Protagonistas da corrida ao Planalto vão aproveitar o feriado em clima eleitoral. Dilma anunciará pacote, Aécio estará em festa sindical e Eduardo visitará trabalhadores
Karla Correia, Juliana Braga
Eleita em 2010 com o apoio das centrais sindicais, que hoje não economizam críticas ao governo federal, Dilma Rousseff deve se manter afastada da tradicional comemoração do 1º de maio, amanhã, em São Paulo. No entanto, ela quer aproveitar o Dia do Trabalho para agradar ao público das classes C, D e E, com um novo pacote para estimular o consumo. Uma das novidades deve atender diretamente os beneficiários do Minha Casa, Minha Vida, com uma linha de financiamento para a compra de eletrodomésticos, sobretudo geladeiras, fogões e máquinas de lavar roupa, com taxas de juros mais baixas do que as praticadas hoje.
A estratégia de casar datas comemorativas ao lançamento de pacotes vem sendo explorada com frequência pelo governo. No ano passado, o Dia das Mães serviu de mote para a presidente apresentar o Brasil Carinhoso, voltado para o atendimento a gestantes e crianças até 6 anos. No pronunciamento do último Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, Dilma anunciou a desoneração integral da cesta básica.
Os efeitos práticos dos programas e pacotes de bondades, contudo, têm submetido o governo a constrangimentos. A esperada queda nos preços dos produtos da cesta básica em decorrência da desoneração acabou não acontecendo a contento. Da mesma forma, o benefício a mutuários do Minha Casa, Minha Vida acontece em um momento em que o programa é alvo de denúncias de fraudes e críticas pela má qualidade dos imóveis entregues pelas empreiteiras participantes do programa.
No campo político, os pacotes do Planalto não têm ajudado a reduzir as críticas dos sindicatos. “As medidas são todas muito boas, mas não mudam o fato de que a presidente se recusa a falar com o trabalhador”, reclama o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna.
O principal motivo de descontentamento das centrais com o governo, no momento, é a ausência de resposta em relação às reivindicações entregues no início de março, quando as entidades fizeram uma marcha a Brasília. “O governo estende a mão aos empresários, corta tributos e não exige que, em troca, sejam mantidos os empregos. A presidente recebe muito mais empresários do que trabalhadores, do que sindicatos. Falta a ela essa noção de que tem que conversar com o trabalhador”, critica Juruna.
O clima ruim entre a presidente e as centrais acabou fazendo das comemorações do Dia do Trabalho um cenário atraente para a oposição. Possível adversário de Dilma nas urnas em 2014, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) deve comparecer à festa organizada pela Força Sindical, transformando o 1º de Maio em um ambiente hostil à presidente. Ciente da atmosfera pesada em relação ao governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve se ausentar tanto da festa da Força quanto das celebrações organizadas pela Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Depois de entrar em rota de colisão com o Palácio do Planalto, por conta do tom crítico de seu discurso na propaganda do seu partido, na semana passada, o presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, também decidiu não comparecer às festas das centrais. “Escolhemos passar junto dos trabalhadores sertanejos, que estão passando por um momento duro, com a pior estiagem dos últimos 50 anos”, declarou o governador, outro possível rival de Dilma em 2014.
Apesar das animosidades, o provável representante de Dilma nas festividades, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse ontem que o governo terá “muito o que comemorar” ao lado das centrais. “Nós ainda vamos discutir com a presidente para ver se tem alguma coisa nova para colocar sobre as empregadas domésticas ou outra questão qualquer sindical”, afirmou o ministro.
Fonte: Correio Braziliense
Nenhum comentário:
Postar um comentário