As prisões de três ilustres representantes do PT, partido há uma década no poder, está sendo deveras educativa para todos, sobretudo para a "classe dominante".
Depois de o ministro da Justiça reconhecer que as prisões brasileiras são "medievais", um ministro do STF condena as "condições desumanas" delas, enquanto o governador do DF e parlamentares petistas fazem romaria à Papuda.
Ali se criaram duas categorias de presos e de visitantes, a ponto de a Promotoria lançar uma espécie de manifesto clamando por "isonomia".
Enquanto avós, mães, mulheres, namoradas e filhos de detentos pobres e anônimos passavam noites na fila, submetidos a vexames para visitar seus entes queridos, estava tudo bem. Mas, agora, há a comparação. Virou o "nós" contra "eles".
Por falar em isonomia, a justa comoção nacional pelo estado de saúde de Genoino tem de se repetir quando sair o mandado de prisão de Roberto Jefferson. Ele não é do PT e não tem militância para acampar na Papuda, mas foi quem fez o favor ao país de abrir a caixa-preta do mensalão.
Genoino é cardiopata e acaba de passar por uma cirurgia muito delicada. Jefferson teve câncer e diz que perdeu o duodeno e parte do estômago, do intestino, do fígado e do pâncreas, além de ter anemia e ser diabético.
Se um tem o legítimo direito a prisão domiciliar ou hospitalar, o outro também tem, certo? E, se não conseguir, que não o metam na Papuda com Dirceu, Delúbio e os demais condenados. Seria jogar um "sabiá gigante" (como o pai de Jefferson se refere a ele) na gaiola dos gatos. Mais "medieval" e "desumano", impossível.
Foi por essas e outras que um ministro do STF chegou ao ponto de praticamente defender a fuga de Pizzolato e o vice-presidente da República até a elogia. Foi "competente", disse.
Tudo isso é educativo, sim. E serve para ensinar que ainda falta muitíssimo para o Brasil amadurecer.
Fonte: Folha de S. Paulo
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