- Folha de S. Paulo
Uma das eleições mais eletrizantes do país é em Pernambuco, onde há uma guerra transcendental: entre o ex-governador e grande líder local Eduardo Campos, morto em 13 de agosto, e o ex-presidente e grande líder nacional Luiz Inácio Lula da Silva, pernambucano de nascimento e vivíssimo em múltiplos sentidos.
Essa disputa entre um morto e um ícone está empatada, mas com duas trajetórias diferentes e abaladas pelo grande solavanco de agosto.
Segundo o Ibope, o candidato de Lula, Armando Monteiro (PTB), senador e ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), tinha 43% em julho, caiu 11 pontos, recuperou três e está com 35%.
Já o nome lançado por Campos, Paulo Câmara (PSB), economista, servidor do Tribunal de Contas do Estado e ex-secretário da Fazenda, disparou desde a queda do Cessna Citation. Tinha 11% em julho, foi a 29% em agosto e está na liderança, com 39%.
Com esse empate técnico, a viúva de Campos, Renata --que, aliás, demorou para gravar apoio a Marina Silva-- entrou de cabeça a favor do novato Câmara, até para preservar o espólio político para o filho mais velho, João Campos. Ela conta com a liderança da família Arraes, a aura do marido e as últimas eleições.
Em 2012, Lula peitou Campos e perdeu. Geraldo Júlio (PSB) tinha de 5% a 7% em julho, mas levou a Prefeitura de Recife já no primeiro turno, interrompendo 12 anos de gestões petistas. O de Lula, Humberto Costa (PT), amargou o terceiro lugar.
Com aquele ego todo, porém, Lula trata o seu Estado natal como questão de honra e Pernambuco dá ao PT recorde em cima de recorde de votos. Certamente, ele quer garantir a vitória de Monteiro, além de uma estrondosa votação de Dilma ali.
Detalhe: eles eram embolados, uma família. Câmara era aliado de Monteiro, que era ligado a Campos, que era "filho" de Lula. A política e a disputa de poder implodiram a aliança. E o avião a soterrou.
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