César Felício e Raquel Ulhoa
BRASILIA - A cúpula do PMDB pode condicionar a formação de palanques regionais para apoiar a reeleição da presidente Dilma Rousseff ao resultado da reforma ministerial que a presidente está fazendo. O partido, que hoje conta com cinco pastas, aceita a indicação de técnicos para o lugar dos dois ministros que estão se desincompatibilizando, Antonio Andrade (Agricultura) e Gastão Vieira (Turismo), ambos deputados federais, mas procura influir na escolha, sobretudo na pasta comandada hoje por Andrade. No Ministério da Agricultura, para o qual está cotado o assessor Enio Marques Pereira, são sugestões partidárias o secretário de Política Agrícola, Neri Gueler, que é do Mato Grosso, e a secretária de Desenvolvimento Agrário do Mato Grosso do Sul, Tereza Cristina da Costa Dias.
De acordo com o presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), ainda não está descartado o deputado federal Silas Brasileiro, caso Dilma opte por uma solução que consolide o palanque regional em torno do petista Fernando Pimentel para governador. Silas Brasileiro poderia entrar assim em uma lógica de composição estadual, mas não representando a bancada federal do partido na Câmara, que resolveu não apresentar nomes para o ministério.
Para Raupp, a conclusão da reforma ministerial, em que, em suas palavras o partido está exercendo "desapego" em relação aos cargos, ficará longe de pacificar a relação entre PT e PMDB. "Só temos alianças consolidadas no plano regional no Distrito Federal, Pará e Amazonas. Já está resolvido que não haverá aliança na Bahia, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro. Ceará, Goiás e Acre estão ameaçando se juntar a este segundo grupo. Na maioria dos Estados o cenário está aberto e não há discussão", disse o senador.
"Ligar a questão do ministério a das coligações estaduais é um entrelaçamento natural. Ficar sem ministério agora deve fazer a bancada cair. Em Goiás, podemos nos ligar ao PSB. Já não contamos com o PT por lá e não temos como apoiar o PSDB", disse o deputado federal Sandro Mabel (GO). O PMDB local lançou o empresário Júnior da Friboi para o governo estadual. O pré-candidato do PSB à Presidência, o governador pernambucano Eduardo Campos, já tem candidato local, o ex-prefeito de Senador Canedo Vanderlan Cardoso, mas Mabel disse que a composição é possível, desde que Campos aceite o PMDB como cabeça de chapa.
O PMDB ainda controla o ministério da Previdência e o de Minas e Energia, com os senadores Garibaldi Alves Filho (RN) e Edison Lobão (MA). O maranhense não irá se desincompatibilizar, mas a candidatura de Garibaldi no Rio Grande do Norte não está descartada: ele lidera as pesquisas locais de intenção de voto e a aliada regional de Alves, a governadora Rosalba Ciarlini, enfrenta problemas de popularidade, além de ser filiada ao oposicionista DEM.
Na tarde de ontem, estava programada uma reunião entre o vice-presidente Michel Temer e a presidente Dilma Rousseff para discutir a reforma ministerial. O encontro poderia levar a uma reunião da cúpula pemedebista ainda na noite de ontem. A reunião entre Temer e Dilma era uma reivindicação do PMDB, levada ao ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, por parlamentares pemedebistas. Lideranças do partido ameaçam trabalhar contra a manutenção da aliança para a eleição presidencial na convenção nacional do partido. Em uma situação limite, o partido poderia ficar sem candidato a presidente, como ocorreu na eleição presidencial de 1998. A possibilidade foi abertamente mencionada pelo líder da bancada pemedebista no Senado, Eunício Oliveira (CE), à imprensa do Ceará. Eunício tenta viabilizar sua candidatura no Estado, e não tem o apoio do PT, vinculado ao governador Cid Gomes (Pros).
Fonte: Valor Econômico
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