Guilherme Serodio e Renata Batista – Valor Econômico
RIO - O governador reeleito do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), enfrenta o desafio de abrigar no novo governo a base de apoio composta por 21 legendas que sustentaram sua candidatura.
Pezão trata o assunto com cuidado e afirma que só montará a nova secretaria na última quinzena de dezembro, mas já sinalizou que poderá abrir espaço para o PSDB e o DEM no governo.
"Vou conversar com todos os partidos, mas não descarto [a entrada do DEM e do PSDB no governo]", diz o governador.
As legendas ficaram na oposição durante os dois mandatos de Sérgio Cabral, de quem Pezão foi vice, mas se aliaram ao PMDB na corrida eleitoral estadual para abrir espaço ao presidenciável derrotado Aécio Neves no palanque governista do Rio, com a criação do movimento batizado de Aezão.
O ex-prefeito da capital Cesar Maia (DEM) e o presidente estadual do PSDB, o deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha, já indicaram que há espaço para diálogo com o governador.
Pezão afirma que vai esperar a definição da bancada governista na Assembleia Legislativa para montar seu secretariado, o que só deve ocorrer "na última quinzena de dezembro". Mas indica que a nova secretaria não terá poucas mudanças: "Quero dar uma mexida boa".
O plano é priorizar os partidos que compuseram sua chapa desde o início da corrida eleitoral.
Sobre o PT, que rompeu com o governo para lançar um candidato próprio na disputa estadual, Pezão não se mostra animado com o diálogo para atrair de volta o partido para sua base.
O PT montou a terceira maior bancada da Assembleia Legislativa, com seis deputados eleitos, está dividido no Estado entre o retorno à base governista, defendido pelo vice-prefeito da capital, Adilson Pires, e pelo prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, ou a manutenção na oposição, proposta encampada pelo presidente regional, Washington Quaquá.
"Nem pensei nisso [conversar com o PT]. Primeiro estou falando com as pessoas que estavam comigo na primeira hora", afirmou Pezão. "Estou estudando e esperando a Assembleia se definir", indicou Pezão.
As mudanças não devem atingir, porém, a pasta da segurança. secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame - cuja saída do governo era dada como certa -, não deixará mais o cargo ao fim do mandato, em dezembro. Desde que Pezão assumiu o governo, em abril, Beltrame tem dito que sua permanência na pasta não é certa. A posição do secretário sempre foi respeitada por Pezão, mas a substituição prejudicaria a imagem do governo junto à população.
"Estou pedindo muito. Acho que sim [que ele fica]", afirmou o governador, que já comparou a chefia da pasta a "um moedor de carne". "Ele está muito cansado, mas falei para ele descansar e voltar renovado".
As recentes prisões de integrantes da cúpula da Polícia Militar poderiam trazer dificuldades à escolha de um sucessor na pasta. Além disso, a permanência de Beltrame trará credibilidade à proposta de Pezão de expandir as Unidades de Politica Pacificadora (UPP) para outras cidades da região metropolitana Niterói, São Gonçalo e cidades da Baixada Fluminense. O objetivo foi anunciado pelo próprio Beltrame em janeiro.
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