- Folha de S. Paulo
Lula e Dilma saíram do torpor e da perplexidade diante do clima negativo e da consequente queda das pesquisas e partiram para a briga. E eles são bons de briga.
Em 2006, quando Alckmin chegou com todo gás ao fim do primeiro turno, Lula reuniu a tropa, os marqueteiros decidiram apelar e o segundo turno foi um vareio.
É o que tentam repetir. Lula fala pelos cotovelos sobre qualquer coisa, ganhando um espaço, sobretudo na internet, como nunca antes neste país um ex-presidente teve.
Dilma viaja num dia, janta com jornalistas no outro, desandou a falar e escrever, acelerou as solenidades para anunciar verbas. E os marqueteiros voltaram a apelar.
Desde as quedas, Dilma já fez pronunciamento "gratuito", ganhou as manchetes com um mero pré-lançamento de sua candidatura, estrelou o programa do PT na TV, está no ar de manhã, de tarde e de noite. Até ensinando que os turistas estrangeiros não vão levar na mala aeroportos e viadutos, mas o "calor" do povo brasileiro. É um reconhecimento de que está tudo atrasado e desengonçado, e daí?
Enquanto isso, qual o espaço de Aécio Neves e de Eduardo Campos? Eles se esgoelam para mendigar um segundo daqui, quatro linhas dali. E, quando Aécio consegue uma mísera manchete, depois de longa abstinência, há uma enxurrada de cartas de "independentes" para constranger o jornal.
Depois de estancar a queda, pois, Dilma deve voltar a subir. Na marra. Não significa, porém, que a eleição será fácil. Ela vinha caindo em todas as faixas, enfrenta dissidências no PMDB, no PP, no PSD. E só não vê que a população está insatisfeita e desconfortável quem não quer.
Irado, Lula abandonou o "paz e amor" e reencarnou o líder sindical no ataque. O risco é ele e Dilma perderem os votos não petistas e voltarem ao piso histórico do PT --que, como Lula sabe melhor que ninguém, é insuficiente para ganhar eleições.
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