Senadores e deputados exigem providências de Dilma
BRASÍLIA O imobilismo e a demora do governo em se manifestar sobre os protestos de rua levaram políticos governistas e de oposição a cobrarem desde as primeiras horas do dia uma reação mais efetiva da própria presidente Dilma Rousseff. Alguns aliados diziam, reservadamente, que o governo estava desorientado e deveria agir com firmeza para acalmar a população. Antes do pronunciamento da presidente na TV, em nome da oposição, o presidente do PSDB e presidenciável Aécio Neves (MG) cobrou que ela falasse à nação. Das tribunas do Senado e da Câmara, os poucos presentes cobraram providências.
O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), um aliado crítico do Planalto, falou de arrogância e cobrou compromissos com reformas verdadeiras:
- Os governos sempre têm um padrão de arrogância, e o governo Dilma não está diferente. O governo está desorientado e precisa tirar a cera do ouvido. Todo mundo se acha acima da discussão política, mas a população quer, sim, reforma tributária, porque acha que paga muito imposto, e não quer o loteamento de cargos. Ou o governo desperta para a necessidade da política em termos orgânicos, ou continua na prática do "é dando que se recebe".
No meio da tarde, Aécio cobrou, por nota: "Tendo em vista a dimensão alcançada pelos últimos eventos, o país continua aguardando a palavra da presidente da República aos brasileiros". O próprio tucano decidiu cancelar, em razão da crise, viagens para um roteiro de festas juninas mais tradicionais do Nordeste que havia programado para o fim de semana, quando encontraria o governador e também candidato à Presidência, Eduardo Campos (PSB).
Líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) admitiu que não se conseguiu identificar ainda o estopim dos protestos:
- O que não consigo decifrar, e ninguém, é essa liga que ocorreu num dado momento.
- O movimento é legítimo, gigantesco, provoca impacto, e é preciso humildade e sensibilidade para ouvir as ruas. Nós ouvimos e agora vamos usar os meios de comunicação, dizer o que estamos fazendo - disse o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), defendendo a fala de Dilma.
O ex-presidente do PT Ricardo Berzoini defendeu que o governo deve esclarecer o seu papel na preparação da Copa:
- O governo tem obras na área de mobilidade urbana. O problema é comunicação. Tem muita desinformação, é preciso esclarecer que muitos dos recursos para os eventos não são orçamentários, são financiamentos, e que os eventos trarão recursos para o país.
O senador Eunício Oliveira (CE), líder do PMDB, também deu seu recado à presidente:
- Temos que corrigir distorções. A presidente tem o que mostrar e tem sensibilidade para, se necessário, corrigir rumos.
Fonte: O Globo
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