Em 15 de setembro de 2006 – véspera das eleições para governadores e presidente da República – alguns integrantes do PT foram pegos pela PF em um hotel de São Paulo com malas cheias de dinheiro – 1,7 milhões de reais – até hoje de origem desconhecida, cuja finalidade era comprar um dossiê ( falso, é claro ), fabricado por uns empresários delinquentes do Mato Grosso, que acusaria o candidato ao governo de São Paulo, José Serra, de ter relação com o escândalo dos sanguessugas, termo usado para identificar o desvio de dinheiro, em 2006, para a compra de ambulâncias, quando Serra era Ministro da Saúde. As investigações e depoimentos dos suspeitos demonstraram que o conteúdo do dossiê era falso e o episódio notabilizou a expressão “aloprados”, usada por Lula para designar os acusados de comprar o dossiê, alias seus companheiros de partido.
O homem que transportou a mala para o hotel foi Hamilton Lacerda, vereador do PT de São Caetano do Sul e um dos coordenadores da campanha de Aloizio Mercadante, então candidato a governador e que seria o beneficiário do escândalo. Foi indiciado pela PF por lavagem de dinheiro, mas a origem do 1,7 milhão nunca foi esclarecida e foi afastado da campanha de Mercadante e expulso do PT. Virou fazendeiro no sul da Bahia em sociedade com um ex-assessor de Antonio Palocci, Juscelino Dourado, da turma de Ribeirão.
Hamilton Lacerda havia se desfiliado do PT em 2006, no bojo do escândalo, mas retornou em 2010 pelas mãos do padrinho: Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo do Campo.
Em junho de 2012, a Justiça aceitou a denúncia contra Lacerda e mais oito pessoas envolvidas na elaboração do dossiê fajuto. Eles responderão pelos crimes de lavagem de dinheiro e operação fraudulenta de câmbio.
A visita da presidente Dilma Rousseff ao ABC Paulista, no dia 19 de agosto de 2013, coroou a ressurreição do petista Hamilton Lacerda. Lacerda voltou à política pelas mãos do prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, e assumiu no fim de julho deste ano a diretoria de Projetos do Consórcio Intermunicipal do ABC. É ele quem vai cuidar de R$ 200 milhões da União prometidos para a região para 2014. Isso mesmo tendo sido a denúncia recebida pela Justiça e ele, portanto, estar sendo processado. Dilma e Luiz Marinho não se mostram preocupados. Já faz parte do DNA deles.
É evidente que uma operação de tal porte ( a compra do dossiê ) não foi orquestrada somente pelo Hamilton Lacerda e seu bando. Não há hipótese de se imaginar que o eventual beneficiário - Aloisio Mercadante – não tivesse conhecimento da ação programada. Assim como, a meu ver, também não há hipótese do Lula desconhecer a questão. Poucos dias antes do próprio dia 15 em que os bandidos foram pegos, o proprietário da revista “Isto É” estivera em audiência com Lula. Não foi sobre poesia que falaram. Nem sobre o futuro do Brasil. Acertaram a publicação das denúncias. Quando Lula, irritado, usa o termo aloprados, não se refere à operação em si, não a condena. Sugere a incompetência de seus companheiros em realizá-la sem serem desmascarados. Na cabeça do Lula, vale tudo.
Agora Aloizio Mercadante é premiado. Já fora, sem mostrar resultados expressivos, guindado ao Ministério de Ciência e Tecnologia e, em seguida, ao Ministério da Educação. Pula de galho em galho e produz muito pouco.
Agora vai para a Casa Civil. Daí, certamente, para as trevas, como foram, José Dirceu, Palocci e Erenice Guerra.
Quanto mais alto, maior é a queda.
Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB
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