Não há garantia de que a reforma ministerial, programada para o começo de 2012, terá o tamanho e o impacto especulados.
Dilma tem quatro motivos para mexer na equipe: substituir os candidatos a prefeito, esterilizar as pastas atingidas por denúncias de corrupção, trocar os fracos e calibrar a participação dos partidos aliados.
Fala-se, ainda, em tirar proveito e enxugar repartições -um jeito de tornar positivo algo que nasceu como resposta ao noticiário negativo.
Desses cinco fatores, porém, apenas um exige resposta rápida de Dilma. Os candidatos precisam sair até abril, prazo da Justiça eleitoral.
Nada impede que o Planalto prefira diluir as demais mudanças. Carlos Lupi (PDT), servidor-fantasma e ministro-zumbi do Trabalho, por exemplo, acaba de dançar.
Ou pegue o caso do Desenvolvimento Agrário, cujo titular, Afonso Florence (PT), tem sido regularmente incluído na lista da degola.
Ele de fato teve ano discreto, mas porque acatou a ordem superior de frear a indústria da desapropriação: desistiu das metas de assentamento, reduziu a autonomia do Incra e pediu o cadastro de terrenos.
Dilma não vilaniza ruralistas nem subestima a importância do agronegócio. Considera a terra um dos principais ativos do país e por isso só defende uma reforma agrária bem planejada, com logística para o combate eficiente à pobreza rural.
Por que, então, tirar Florence agora? Para agradar a ala petista mais estridente e próxima dos movimentos sem-terra? Faz pouco sentido.
O troca-troca nos ministérios, além disso, requer muita energia. Vide a demora de todo presidente para pôr de pé o seu time de largada. Alojar fulano implica desalojar beltrano.
Dilma, que não tem inclinação para a micropolítica e até hoje nunca delegou a alguém esse tipo de operação, anda mais preocupada com as perspectivas de desaceleração da economia, no que tem toda a razão.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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