem como objetivo reduzir o desmatamento. Em geral, levantam a área
já desmatada e, a partir dessa referência, os países se comprometem a reduzir a
devastação futura, recebendo por isso. Mas esses programas, conhecidos pela
sigla REDD+, não costumam premiar países que já apresentam nível de
desmatamento baixo ou próximo de zero. Portanto, na atual arquitetura, quem
melhor cumpre o compromisso de combater o desmatamento fica sem reconhecimento
financeiro. “O TFFF preenche essa lacuna ao criar um mecanismo simples para
incentivar governos a manter a floresta em pé”, diz Juliano Assunção,
economista da PUC-Rio e diretor executivo do Climate Policy Initiative (CPI).
Em vez de privilegiar como parâmetro a
emissão de gases de efeito estufa, o TFFF dá ênfase à área florestal
preservada. O alvo são dezenas de países com florestas tropicais, a maior parte
no Hemisfério Sul. No total, são 1,27 bilhão de hectares que estocam 600
bilhões de toneladas de gases de efeito estufa. Para ter a dimensão do volume,
basta lembrar que equivale a 30% de todas as emissões desde a Revolução
Industrial.
Pensando na perenidade, o TFFF evita doações,
sempre à mercê dos humores políticos ou da conjuntura econômica. A ideia é que
governos, organizações filantrópicas e investidores privados destinem dinheiro
a uma carteira de renda fixa sob a supervisão do Banco Mundial. As recompensas
para quem conservar florestas sairão da remuneração anual desse investimento.
Há mecanismos para evitar premiar países com desmatamento alto e, ao mesmo
tempo, grande área de florestas intocadas. Outra preocupação são as finanças
locais. O pagamento aos tesouros nacionais ou fundos públicos designados não
poderá substituir o orçamento já dedicado à conservação ambiental.
Entre a ideia e a execução, muito pode dar
errado. Ainda que governos se comprometam a participar, será preciso mais
empenho para convencer o setor privado. Nem todo mundo está disposto a pôr a
mão no bolso para conservar o meio ambiente. Mesmo os simpáticos à causa têm
dúvidas em relação a questões como a auditoria da floresta conservada ou o
risco de calote nos títulos de dívida emitidos pelo fundo. Apesar dos
questionamentos, o TFFF merece ser apoiado, testado e aprimorado. A preservação
das florestas não é o único ponto da agenda ambiental, mas não haverá como
reduzir o aquecimento global sem garantir recursos a quem mantém as árvores em
pé.
Projeto potiguar de retomada territorial pode
servir de inspiração ao Rio
Por O Globo
Secretário de Segurança considera Rio Grande
do Norte estado-piloto no combate a facções criminosas
Faz sentido a ideia do secretário nacional de
Segurança Pública, Mario Sarrubbo, de oferecer ao governo do Rio o
projeto-piloto de retomada de territórios testado numa área conflagrada
do Rio Grande do
Norte. Em entrevista
ao GLOBO, Sarrubbo disse que conversará sobre o assunto com o
governador fluminense, Cláudio
Castro (PL). Trata-se de um protótipo elaborado pelo governo
federal para levar policiamento e serviços públicos a áreas dominadas por
facções criminosas. A depender dos resultados, poderá ser estendido a outras
regiões.
Desenvolvido em parceria com a Universidade
de São Paulo (USP), o projeto prevê num primeiro momento ações policiais para
prender lideranças de facções e retomar o território sequestrado pelos
criminosos. A primeira operação ocorreu no mês passado, reunindo polícias
Militar, Civil, Rodoviária Federal e o Ministério Público estadual. “A polícia
entra, satura, depois entram os serviços públicos, e a polícia vai saindo aos
poucos”, disse Sarrubbo. A iniciativa prevê serviços como Defensoria, mediação
de conflitos, iluminação, urbanismo, saúde e educação. Os primeiros resultados
deverão ser divulgados no mês que vem.
Um dos desafios está na relação conturbada
entre Planalto e Palácio Guanabara. Após a operação nos complexos do Alemão e
da Penha, Castro se queixou da falta de cooperação federal. O ministro da
Justiça e Segurança Pública, Ricardo
Lewandowski, veio ao Rio anunciar a criação de um escritório
conjunto de enfrentamento ao crime organizado, mas a relação voltou a se
deteriorar quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou a operação
como “matança”. Outro desafio é a desconfiança de ingerência nos estados. Por
uma visão equivocada, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança,
que prevê maior participação federal no combate ao crime, tem enfrentado
resistência do Congresso e de governadores oposicionistas.
O avanço das facções criminosas pelo Brasil exige resposta firme e urgente de todos os níveis de governo. O combate à violência só será bem-sucedido se houver um trabalho integrado entre todas as forças de segurança. Os estados isoladamente não conseguem enfrentar organizações criminosas que atuam em diferentes estados e fora do país. Seria saudável, portanto, que os governos federal e fluminense se unissem para retomar territórios das facções. É verdade que o projeto testado no Nordeste ainda é embrionário, mas vai na direção correta ao conjugar policiamento com a oferta de serviços públicos, seguindo experiências internacionais bem-sucedidas. É certo também que não se conseguirá reverter de uma hora para outra uma situação grave como a atual. Mas é preciso começar. Quanto mais forças se juntarem nesse esforço, maiores as chances de sucesso.
Corporativismo avança contra a reforma
administrativa
Por Folha de S. Paulo
Retirada de assinaturas de apoio é sinal das
dificuldades que a proposta enfrentará na Câmara
Lobbies de servidores defendem desde
minudências até supersalários; Estado deficitário não pode se dar ao luxo de
preservar privilégios
Um aspecto positivo do maior protagonismo
assumido pelo Congresso
Nacional nos últimos anos foi a aprovação de reformas
essenciais que ficaram empacadas por décadas, casos da trabalhista, em 2017, da
previdenciária, em 2019, e da tributária, em 2023. A administrativa deveria ser
a próxima da lista, mas suas chances não parecem promissoras neste momento.
Uma proposta de emenda constitucional
destinada a enfrentar múltiplas distorções da gestão pública nacional,
acompanhada de projetos complementares, tornou-se a aposta do presidente
da Câmara dos
Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB),
para lustrar sua passagem pelo cargo —até aqui marcada por vexames como a PEC
da Blindagem, em favor de parlamentares acusados de crimes.
O texto da reforma foi apresentado em 2 de
outubro pelo relator, o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), mas só
começou a tramitar de fato no dia 24. A demora se deveu à dificuldade de obter
as 171 assinaturas de colegas necessárias para que a proposta fosse protocolada,
o que exigiu o empenho pessoal de Motta.
Os apoios reunidos não se mostraram dos mais
sólidos, e já se
contam 16 pedidos de retirada das assinaturas. O número não chega
aos 86 necessários para impedir a circulação da proposta, mas é o bastante para
dimensionar os obstáculos pela frente —a aprovação de uma PEC depende dos votos
de 308 dos 513 deputados e de 49 dos 81 senadores.
O motivo de tanta relutância, obviamente, é o
lobby do funcionalismo público, um dos mais poderosos no Congresso.
As entidades dos servidores não aceitam nem sequer uma reforma modesta, que
deixa intocado o alcance
descabido da estabilidade do emprego no serviço público
brasileiro, anomalia no mundo.
O sindicalismo alega não mais que minudências
para se opor com estridência à proposta, como a regulamentação do trabalho
temporário ou os limites ao teletrabalho. Mais silenciosamente, corporações de
elite, especialmente do Judiciário, atuam contra o fim de supersalários e de
férias de 60 dias.
O texto da Câmara decerto não é isento de
falhas e dispositivos questionáveis, como a previsão de bônus para funcionários
que atinjam metas de desempenho —iniciativas assim não raro viram prêmios
distribuídos a todos. Mas nada disso justifica rejeitar a reforma inteira.
O período de tramitação, a menos de um ano
das eleições,
tampouco é favorável. Medidas difíceis são mais adequadas a inícios de mandato,
quando governantes e legisladores têm maior capital político. Do governo Luiz
Inácio Lula da
Silva (PT),
de DNA corporativista, não se deve esperar mobilização pelo tema. De todo modo,
o país ganhará se ao menos o debate avançar desde já.
Um Estado altamente deficitário e endividado
não pode se dar ao luxo de preservar privilégios que agravam a concentração de
renda e reduzem sua capacidade de prestar serviços à população.
Ciência de ponta para salvar amazônia e clima
Por Folha de S. Paulo
AmazonFace mostra o melhor do Brasil no
esforço global para enfrentar o aquecimento da atmosfera
Experiência inédita de grande porte, com
verbas dos governos brasileiro e britânico, pretende monitorar a interação da
floresta com CO²
O Brasil é uma terra de contrastes. Às
vésperas da COP30, o mesmo país flagelado por narcomilícias completa a
instalação do maior experimento científico do mundo numa floresta tropical,
precisamente para desvendar o enigma de seu futuro na crise do clima.
A 80 km de Manaus, o
projeto AmazonFace está pronto, como mostrou a Folha. São 96
torres de 35 metros de altura, dispostas em seis círculos com 30 metros de
diâmetro. Três dos círculos injetarão, por meio de dois tubos sustentados pelas
torres, dióxido de carbono (CO²) na parcela da mata ao longo de dez anos.
Os outros servirão como controle do
experimento, injetando só o ar ambiente, para que se possa medir a variável do
teste —aumento da concentração do gás de efeito estufa no lote.
O gasto de de R$ 260 milhões dos governos
brasileiro e britânico em tamanha infraestrutura se explica pela necessidade de
elucidar mistérios que cercam a interação complexa entre o bioma amazônico e a
atmosfera submetida ao aquecimento global.
Especula-se que a preservação e a destruição
da maior floresta tropical do planeta teriam papel decisivo nessa espiral
alarmante. A amazônia estoca
quantidade gigantesca de carbono na biomassa e no solo. Com desmatamento,
ele atinge a atmosfera como CO², agravando o efeito estufa.
Mas há um efeito paradoxal na alta
concentração desse gás, já que ele favorece o crescimento da vegetação por ser
matéria-prima da fotossíntese. Quanto mais CO² na atmosfera, mais se expande a
floresta, que retira mais carbono do ar e o fixa em sua biomassa.
Contrabalança-se, assim, parte da tendência do aquecimento.
É o conhecido efeito de fertilização por CO²,
que não se sabe por quanto tempo prosseguirá. Tal sumidouro de carbono vinha
compensando parte significativa das emissões mundiais, mas há indícios de que o
ritmo de fixação esteja desacelerando.
Não se exclui que pare de vez e torne o bioma
um emissor líquido, um cenário preocupante. Elevando a concentração de CO² em
50%, a valores que se projetam para as próximas décadas, o AmazonFace vai
monitorar o comportamento da floresta para desfazer dúvidas sobre a hipótese de
colapso, na qual decairia para
uma mata mais seca e armazenaria menos carbono.
Há algo de admirável na capacidade de instituições nacionais como Unicamp e UFPA, em parceria com o MetOffice do Reino Unido, de erguer um portento científico como esse. Trata-se da melhor face do país, em que tudo o mais deveria espelhar-se.
Proposta indecente
Por O Estado de S. Paulo
Minas Gerais apresenta oferta absurda para
zerar os juros e estender o prazo para pagar sua dívida, mas o comportamento
oportunista dos Estados foi incentivado pelo próprio governo Lula
O governo de Minas Gerais apresentou sua
proposta para aderir ao programa de renegociação das dívidas dos Estados
lançado pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva. Para abater até 20% do saldo
devedor, estimado em R$ 181 bilhões, e refinanciar o estoque em um prazo de 30
anos, sem juros, apenas com a correção da inflação, o Estado apresentou uma
lista de R$ 96,5 bilhões em ativos para a União, quase o triplo do valor mínimo
exigido para a modalidade. Se o número impressiona, basta analisar a proposta
com um pouco mais de cuidado para colocar seus termos em dúvida.
Segundo o próprio governo mineiro, cerca de
75% desse valor corresponde a recebíveis, ou seja, recursos que o Estado tem a
receber. Entre elas estão R$ 2,9 bilhões em créditos da Lei Kandir, R$ 6,5 bilhões
referentes à compensação previdenciária entre o Estado e a União e R$ 10,8
bilhões em juros de precatórios do antigo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef).
Em suma, boa parte do que Minas Gerais está
oferecendo à União é um dinheiro que a própria União, na visão de Minas Gerais,
teria de repassar ao Estado. O ativo mais valioso, equivalente a R$ 30,1
bilhões, diz respeito a transferências constitucionais do Fundo de Participação
dos Estados (FPE), que nem sequer podem ser usadas como alternativa para
negociações segundo os termos do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos
Estados (Propag).
A lista também é composta por créditos da
dívida ativa estadual no valor de R$ 2,6 bilhões, ou seja, débitos tributários
que deixaram de ser pagos ao governo mineiro por empresas e pessoas físicas e
que são considerados de difícil recuperação, e recebíveis, ou seja, dinheiro
que será pago no futuro, na forma de compensações financeiras pela exploração de
recursos minerais e hídricos e royalties de petróleo.
Por fim, o Estado ofereceu imóveis que, em
suas contas, valeriam R$ 1,9 bilhão, e participações em três empresas públicas,
sendo a principal na Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), cujo processo
não apenas não passou pelo crivo da Assembleia Legislativa como exige a
realização prévia de um referendo popular para que possa ser realizado.
Do cardápio apresentado pelo governador de
Minas Gerais, Romeu Zema, não constam, no entanto, valores referentes à
privatização da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), que acaba de
receber o aval dos deputados estaduais. E logo se presume o porquê.
A julgar pelo sucesso dos leilões do setor
desde a aprovação do marco do saneamento, os recursos arrecadados na venda da
Copasa serão líquidos e certos, diferentemente da maioria dos itens que Zema
ofereceu. Logo, eles serão utilizados para investimentos em infraestrutura, e
não no abatimento das dívidas do Estado.
Por aí se vê que a intenção do Estado não é
exatamente fazer um esforço fiscal para colocar as contas em dia. O que Minas
Gerais quer é o bônus de zerar os juros da dívida sem ter de assumir o ônus
associado.
Por incrível que pareça, é capaz de a União
aceitar essa proposta indecente. Até o momento, apenas Goiás e Sergipe aderiram
ao programa, o que fez o governo federal prorrogar o prazo de negociações para
o fim de 2026 e facilitar as condições de adesão.
Alguns Estados, como Rio Grande do Sul e Rio
de Janeiro, ainda aguardam a análise dos vetos presidenciais ao projeto pelo
Congresso neste mês, que, se derrubados, reduzirão ainda mais o esforço para
enquadramento no programa, cujo custo financeiro, para a União, será de R$ 1,3
trilhão até 2048, segundo o próprio Ministério da Fazenda.
Há que se reconhecer que os termos do Propag
são um incentivo a esse tipo de comportamento oportunista por parte dos
Estados. O governo, afinal, nem sequer exigiu que os governadores cortassem
gastos para aderir ao programa. Pediu, apenas, que eles priorizassem investimentos
em algumas áreas, como o ensino médio técnico, infraestrutura, segurança
pública, incremento da produtividade e enfrentamento das mudanças climáticas.
Achou que, dando a mão, eles não pediriam o braço, mas estava redondamente
enganado.
Soberania não é moeda eleitoral
Por O Estado de S. Paulo
Ao copiar a retórica do ‘narcoterrorismo’ de
Trump em prol de seus interesses, políticos brasileiros flertam com ações que,
a pretexto de endurecer o combate ao crime, ameaçam a soberania do País
Um funcionário do governo americano enviou
uma carta ao governo do Rio lamentando a morte de quatro policiais durante a
operação que deixou 121 mortos nos Complexos da Penha e do Alemão, no dia 28
passado. O documento, assinado por James Sparks, que representa a DEA (a
agência antidrogas dos EUA) no consulado americano no Rio de Janeiro, diz que o
governo daquele país está “à disposição para qualquer apoio necessário”, seja
lá o que esse apoio signifique. A missiva, vinda de um burocrata de quinto
escalão do governo de Donald Trump, foi recebida pelas autoridades fluminenses
como uma espécie de endosso moral à política de segurança do governador Cláudio
Castro (PL) e, ademais, serviu para acirrar a disputa política entre ele e o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Castro tem exercido uma espécie de
“diplomacia paralela” junto aos EUA. Como revelou o jornal O Globo, o governador do Rio
encaminhou à embaixada americana documentos sobre o Comando Vermelho (CV), pedindo
o apoio do país à classificação das facções criminosas brasileiras como
“organizações terroristas”. Além disso, Castro entregou pessoalmente à DEA,
durante viagem recente aos EUA, um dossiê sobre o CV. Tais ações abrem espaço
para uma ingerência estrangeira que agride frontalmente a soberania nacional.
Por alinhamento ideológico e interesse
eleitoral, políticos brasileiros vêm banalizando o envolvimento de Washington
em assuntos domésticos. A iniciativa de Castro são só as mais recentes de um
processo perturbador. O deputado Danilo Forte (União-CE), autor do projeto de
lei que classifica as facções criminosas como grupos “terroristas”, chegou a
citar Trump expressamente na justificação da proposta. O senador Flávio
Bolsonaro (PL-RJ) foi ainda mais longe: sugeriu que o secretário da Guerra dos
EUA, Pete Hegseth, bombardeasse barcos suspeitos de transportar drogas na Baía
de Guanabara, nada menos.
Desde que Trump passou a tratar os cartéis de
drogas do México e da Colômbia como “organizações terroristas”, o que tem
levado os EUA a atacar embarcações que o governo alega servirem ao tráfico no
mar do Caribe, parte da direita brasileira passou a copiar a retórica
norte-americana, como se a adesão acrítica ao trumpismo fosse um selo de
firmeza moral e correção política. O que se vê, no entanto, é uma perigosa
subserviência de oportunistas que não veem problema em sacrificar a soberania
nacional sob o altar das conveniências eleitorais de ocasião.
A ideia de classificar as facções criminosas
como grupos terroristas, como já sublinhamos nesta página, além de
conceitualmente errada, é institucional, política e economicamente temerária. O
terrorismo é um crime de natureza extraterritorial, o que significa que
qualquer indivíduo, empresa ou instituição minimamente suspeita de relação com
as facções poderia ser alvo de sanções internacionais, em especial dos EUA.
Bastaria uma denúncia, ainda que infundada, para que empresas nacionais fossem
banidas de negociações comerciais, investimentos fossem congelados e contratos
suspensos.
Tudo isso revela mais a teatralidade com que
o problema da violência tem sido tratado no Brasil do que responsabilidade das
autoridades políticas. O que políticos como Castro, Flávio Bolsonaro e Danilo
Forte, entre outros, realmente buscam é o capital simbólico da “chancela” de
Trump e a imagem de líderes implacáveis contra o crime organizado. Ao
recorrerem aos EUA como se o país fosse um irmão mais velho valentão, não
sinalizam força, mas dependência – e com alarmante desprezo pelas instituições
pátrias.
A sabujice também dificulta a integração
entre governo e oposição para resolver um problema que aflige todos os
brasileiros, independentemente de suas afinidades políticas. A representação
contra Castro feita pelo líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), ao
Supremo Tribunal Federal, acusando-o de “traição”, além de juridicamente
equivocada – a competência para julgar governadores por crimes comuns é do
Superior Tribunal de Justiça –, não é mais do que uma bravata que reforça a
polarização permanente, em detrimento da cooperação federativa que a sociedade
exige de seus representantes.
A batata quente das bets
Por O Estado de S. Paulo
Caixa pretende entrar no lucrativo segmento,
mas Lula, em campanha contra as bets, hesita
O presidente da Caixa Econômica Federal,
Carlos Vieira, anunciou recentemente que o banco estatal iria lançar uma bet
esportiva, com a expectativa de gerar uma arrecadação anual de até R$ 2,5
bilhões. A tal bet da Caixa já havia até recebido a autorização de
funcionamento do Ministério da Fazenda. Mas eis que o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva mandou suspender o projeto.
O caso mostra como as bets, como são chamadas
as onipresentes casas de apostas online, se tornaram uma batata quente para o
governo. Primeiro, como se não fossem suficientemente claros os inúmeros
problemas relacionados às bets, o governo se empenhou em aprová-las, de olho na
promissora arrecadação de impostos. Depois, quando ficaram evidentes os efeitos
danosos das bets, seja na saúde mental e financeira dos jogadores, seja pela
avenida de oportunidades que esse negócio traz para o crime organizado, o
presidente Lula passou a ameaçar as bets.
Agora, quando a Caixa Econômica Federal
anuncia que pretende entrar nesse lucrativo negócio, Lula, aparentemente sem
ter sido informado desses planos, mandou suspender tudo assim que soube. Não se
conhecem exatamente as razões objetivas da ordem, mas pode-se especular que se
trata de uma tentativa de reduzir os danos à imagem do governo, porque a
incoerência é gritante: ou bem Lula considera que as bets são nocivas e devem
ser restritas ao máximo, pagando impostos mais altos, ou entende que essas
casas de aposta vieram mesmo para ficar e, nesse caso, que o governo aufira
algum lucro com isso, por meio da bet da Caixa.
Não é de hoje que Lula se embanana com essa
questão. Recorde-se, por exemplo, que o governo mandou restringir as apostas
feitas por beneficiários do Bolsa Família, como se estes não fossem capazes de
gerenciar suas contas. Ora, se o governo considera que brasileiros possam
deixar de comer para apostar em bets, que as proíba. Uma vez que as liberou,
não pode definir como os cidadãos se comportarão. É assim que funciona numa
democracia liberal, como é supostamente a nossa.
Como Lula resolverá os dilemas acima
expostos, é lá com ele. No que diz respeito ao País, é compreensível que a
Caixa queira explorar o negócio, que está perfeitamente legalizado, a despeito
de seus inúmeros problemas. E que o governo aguente o tranco da oposição, que
não perdeu tempo. Na tribuna do Senado, Damares Alves (Republicanos-DF) afirmou
que é inaceitável que a Caixa queira “explorar o vício e a vulnerabilidade
econômica da população mais pobre”. Mas as críticas não vieram só à direita. À
esquerda, houve quem dissesse, nas redes sociais, que oferecer bet na Caixa
seria o mesmo que o Ministério da Saúde alertar sobre os efeitos prejudiciais
do cigarro e ainda assim vender maços por aí.
Ou seja, enquanto uma ala do governo diz elaborar ações para aumentar a fiscalização e o controle sobre as bets e assim reduzir os danos causados pela jogatina, uma outra pretende usar a credibilidade da Caixa Econômica Federal e sua longa relação com a população, sobretudo a mais vulnerável em razão dos inúmeros serviços de assistência social realizados pela instituição, para transformá-la numa espécie de casa de apostas oficial.
Participação na Celac deve reafirmar valores
democráticos
Por Correio Braziliense
A visita de Lula à Colômbia deve servir menos
como um gesto de solidariedade a Maduro e mais como uma oportunidade para o
Brasil reafirmar sua vocação de mediador equilibrado, comprometido com a
integração regional baseada em valores democráticos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o
Itamaraty precisam exercer grande dose de bom senso e pragmatismo durante a
participação do governante brasileiro na cúpula da Comunidade de Estados
Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), na Colômbia. A defesa da chamada
"solidariedade latino-americana" com o regime de Nicolás Maduro, sob
o pretexto de enfrentamento ao "imperialismo norte-americano", pode
custar caro ao Brasil num momento em que o país busca recompor as relações com
Washington e mitigar os efeitos do tarifaço imposto pelos Estados Unidos sobre
as exportações brasileiras.
Seria um erro monumental o governo sacrificar
essa reaproximação estratégica em nome de um regime acusado de fraudar
eleições, perseguir opositores e conduzir a Venezuela a uma prolongada crise
humanitária e migratória, como vem alertando organismos internacionais. A
diplomacia brasileira, historicamente, equilibrou-se entre a defesa da
autodeterminação dos povos e a não intervenção em assuntos internos de outros
países, mas o contexto atual exige pragmatismo.
O Brasil precisa ser voz de moderação e
equilíbrio, e não de alinhamento automático a regimes isolados. A insistência
em tratar Maduro como vítima de uma conspiração internacional, enquanto ignora
as violações sistemáticas de direitos humanos em Caracas, mina a credibilidade
de Brasília no cenário internacional e afasta parceiros importantes, sobretudo
os europeus e norte-americanos.
A tensão crescente entre os Estados Unidos e
a Venezuela, alvo de um cerco militar inédito desde a volta de Donald Trump à
Casa Branca, acrescenta um elemento explosivo à conjuntura. Segundo fontes do
próprio Itamaraty, a questão venezuelana foi mencionada em diversas reuniões
bilaterais realizadas por Lula nesta quarta-feira, em meio às prévias da COP30,
inclusive, no encontro com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der
Leyen.
Ainda assim, a presença do presidente
brasileiro na Colômbia, em meio ao agravamento da tensão geopolítica na região,
coloca o Brasil numa posição delicada. De um lado, a tradição diplomática de
defesa da soberania e da paz; de outro, o risco de ser percebido como um aliado
incondicional de Maduro, sem compromissos com a democracia e os direitos
humanos.
O pragmatismo sempre foi uma das marcas do
Itamaraty, que, em momentos críticos, soube colocar os interesses nacionais
acima de simpatias ideológicas. Agora, diante de um cenário internacional
polarizado e volátil, essa tradição precisa ser resgatada. O Brasil não tem
nada a ganhar ao se atar a um governo que se sustenta pela repressão e pelo
autoritarismo, e tudo a perder se sua política externa for percebida como
alinhada ao eixo dos regimes sancionados.
A visita de Lula à Colômbia, portanto, deve servir menos como um gesto de solidariedade a Maduro e mais como uma oportunidade para o Brasil reafirmar sua vocação de mediador equilibrado, comprometido com a paz e com a integração regional baseada em valores democráticos. Somente assim, poderá preservar sua imagem internacional e avançar nas negociações que realmente importam para o futuro do país — aquelas que abrem mercados, reduzem tensões e fortalecem sua posição como potência diplomática respeitada no Ocidente e no Sul Global.
Aumenta o número de mortes em intervenções
policiais
Por O Povo (CE)
A polícia é o braço operativo do Estado, que
detém o monopólio do uso legítimo da força. Portanto, está investida de grande
poder, que deve ser usado com prudência, nos limites estritos da lei
O ano de 2024 foi o período em que houve o
maior número de mortes provocadas por intervenção policial no Ceará, desde
2019. O levantamento é da sexta edição do relatório "Pele alvo: crônicas
de dor e de luta", mostrando que as forças de segurança foram responsáveis
por 189 mortes, aumento de 39% nos últimos seis anos. Entre as vítimas, 79,3%
são pretos ou pardos.
Aprofundando-se um pouco mais na pesquisa,
divulgada na edição de ontem, observa-se que 98,9% dos mortos eram homens com
idade até 29 anos. Ou seja, a grande maioria das vítimas é constituída de
jovens negros. "A cor da pele continua sendo o fato mais determinante para
mortes violentas praticadas pela polícia", de acordo com o relatório.
No entanto, não é possível apurar de forma
mais precisa essas características pela falta de informações mais detalhadas.
Nos documentos, obtidos pelos organizadores do documento, por meio da Lei de
Acesso à Informação, em 51,3% dos casos não constavam referências de raça ou
cor, faltando também outros dados relevantes para o estudo.
Para Fernanda Naiara, pesquisadora da Rede e
do Laboratório de Estudos da Violência (LEV-UFC), saber o número de vítimas é
importante, mas também é essencial conhecer a cor, idade, nível de formação e
locais por onde circulavam "as pessoas vitimadas pela violência
policial".
De fato, sem informações detalhadas fica
difícil estabelecer uma política para evitar abusos e o uso indevido da
violência pelas polícias, o que deveria ser de interesse de todas as
autoridades. O primeiro passo para resolver um problema é reconhecer que ele
existe — e conceituá-lo corretamente.
O comparativo com outros países não deixa
dúvida quanto à violência da polícia brasileira e como essa atuação está
disseminada. Levantamento da plataforma de notícias Uol, com dados referentes a
2023 do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, revela que as polícias militar
e civil brasileiras matam quase o triplo do que os agentes de segurança de 15
países do G20 somados. Em todo o Brasil, 4.068 pessoas foram mortas em decorrência
de intervenção policial em 2023. A população negra representou 86,2% do total
de vítimas nas unidades federativas analisadas.
É de se destacar que não se nega, por óbvio,
o direito às forças de segurança o direito de usarem a força necessária,
conforme as circunstâncias. No entanto, isso não pode ser tomado como uma
autorização para agir em desacordo com os protocolos e com a legislação que
regem a atividade.
A polícia é o braço operativo do Estado, que detém o monopólio do uso legítimo da força. Portanto, está investida de grande poder, que deve ser usado com prudência, nos limites estritos da lei.

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