O banco de fomento deve financiar 70% do total de obras que precisarão ser feitas pelos futuros donos do aeroportos do Galeão e Confins. Os terminais serão leiloados hoje na Bolsa de São Paulo, após dois anos de mudanças nos editais. Há exigência de obras no valor de R$ 9,2 bi pelas próximas três décadas.
BNDES deve financiar R$ 6 bi nos aeroportos
Henrique Gomes Batista
Os vencedores entre os cinco consórcios privados que disputam hoje os aeroportos do Galeão e de Confins (MG), em leilão marcado para as 10h na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), deverão buscar a maior parte do financiamento de obras estimadas em R$ 9,2 bilhões nos cofres do BNDES. O banco abriu linha de crédito especial para financiar até 70% dos investimentos, ou R$ 6,44 bilhões. Este modelo repete o que ocorreu nos três primeiros aeroportos concedidos — os paulistas Cumbica (Guarulhos), Viracopos (Campinas) e Brasília —, que já fecharam empréstimos no total de R$ 2,880 bilhões com o banco estatal.
Este valor deverá subir substancialmente até o fim do ano, pois até agora a soma se refere apenas aos chamados "empréstimos-ponte" enquanto aguardam a aprovação final do financiamento de suas obras. Na primeira rodada de privatizações de aeroportos, em fevereiro de 2012, o limite financiável pelo BNDES era ainda maior: 80% dos investimentos.
A dependência pelo dinheiro público ocorre mesmo com a expectativa de elevados ágios no leiIão e empresas altamente capitalizadas nos consórcios. A avaliação é que os recursos próprios dos grupos sejam direcionados ao pagamento das outorgas e aos meses de transição nos aeroportos. A facilidade e a baixa taxa de juros do BNDES fazem com que o uso do financiamento do banco seja praticamente "obrigatório" segundo fontes. E nos aeroportos também deverá se repetir a modelagem adotada em obras de rodovias — em que o financiamento é complementado por emissão de debêntures.
Interesse de bancos privados
Os leilões de Galeão e Confins também devem atrair o interesse de bancos privados, dispostos a financiar parte dos investimentos. O Santander, por exemplo, espera aprovar crédito de US$ 10 bilhões para projetos de infraestrutura nos próximos três anos, incluindo aeroportos. O banco já participou de um empréstimo-ponte concedido a um dos aeroportos já licitados, mas não revela o montante nem a empresa que contratou o crédito.
— Temos forte presença internacional em projetos de financiamento de aeroportos e queremos repetir isso no Brasil — diz Mauro Albuquerque, superintendente de Project Finance do Santander.
De acordo com ele, há 60 projetos de infraestrutura na fase de assessoria e estruturação no banco, que, no total, somam R$ 300 bilhões em investimentos. Nem todos os projetos serão convertidos em concessão de crédito, mas Albuquerque avalia que boa parte deles chegará a esse estágio.
Um dos aeroportos que recorreram a bancos privados para financiar seus investimentos foi o de Viracopos, em Campinas (SP), controlado pela Triunfo, em parceria com a Constran e a francesa Egis. Até agora, o concessionário já obteve um empréstimo-ponte do BNDES de R$ 1,192 bilhão e outro de R$ 300 milhões junto a bancos privados, ambos com prazo de 19 anos. O consórcio também emitiu R$ 300 milhões em debêntures, com vencimento em oito anos. Viracopos receberá investimentos de R$ 9,5 bilhões ao longo de 30 anos de concessão.
No caso do aeroporto de Brasília, foi obtido um empréstimo de R$ 488 milhões, além do uso de recursos próprios dos acionistas. A empresa espera obter, ainda este ano, a aprovação de seu financiamento definitivo. No aeroporto de Guarulhos, o BNDES já concedeu empréstimo de R$ 1,2 bilhão.
Leilão por lance em viva-voz
A fórmula do leilão de hoje, para Galeão e Confins, será semelhante à adotada na primeira rodada de concessão de aeroportos. Os três grupos que apresentarem as maiores propostas de outorgas, ou os que apresentarem ofertas superiores a 90% do valor da maior oferta, poderão fazer lances em viva-voz.
O leilão impede que um mesmo grupo vença o Galeão e Confins. Galeão será concedido por 25 anos, Confins, por 30 anos. Nos dois casos, a lnfraero continua como sócia, com 49% de cada terminal.
Fonte: O Globo
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