terça-feira, 30 de abril de 2013

Enquanto isso...'Não há quem nos derrote', diz Dilma após ouvir vaias

Presidente enfrenta protesto de produtores rurais contrários às demarcações de terras em Mato Grosso do Sul

Luciana Nunes Leal - Enviada Especial

CAMPO GRANDE - Nas duas horas em que participou ontem da solenidade de entrega de 300 ônibus escolares a 78 municípios de Mato Grosso do Sul, a presidente Dilma Rousseff foi vaiada, fez apelos para que o brasileiro não tenha "complexo de vira-lata" - "não há quem nos derrote" - e ouviu apoio explícito ao seu projeto de reeleição em 2014.

Produtores rurais organizaram um protesto no meio do evento de ontem, realizado no hipódromo de Campo Grande, com faixas e cartazes contra a Fundação Nacional do índio (Funai). Os manifestantes cobravam do governo a suspensão das demarcações das terras indígenas até que o Supremo Tribunal Federal se manifeste sobre o tema. "Demarcação não", gritavam, inclusive na hora do discurso. Alguns usavam camisetas com a inscrição "O Brasil que produz pede socorro".

Os produtores reclamam que a Funai quer demarcar terras legalizadas. Eles se reuniram no domingo e ontem com representantes da Secretaria-Geral da Presidência e devem se encontrar, na próxima semana, com o ministro Gilberto Carvalho. O presidente da Federação de Agricultura de Mato Grosso do Sul (Famasul), Eduardo Riedel, disse ter entregue à presidente um documento com reivindicações.

Em resposta à hostilidade dos produtores, aliados de Dilma e do governador André Puccinelli (PMDB) gritavam "Demarcação sim" e outras palavras pró-Dilma. "Acho bom vocês gritarem, democracia é isso também. Só me deixem concluir", disse Dilma no discurso.

A presidente aproveitou o clima para mandar recados à oposição. Citou o cronista e dramaturgo Nelson Rodrigues ao dizer que o Brasil não pode ter complexo de vira-lata". "Não tem quem nos derrote se não acharmos que estamos derrotados. Enterramos nos últimos dez anos o complexo de vira-lata", disse ela, em referência ao período do PT à frente do governo federal "Hoje, além de mostrar um futebol fantástico, mostramos também que somos capazes de distribuir renda, somos um país mais estável, que controla sua inflação, que tem a menor taxa de desemprego. O Brasil hoje é um país muito melhor do que era há décadas atrás", disse. Dilma chegou a chamar o Estado de "Mato Grosso" e provocou protestos da plateia. Desculpou-se em seguida, incluindo o "Sul", e passou a elogiar as belezas locais como a cidade de Bonito.

Empolgado com a presença de Dilma, o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, Gerson Domingos (PMDB), chegou a afirmar: "O futuro está na sua reeleição".

Ônibus. Depois de um conflito entre os governos federal e estadual por causa da paternidade do programa Caminho da Escola - de compra de ônibus -, Dilma e Puccinelli entregaram chaves de 300 veículos a 78 prefeitos.

Conforme revelou o Estado há uma semana, o desentendimento aconteceu porque adesivos do governo de Mato Grosso do Sul foram colados sobre o logotipo do governo federal, que acabou sumindo. Puccinelli atribuiu o caso a um erro. Nos ônibus entregues ontem, havia adesivos "federais" e "estaduais".

Fonte: O Estado de S. Paulo

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