Vinicius Torres Freire
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Debate no país se enreda mais e mais em picuinhas relativas à eleição de 2010 e divisão final das boquinhas
EM FEVEREIRO , Lula enviou a mensagem ao Congresso, que trata, entre outras coisas, das prioridades do governo para o ano, projetos de lei inclusive. Ninguém dá a mínima, decerto, mas o contraste entre algumas das diretrizes e o burburinho político de que nos ocupamos revela o nível da conversa fiada tanto dos projetos oficiais do governo como da vida real da política, mais e mais tragada pelo chantagismo do PMDB e pela eleição de 2010.
Entre as prioridades de Lula no Congresso estavam a reforma tributária, a reforma das agências reguladoras, a mudança da lei de licitações e a lei que limita os gastos do governo com salários de servidores.
Não se esperava quase nada da conversa de reforma tributária, dadas as divisões regionais e políticas, mas a mudança nos impostos acabou de ser exilada para o reino das fadas com a queda da receita de impostos. No lugar da reforma, houve favores do federal governo para prefeitos, favores de cunho eleitoral. Lula concedeu alguns caros caraminguás a fim de tapar os rombos das prefeituras, que querem continuar a gastar como antes da crise.
Os Estados não levaram quase nada, além de alguns créditos. Como caíram também os repasses referentes ao imposto sobre combustíveis, os governadores, do PSDB em especial, ajudaram a criar o caldo de cultura que deu na CPI da Petrobras.
O limite dos gastos com servidores, se saísse do mofo, valeria na prática só no próximo governo. Enfim, foi proposto como prioridade num ano em que houve uma das maiores altas de gastos com salários.
No lugar de melhorias fiscais, o Congresso aprovou mais um refinanciamento eterno de dívidas com o fisco. Agora, o presidente do Congresso, José Sarney, do PMDB aliado de Lula, aliou mais uma chantagem ao pacote de ameaças de seu partido. Quer colocar em votação o veto de Lula a um aumento ainda maior das aposentadorias do INSS.
As agências reguladoras continuam tão loteadas politicamente quanto dantes. O projeto de lei mofa no Congresso. Enfim, por que Lula quereria arrumar mais uma confusão no universo da boquinha no momento em que o PMDB e a "base aliada" fazem chacrinha e tumulto políticos por causa de cargos?
Lula tem ocupado seus dias de volta das Arábias em negociações acerca da CPI da Petrobras com o notório Renan Calheiros, líder das tropas de assalto do PMDB. Líderes do PSDB dizem que não esqueceram do caso da poupança e que vão armar um rolo legislativo ou jurídico assim que o governo enviar ao Congresso o projeto de tributação das cadernetas. No mais, a política politiqueira se ocupa do "plano B" para a candidatura Dilma Rousseff.
Para adicionar chantilly a esse bolo de rolo, os ministros do Supremo Tribunal Federal vão dizendo, um a um, em público ou "em conversas reservadas", para gente da oposição, que não vão deixar passar o terceiro mandato ou variantes. O projeto que tornaria possível o Lula 3 foi debatido pelo governismo extra-Planalto e deve ser apresentado nesta ou na próxima semana ao Congresso.
Enfim, há o risco de a tensão social crescer um tico, com desemprego em alta e renda em baixa. Parece que de mais nada vai se tratar nos próximos 18 meses além de eleição.
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Debate no país se enreda mais e mais em picuinhas relativas à eleição de 2010 e divisão final das boquinhas
EM FEVEREIRO , Lula enviou a mensagem ao Congresso, que trata, entre outras coisas, das prioridades do governo para o ano, projetos de lei inclusive. Ninguém dá a mínima, decerto, mas o contraste entre algumas das diretrizes e o burburinho político de que nos ocupamos revela o nível da conversa fiada tanto dos projetos oficiais do governo como da vida real da política, mais e mais tragada pelo chantagismo do PMDB e pela eleição de 2010.
Entre as prioridades de Lula no Congresso estavam a reforma tributária, a reforma das agências reguladoras, a mudança da lei de licitações e a lei que limita os gastos do governo com salários de servidores.
Não se esperava quase nada da conversa de reforma tributária, dadas as divisões regionais e políticas, mas a mudança nos impostos acabou de ser exilada para o reino das fadas com a queda da receita de impostos. No lugar da reforma, houve favores do federal governo para prefeitos, favores de cunho eleitoral. Lula concedeu alguns caros caraminguás a fim de tapar os rombos das prefeituras, que querem continuar a gastar como antes da crise.
Os Estados não levaram quase nada, além de alguns créditos. Como caíram também os repasses referentes ao imposto sobre combustíveis, os governadores, do PSDB em especial, ajudaram a criar o caldo de cultura que deu na CPI da Petrobras.
O limite dos gastos com servidores, se saísse do mofo, valeria na prática só no próximo governo. Enfim, foi proposto como prioridade num ano em que houve uma das maiores altas de gastos com salários.
No lugar de melhorias fiscais, o Congresso aprovou mais um refinanciamento eterno de dívidas com o fisco. Agora, o presidente do Congresso, José Sarney, do PMDB aliado de Lula, aliou mais uma chantagem ao pacote de ameaças de seu partido. Quer colocar em votação o veto de Lula a um aumento ainda maior das aposentadorias do INSS.
As agências reguladoras continuam tão loteadas politicamente quanto dantes. O projeto de lei mofa no Congresso. Enfim, por que Lula quereria arrumar mais uma confusão no universo da boquinha no momento em que o PMDB e a "base aliada" fazem chacrinha e tumulto políticos por causa de cargos?
Lula tem ocupado seus dias de volta das Arábias em negociações acerca da CPI da Petrobras com o notório Renan Calheiros, líder das tropas de assalto do PMDB. Líderes do PSDB dizem que não esqueceram do caso da poupança e que vão armar um rolo legislativo ou jurídico assim que o governo enviar ao Congresso o projeto de tributação das cadernetas. No mais, a política politiqueira se ocupa do "plano B" para a candidatura Dilma Rousseff.
Para adicionar chantilly a esse bolo de rolo, os ministros do Supremo Tribunal Federal vão dizendo, um a um, em público ou "em conversas reservadas", para gente da oposição, que não vão deixar passar o terceiro mandato ou variantes. O projeto que tornaria possível o Lula 3 foi debatido pelo governismo extra-Planalto e deve ser apresentado nesta ou na próxima semana ao Congresso.
Enfim, há o risco de a tensão social crescer um tico, com desemprego em alta e renda em baixa. Parece que de mais nada vai se tratar nos próximos 18 meses além de eleição.
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