DEU EM O GLOBO
"A soja de Mato Grosso custa até Santos o mesmo que de lá à China. Não é possível. Não tem cabimento"
Gisele Barcelos* e Flávio Freire
UBERABA e SÃO PAULO. Em encontro com líderes rurais em Uberaba (MG), o presidenciável José Serra (PSDB) rechaçou ontem as propagandas do governo Lula sobre investimento em infraestrutura. Segundo Serra, 70% das aplicações governamentais no setor são feitas por estados e municípios.
O tucano criticou as condições das rodovias.
— A soja de Mato Grosso custa até Paranaguá ou Santos o mesmo que de lá à China. Não é possível. Não tem cabimento.
Estamos estrangulados por infraestrutura, reflexo do baixo investimento governamental, mas também de política errada de concessões de serviços públicos, começando pelas estradas.
O tucano criticou o sistema atual de reforma agrária e a falta de políticas agressivas do governo Lula para derrubar barreiras sanitárias. Serra discursou em palanque e se intitulou o candidato da produção.
Reforçou a importância da agropecuária na consolidação do Plano Real e disse que o Brasil não terá desenvolvimento sem o setor produtivo: — E eu, presidente, seria presidente da produção. Sem isso, o país não vai para a frente.
Para o tucano, o atual sistema de reforma agrária é um problema, porque os assentamentos não conseguem produzir.
— Paga uma nota para desapropriar.
Custa R$ 40 mil, R$ 50 mil, R$ 60 mil por família assentada.
Tem cabimento depois ter que manter com uma cesta básica? Nenhum — argumentou, sem perder a chance de alfinetar o MST. — O MST não faz reforma agrária, é um movimento político com gente que não tem ideia do que acontece no meio rural.
Não pode dar dinheiro público para esses movimentos.
Serra rebateu a política externa de Lula. Disse que a taxa cambial está desfavorável ao agronegócio, e censurou o governo por não ser agressivo na derrubada de barreiras sanitárias ou na defesa do produto nacional: — Não tem política. Nem de defesa comercial, nem de penetração comercial.
Mais cedo, em sabatina do UOL e do jornal “Folha de S. Paulo”, Serra disse que gostaria de fazer, no segundo turno, “tabelinha” com Marina Silva, do PV: — Eu adoraria ser o herdeiro (dos votos do PV), mas a decisão não é minha, é dos eleitores.
Eu até toparia uma tabelinha, mas não acho que a Marina esteja fazendo algum viés, não. Agora, tenho uma proximidade grande com a área ambiental.
Me considero um ambientalista.
Mas não há nenhum tipo de entendimento político.
Serra rasgou elogios ao candidato verde ao governo do Rio, Fernando Gabeira — “é um caso único, tem apoio de todos os candidatos a presidente”. Em duas horas de sabatina, atacou o governo federal e a campanha de Dilma. Sobre privatizações, disse que os rivais fazem terrorismo eleitoral sobre o tema.
— O governo Lula privatizou dois bancos, não reprivatizou nada, e acho que essa questão é mais usada como terrorismo do que como debate. Falar “Serra vai privatizar o Banco do Brasil” é um terrorismo.
O tucano disse apostar as fichas em sua biografia política. E que caberá ao eleitor escolher a partir da história dos candidatos, em crítica velada ao currículo de Dilma na vida pública: — Quem deve dizer isso é o eleitor, que deve julgar a biografia, e não só a biografia familiar.
Mas me refiro à biografia na vida pública, coerência, experiência, o que já se fez.
Serra disse que a escolha do vice ficará para o fim do mês, mas que o assunto não o estressa.
Ele afirmou ainda que até ele tem curiosidade para saber quem será o escolhido: — Também tenho uma enorme curiosidade (sobre o vice), mas até o fim do mês se resolverá.
Essa não tem sido uma questão estressante para mim nem para o PSDB. Como temos o prazo, estamos fazendo uma boa avaliação, que some.
Serra voltou a dizer que Dilma deveria ter pedido desculpas publicamente por causa do suposto dossiê contra os tucanos: — Deveria ter afastado pessoas, pedir desculpas. O que não pode é dizer que o problema é da Receita. O que não pode é também culpar a vítima, o que significa que isso ainda vai continuar.
Acho que ela deveria pedir desculpas, sim. Do tipo: desculpa, nós erramos e estamos tomando as providências
"A soja de Mato Grosso custa até Santos o mesmo que de lá à China. Não é possível. Não tem cabimento"
Gisele Barcelos* e Flávio Freire
UBERABA e SÃO PAULO. Em encontro com líderes rurais em Uberaba (MG), o presidenciável José Serra (PSDB) rechaçou ontem as propagandas do governo Lula sobre investimento em infraestrutura. Segundo Serra, 70% das aplicações governamentais no setor são feitas por estados e municípios.
O tucano criticou as condições das rodovias.
— A soja de Mato Grosso custa até Paranaguá ou Santos o mesmo que de lá à China. Não é possível. Não tem cabimento.
Estamos estrangulados por infraestrutura, reflexo do baixo investimento governamental, mas também de política errada de concessões de serviços públicos, começando pelas estradas.
O tucano criticou o sistema atual de reforma agrária e a falta de políticas agressivas do governo Lula para derrubar barreiras sanitárias. Serra discursou em palanque e se intitulou o candidato da produção.
Reforçou a importância da agropecuária na consolidação do Plano Real e disse que o Brasil não terá desenvolvimento sem o setor produtivo: — E eu, presidente, seria presidente da produção. Sem isso, o país não vai para a frente.
Para o tucano, o atual sistema de reforma agrária é um problema, porque os assentamentos não conseguem produzir.
— Paga uma nota para desapropriar.
Custa R$ 40 mil, R$ 50 mil, R$ 60 mil por família assentada.
Tem cabimento depois ter que manter com uma cesta básica? Nenhum — argumentou, sem perder a chance de alfinetar o MST. — O MST não faz reforma agrária, é um movimento político com gente que não tem ideia do que acontece no meio rural.
Não pode dar dinheiro público para esses movimentos.
Serra rebateu a política externa de Lula. Disse que a taxa cambial está desfavorável ao agronegócio, e censurou o governo por não ser agressivo na derrubada de barreiras sanitárias ou na defesa do produto nacional: — Não tem política. Nem de defesa comercial, nem de penetração comercial.
Mais cedo, em sabatina do UOL e do jornal “Folha de S. Paulo”, Serra disse que gostaria de fazer, no segundo turno, “tabelinha” com Marina Silva, do PV: — Eu adoraria ser o herdeiro (dos votos do PV), mas a decisão não é minha, é dos eleitores.
Eu até toparia uma tabelinha, mas não acho que a Marina esteja fazendo algum viés, não. Agora, tenho uma proximidade grande com a área ambiental.
Me considero um ambientalista.
Mas não há nenhum tipo de entendimento político.
Serra rasgou elogios ao candidato verde ao governo do Rio, Fernando Gabeira — “é um caso único, tem apoio de todos os candidatos a presidente”. Em duas horas de sabatina, atacou o governo federal e a campanha de Dilma. Sobre privatizações, disse que os rivais fazem terrorismo eleitoral sobre o tema.
— O governo Lula privatizou dois bancos, não reprivatizou nada, e acho que essa questão é mais usada como terrorismo do que como debate. Falar “Serra vai privatizar o Banco do Brasil” é um terrorismo.
O tucano disse apostar as fichas em sua biografia política. E que caberá ao eleitor escolher a partir da história dos candidatos, em crítica velada ao currículo de Dilma na vida pública: — Quem deve dizer isso é o eleitor, que deve julgar a biografia, e não só a biografia familiar.
Mas me refiro à biografia na vida pública, coerência, experiência, o que já se fez.
Serra disse que a escolha do vice ficará para o fim do mês, mas que o assunto não o estressa.
Ele afirmou ainda que até ele tem curiosidade para saber quem será o escolhido: — Também tenho uma enorme curiosidade (sobre o vice), mas até o fim do mês se resolverá.
Essa não tem sido uma questão estressante para mim nem para o PSDB. Como temos o prazo, estamos fazendo uma boa avaliação, que some.
Serra voltou a dizer que Dilma deveria ter pedido desculpas publicamente por causa do suposto dossiê contra os tucanos: — Deveria ter afastado pessoas, pedir desculpas. O que não pode é dizer que o problema é da Receita. O que não pode é também culpar a vítima, o que significa que isso ainda vai continuar.
Acho que ela deveria pedir desculpas, sim. Do tipo: desculpa, nós erramos e estamos tomando as providências
Nenhum comentário:
Postar um comentário