• Pré-candidata a vice-presidência afirmou que eleições não podem ser feitas na base do ‘toma lá-dá-cá’
Luiza Damé – O Globo
BRASÍLIA - Na abertura do 1o. Congresso da Rede Sustentabilidade, neste sábado, a ex-senadora e ex-ministra Marina Silva, pré-candidata a vice-presidente na chapa do PSB, defendeu a composição partidária para governar mas atacou o aparelhamento do Estado e as coligações para aumentar o tempo de televisão dos candidatos. Criticando o “atraso na política”, Marina disse que as alianças partidárias precisam ser construídas com base em propostas de governo.
- Não é errado governar compondo com outros partidos. Ninguém governa sozinho, mas não pode ser em nome de um pedaço do Estado para chamar de seu. Tem de ser com o compromisso de implementar um programa. Nas democracias desenvolvidas é assim que acontece: quem é convidado para compor um governo vai lá para implementar uma agenda de educação, de energia limpa, do que for, mas é uma composição de ideias. Se conseguirmos fazer isso no Brasil, a gente dá a grande contribuição que precisamos para não perder o que ganhamos e para encarar os desafios que ainda não enfrentamos - afirmou.
Segundo Marina, o apoio da Rede ao PSB “não acrescenta para o candidato um segundo de televisão”, mas se baseia em compromissos programáticos. Ela não citou nomes de políticos nem de partidos, mas a crítica se dirige tanto ao PT como ao PSDB que disputam o apoio de legendas menores para aumentar o tempo de propaganda eleitoral. O PP, por exemplo, é disputado por petistas e tucanos.
Em um discurso de menos de 20 minutos, ela disse que a Rede não tem registro, mas é um partido de fato, como base espalhada por todo o país e propostas para "renovar a política brasileira". Para ela, a renovação nas instituições políticas é uma demanda do mundo inteiro.
- O futuro e o presente estão ameaçados pelo atraso na política. O atraso na política tem de ser vencido por todos nós. A renovação não pode ser só da rede. Eu espero que se renovem todos os partidos que tenham uma visão democrática do processo político para que compreendam o que esse novo sujeito político está nos dizendo, e nós os políticos não os representamos - afirmou.
A Rede está reunida em Brasília, neste fim de semana, para discutir as eleições de outubro e a organização do partido, eleger o novo Diretório Nacional e homologar suas candidaturas. Neste sábado, os delegados, após debater a conjuntura nacional, vão homologar a pré-candidatura de Marina a vice-presidente, na chapa do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos. No domingo, está programa a escolha da nova direção nacional e a homologação das demais candidaturas.
Candidata ao Senado pelo PSN da Bahia, a ex-ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), também defendeu mudanças nas instituições políticas. Sem citar nomes, ela afirmou que o Poder hoje é tomado por “aproveitadores” que não representam a sociedade brasileira.
- Estamos tomando os espaços que nos foram tirados por quem está no poder, mas não têm qualidade para nos representar. Aproveitadores que não estão fazendo a política para o povo brasileiro. Temos de retomar esses espaços públicos tomados por pessoas inadequadas. Pode ser até que não cheguemos lá, mas estamos mostrando o caminho. Não não é possível que as eleições sejam feitas na base do toma lá-dá-cá e de dinheiro que sai dos cofres públicos - afirmou Eliana, acrescentando que a legislação eleitoral dificulta o acesso dos novos à política:
- É uma legislação absolutamente feita para que as coisas não aconteçam em termos de renovação.
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