Líderes querem que Pimentel se explique no Congresso; para Planalto, cifras não são "tão astronômicas assim"
Mônica Tavares, Fábio Fabrini e Thiago Herdy
BRASÍLIA e BELO HORIZONTE. Os partidos de oposição querem que o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, explique ao Congresso os contratos de sua empresa, a P-21 Consultorias e Projetos Ltda. Como revelou O GLOBO ontem, o escritório de Pimentel faturou ao menos R$2 milhões em 2009 e 2010, período entre ele deixar a Prefeitura de Belo Horizonte e assumir o ministério, tendo atuado ainda como um dos homens-fortes da campanha da então candidata à Presidência Dilma Rousseff. Para parlamentares, suas atividades de consultoria têm indícios de tráfico de influência, e Pimentel precisa dissipá-los.
No Palácio do Planalto, a avaliação foi que a atividade de consultor de Pimentel é de amplo conhecimento e foi empreendida quando ele não ocupava cargo público. As cifras também não foram consideradas "tão astronômicas assim", não havendo razão para suspeitas.
Esta semana, o líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA), vai discutir com os demais líderes oposicionistas a apresentação de um pedido de convocação de Pimentel. O líder do PPS, Rubens Bueno (PR), disse que vai fazer um requerimento de informações ao ministro. Para ele, o caso sugere que a expectativa de nomeação de Pimentel servia como "cartão de visitas para arregimentar clientes".
- O caso parece ter muita similitude com o do ex-ministro Palocci. Mostra que as pessoas do PT que teriam influência num eventual governo Dilma, enriqueceram e usaram dessa posição para isso - acusou ACM Neto, afastando a hipótese de investigação por improbidade administrativa, a exemplo do que ocorreu com Palocci, porque Pimentel não tinha cargo público à época das consultorias.
Porém, tanto ACM Neto quanto o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) acreditam que o MP deveria investigar a possibilidade de tráfico de influência:
- Óbvio que Pimentel precisa dar explicações convincentes, a consultoria foi em um período complicado e o que parece é que ele estava negociando com o poder público, que o cliente era o poder público - disse Torres.
O líder do PSDB na Câmara, deputado Duarte Nogueira (SP), destaca que a construtora mineira Convap, uma das clientes de Pimentel, assinou dois contratos, no valor de R$95,3 milhões, com a Prefeitura de Belo Horizonte, da qual o ministro é aliado e onde mantém influência, especialmente na Secretaria de Obras Públicas:
- Pimentel foi prefeito e mantém pessoas de sua confiança na administração de Belo Horizonte. Ele precisa vir a público para que não pairem dúvidas.
O presidente do PSDB em Minas, deputado federal Marcus Pestana, cobra explicações:
- Temos uma relação de respeito com o ex-prefeito e ministro, mas aguardamos esclarecimentos. As pessoas têm o direito de trabalhar e ganhar dinheiro, mas é preciso ver se há conflito de interesses.
O líder do bloco governista na Assembleia Legislativa de Minas, deputado estadual Bonifácio Mourão (PSDB), pretende pedir ao MP que investigue as circunstâncias em que foram prestadas as consultorias e o sucesso de clientes de Pimentel em contratos com a Prefeitura de Belo Horizonte.
FONTE: O GLOBO
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