Murillo Camarotto
RECIFE - O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), negou ontem que tenha convidado o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, para filiar-se ao PSB. Campos também negou ter pedido à ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon - candidata ao Senado pelo PSB da Bahia - que atuasse junto a Barbosa.
"Não tive nenhum contato com o ministro Joaquim Barbosa sobre questão de filiação partidária ou candidatura. Também não tomei nenhuma iniciativa de solicitar a qualquer pessoa que fizesse esse contato", disse Campos, que admitiu, no entanto, considerar natural que a ex-ministra converse com seus colegas sobre a possibilidade de filiação partidária.
Questionado se Barbosa seria bem-vindo no PSB, Campos, que é presidente nacional do partido, desconversou. "Não vou discutir essas coisas sob hipótese e nem pelos jornais. Joaquim Barbosa preside a Suprema Corte brasileira e quem pertence à Suprema Corte não pode ter filiação partidária. Portanto, não cabe a um governador se dirigir pela imprensa tratando de questão política", disse.
Um interlocutor privilegiado do governador disse considerar improvável que Barbosa concorra a algum cargo em 2014. "Essa candidatura comprometeria toda a aura de idoneidade e legitimidade da atuação do ministro durante o julgamento do mensalão", disse a fonte.
Além de negar o convite a Barbosa, o governador fez uma crítica ao que chamou de perda de competitividade da indústria nacional. Campos ironizou o fato de o Brasil ser um dos maiores exportadores de minério de ferro do mundo e, ao mesmo tempo, ser obrigado a importar trilhos para poder equipar suas estradas de ferro.
"Não estamos falando de foguetes, mas de trilhos para serem usados no metrô, no VLT [veículo leve sobre trilhos] e nas nossas estradas de ferro", disse Campos, após lembrar que o Brasil está entre os principais exportadores de minério do mundo.
Na mesma linha, o governador de Pernambuco criticou de forma enfática a crescente importação de combustíveis pela Petrobras, mesmo anos após o Brasil ter descoberto as gigantescas reservas de petróleo na camada pré-sal.
A afirmação foi feita, coincidentemente, duas semanas após Campos dizer, em Brasília, que o governo federal liderado pelo PT havia "saído dos trilhos". Pré-candidato à Presidência da República, Campos já começou a desenhar seu programa de governo na área econômica, conforme informou a edição de ontem do Valor.
Durante palestra sobre gestão pública, ontem, no Recife, o governador disse que o principal desafio da indústria nacional é ganhar produtividade. "É a melhor forma de proteger nossa matriz produtiva", disse Campos, que na campanha deve propor maior abertura de economia nacional.
Com discurso de economista - ele é formado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) -, Campos disse que o governo federal acertou ao adotar "ferramentas keynesianas clássicas" para combater os primeiros efeitos da crise econômica internacional.
O pré-candidato, no entanto, avalia que as desonerações fiscais adotadas para incentivar o investimento e o consumo não estão mais dando resultado e enxerga a necessidade de maiores aportes em inovação. "O Brasil aprendeu a fazer dinheiro virar pesquisa; agora precisa fazer pesquisa virar dinheiro", afirmou.
Fonte: Valor Econômico
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