Érica Fraga
SÃO PAULO - A rapidez com que o governo federal anunciou na última semana reduções de impostos para tentar reanimar a economia parece confirmar o risco apontado por alguns: 2012 poderá ser tão ruim quanto 2011, ou ainda pior.
Ninguém bota fé na previsão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que as medidas apresentadas na quinta-feira garantirão crescimento de 5% em 2012.
Na verdade, pouca gente parece acreditar que o governo realmente aposte nesse prognóstico, dado o cenário sombrio da economia mundial, com a União Europeia à beira do precipício e os Estados Unidos se recuperando lentamente.
A desoneração tributária dos setores beneficiados pelo pacote da semana passada vai ajudar a frear o enfraquecimento do consumo das famílias brasileiras. O reajuste de 14,6% do salário mínimo previsto para 2012 também dará a sua contribuição.
Mas a principal causa da desaceleração econômica no país até agora não parece ser o consumo interno.
Pelo contrário, o Brasil é um dos poucos países grandes que contam com certo dinamismo da demanda doméstica, ainda que haja evidência de desaceleração.
O problema é que a indústria nacional não tem conseguido tirar proveito disso.
Um índice que mede o desempenho do setor industrial no Brasil e em vários outros países -calculado pelo banco HSBC em parceria com a consultoria Markit- mostra que a indústria brasileira foi a primeira do mundo emergente a começar a se contrair, em junho deste ano.
Embora o setor exiba sinais de fraqueza na maioria dos países emergentes, o Brasil é um dos que apresenta pior desempenho.
O dado mais recente indica que o índice caiu por seis meses consecutivos até novembro.
E não há muito o que o governo possa fazer no curto prazo para melhorar a competitividade do setor industrial.
O risco é que a crise mascare esse sintoma e nada de significativo seja feito para atacar os problemas que ameaçam a indústria brasileira no longo prazo.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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