• Se a delação de Paulo Roberto Costa equivale à queda de um Boeing carregado de políticos, empresários e funcionários poderosos, imaginem a de seu chefe Alberto Youssef
- O Globo
Quando os estrategistas da campanha de Dilma Rousseff festejavam o efeito devastador dos ataques massivos a Marina Silva, mostrando-a como uma ameaça às conquistas sociais e um salto no escuro, comemoravam o inverso da proposta que levou Lula ao poder: a vitória do medo sobre a esperança.
Mas, no segundo turno, quando o tempo de televisão é igual e os ataques e mentiras podem ser rebatidos no ato e com a mesma força persuasiva, será que os debates cara a cara vão mostrar, sem intermediários, quem é quem e o que quer fazer? Quem será a esperança e quem será o medo? Qual a melhor atriz?
Mas até o dia da eleição muita lama ainda vai rolar. Se a delação premiada de Paulo Roberto Costa equivale à queda de um Boeing carregado de políticos, empresários e funcionários poderosos e intocáveis, imaginem a de seu chefe Alberto Youssef. O medo de uns é a esperança de outros.
Até as grandes empreiteiras estão com medo e, na esperança de redução das acusações e das penas, já se uniram para oferecer sua colaboração nas investigações, mas foram rejeitadas pelo procurador-geral Rodrigo Janot como um "cartel de leniência". Cada uma terá o seu processo.
Pena que as bombas vão explodir depois das eleições, mas, seja quando for, assim como o julgamento público do mensalão, serão altamente educativas para a sociedade, como um antídoto do veneno das campanhas eleitorais, que deseducam e abusam do eleitor.
Em vez de uma polarização entre velhos adversários conhecidos, a eleição vai se tornando um plebiscito sobre o governo Dilma e o PT. E o pior que pode acontecer nesses casos é vitória do "sim" ou do "não" por diferença mínima, que, mais que uma conquista eleitoral, significa que o país está radicalmente dividido, não entre conservadores e progressistas, esquerda e direita, mas pelo marketing politico mais, ou menos, eficiente.
Nesse cenário, haverá esperança que possa vencer o medo que metade do Brasil tem de uma vitória de Marina, ou o medo que a outra metade tem de mais quatro anos de Dilma? Depois da guerra suja, os vencedores serão os melhores marqueteiros, o grande perdedor será o país.
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