Já Carvalho diz que está de coração sangrando por companheiros presos
Catarina Alencastro, Gustavo Uribe
BRASÍLIA e SÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, de forma indireta, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, e sugeriu que o rigor da lei está sendo aplicado de forma desproporcional para os petistas. Lula disse que a legislação "parece que só vale para o PT" e, ao tratar do cumprimento dos primeiros dias de prisão dos mensaleiros em regime fechados, afirmou que a decisão deve ser cumprida como foi determinada, "e não pela vontade de alguém". Segundo ele, não se pode "tripudiar em cima da condenação" de pessoas, "sem respeitar o histórico" delas.
— Nós temos companheiros condenados, temos sentença dada. A pena de cada companheiro está determinada já. O que não pode é tentar tripudiar em cima da condenação das pessoas, sem respeitar o histórico das pessoas e a lei — afirmou Lula.
Para ele, a lei deve valer também paia todos, inclusive para os adversários do PT. A referência ocorre em meio a denúncias de corrupção que envolvem outros partidos, em contratos firmados com o governo tucano de São Paulo.
— Eu acho que o nosso lema é o seguinte: para nós, todo e qualquer cidadão deve ser inocente até que se prove o contrário. Na hora que provar que está errado, puna quem quer que seja, seja meu parente seja adversário. A lei é para todos. Isso vale para nós, isso vale para eles. Agora, me parece que a lei só vale para o PT — disse o petista, que completou:
— Nós precisamos ter coragem de fazer esse debate político no momento certo. E a resposta que a gente dá para eles não é ficar com ódio, xingando, fazer igual eles fazem conosco. A resposta que a gente vai dar para eles é garantir o segundo mandato da companheira Dilma Roussef.
O líder da sigla defendeu ainda que a resposta que os militantes petistas devem dar não é com ódio ou xingamento, mas com a reeleição da presidente Dilma Rousseff na disputa do ano que vem. O líder petista participou ontem de evento de discussão das estratégias do PT para as eleições do ano que vem em São Paulo, o qual se transformou em ato em defesa dos petistas presos no escândalo do mensalão.
Carvalho ataca financiamento privado
Petista histórico e um dos mais fiéis aliados de Lula, o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse ontem que está com o "coração sangrando" por ver presos os companheiros de partido. Afirmando que o PT foi induzido a práticas condenáveis por conta do financiamento privado de campanha, mas sem reconhecer a existência do mensalão, o ministro disse que, sem a reforma política, não é possível melhorar o sistema nem aprofundar a democracia.
— Sem reforma política, nós não temos condição de aprofundar a democracia no país. E não temos a condição de ter partidos decentes no país, Eu digo isso com o coração sangrando, porque nós estamos sangrando com o sofrimento dos nossos companheiros que estão passando o que estão passando nesses dias, eu nem preciso falar — desabafou Gilberto, em discurso para delegados dos movimentos sociais na 5ª Conferência Nacional das Cidades, em Brasília.
Ainda sem fazer referência ao escândalo, Carvalho argumentou que o financiamento privado de campanhas levou o partido a, eventualmente, incorrer em atos de corrupção.
— Vamos lembrar que tudo isso é decorrência de uma prática a que nós fomos sempre induzidos por causa do maldito financiamento empresarial de campanha.
Fonte: O Globo
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